[ onde está você ? ]

..Deixa eu te dizer antes que o ônibus parta que você cresceu em mim dum jeito completamente insuspeitado, assim como se você fosse apenas uma semente e eu plantasse você esperando ver nascer uma plantinha qualquer, pequena, rala, uma avenca, talvez samambaia, no máximo uma roseira, é, não estou sendo agressivo não, esperava de você apenas coisas assim, avenca, samambaia, roseira, mas nunca, em nenhum momento essa coisa enorme que me obrigou a abrir todas as janelas, e depois as portas, e pouco a pouco derrubar todas as paredes e arrancar o telhado para que você crescesse livremente, você não cresceria se eu a mantivesse presa num pequeno vaso. - Caio Fernando Abreu -

[ forget about ]

— E você, por que desvia o olhar? (Porque eu tenho medo de altura. Tenho medo de cair para dentro de você. Há nos seus olhos castanhos certos desenhos que me lembram montanhas, cordilheiras vistas do alto, em miniatura. Então, eu desvio os meus olhos para amarra-los em qualquer pedra no chão e me salvar do amor. Mas, hoje, não encontraram pedra. Encontraram flor. E eu me agarrei às pétalas o mais que pude, sem sequer perceber que estava plantada num desses abismos, dentro dos seus olhos.) — Ah. Porque eu sou tímida. Me encanta o olhar que olha sem querer olhar. Seu corpo que se chega perto, sem querer chegar. Os braços, as mãos, os corações que batem apressados juntos, sem querer bater. Que a gente fuja disso, era o que eu queria. Mas te vendo toda semana, falando contigo todos os dias..impossível. Que vontade de te chamar de meu. De dar explicações, de ouvir qualquer coisa parecida com "eu te amo" e não ser de nenhum outro a não ser você. Me perguntam porque não te procuro e falo tudo de uma vez? Depois do que fiz, e senti, escrevi há ainda mais coisas a se falar? Deus, só ele pode me fazer tirar os olhos de você, desviar este amor que me prende em sua vida, em seu destino, que já me faz te sentir meu. Deus, eu quero esquecer. Deus, eu preciso esquecer.

- ha palavras que não precisam ser ditas, nem escritas -

Então, quando você me beijar, vai sentir o gosto da minha escrita, pois a fim de nunca esquecê-las eu trago todas as minhas palavras na ponta da língua. Rita Apoena
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