Para o meu primeiro amor.

Meu amor,

Te escrevo. Quase dez anos depois da primeira vez que te escrevi. Você diz que ainda tem guardadas as minhas cartas, que as lê, vezenquando. Diz que nunca entendeu o porque eu não te quis. E era eu que achava que você não me queria. Te descrevi os meus motivos, que na época – éramos tão novos, doze, treze anos- pareciam fortes. Talvez a gente olhe hoje e não considere assim.

Esta semana que passou andei sonhando contigo. Ao atravessar a rua, pensei ter te visto, era alguém tão parecido. Fico me perguntando porque sua presença é tão viva em minha mente. Quanto tempo faz que não nos falamos? Um ano, quem sabe dois? E foi tão difícil recusar os teus carinhos, recusar o amor que poderíamos ter vivido.

Tua pele tão morena, teus olhos verdes, teus dentes perfeitos, brancos, sua voz, gritando no meu portão, “Te amo”. Ai amor, que saudade daquele tempo, em que amava tão aberto, tão lindo. Te parava na escada, te dizia – que lindo. Declarava meu amor. Que saudade daquele tempo, que depois de teus gols homenagem eu recebia. Que saudade dos teus gritos de incentivo para que eu então fizesse os meus. Que vontade de discutir contigo, de sermos o casal clássico Corinthians X Palmeiras, em plena capital paranaense. Que saudade de ter você. De ter aquele amor.

Nunca mais amei assim. Você casou-se e sei que foi melhor para mim e pra você. Teu filho tem teus olhos, teu sorriso. Você tem me visto, eu não te vi nunca mais. Às vezes te sinto em meio à multidão me olhando. Você diz que sempre chama meu nome, e eu que não te atendo. Talvez porque não reconheça tua voz depois de tanto tempo. E você ainda me chama de amor, meu amor?

Dizem que o primeiro amor a gente nunca esquece. Eu ouso dizer que nunca deixei de sentir.


Luana Gabriela
29/01/2010
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