[ desaprendi ]

"Eu não sei dizer te amo
eu não sei dizer te amo
yo no se hablar
pero yo no se hablar te amo"
Quando era mais nova tinha mania de escrever cartas de amor que sempre terminavam em "Eu te amo". Nunca me escondi, nunca assinei como admiradora secreta, eu amava e queria que todos soubessem a começar pelo amado, terminando na diretora da escola. Isso quando não era invertido, a começar pela professora de português e a terminar pelo amado, mas como sabemos a ordem dos fatores não altera o produto. Eu acabava sofrendo do mesmo jeito. Já me apaixonei pelo vizinho que gostava da minha irmã mais nova, já me apaixonei pelo vizinho que gostava da minha irmã mais velha. Já me apaixonei e escrevi muitas cartas de amor.. já escrevi incontáveis vezes " Eu te amo". Há duas semanas uma questão é minha inquietude. Só me lembro de ter DITO " Eu te amo" apenas uma vez. Foi uma aposta entre amigas da sexta série: - Duvido que você diga pra ele que você ama ele. Até parece que ela não sabia com quem estava falando. Na hora fui procurá-lo, encontrei ele no meio da escada que levava a nossa sala e disse: Eu te amo. Ele me olhou, não falou nada e desceu a escada. Eu corri para a amiga e disse, pronto falei. Isso me levou a pensar em outra coisa: Quantas vezes eu ouvi o " Eu te amo". Que eu me lembre? Uma... exatemente do mesmo cara pra quem eu disse. Foi no meu aniversário de 12 anos. Ele passou de carro na frente do meu condomínio onde eu estava com os meus amigos e gritou da Janela: - Luanaaaaa, Eu te amo! Nove anos depois, eu percebi algo. Ele não acreditou em mim e eu não acreditei nele. Agora casado, com filho, ele ainda guarda as minhas cartas, ele me perguntou o porque de eu não ter o aceitado naquela época... e eu afirmei que quem não me quis foi ele. Com isso eu aprendi que dizer eu te amo não basta.. nós dois dissemos, mas não nos permitirmos sermos amados. Desacreditávamos de nós mesmos: - É mentira dela, ela não pode me amar como diz. - Duvido que ele me ame aposto que é mentira. Escrever não basta, amar não basta, dizer não basta o amor só é realidade quando é vivido. Porque as palavras mentem, o coração é enganoso, mas o olhar, as mãos trêmulas, a cara de quem sonha acordado, o riso nervoso e ansioso no caminho do trabalho, da faculdade ao lembrar dele.. isso não tem como não ser de verdade. Faz quase 9 anos que não me lembro de dizer que amo e nem de ouvir que sou amada. E há 21 eu não vivo o amor. Mesmo quando eu sinto eu não consigo dizer eu resumo meu sentimento em: Eu gosto de você. Soa com desdenho, como se eu dissesse: Eu gosto de chocolate. Eu gosto de rock. Eu gosto de café e eu também gosto de você. Há um anseio dentro de mim, de perder este medo de dizer, de perder este medo de ouvir, há um desejo de repetir a parte boa do meu primeiro amor e fazer diferente para torná-lo o último e eterno amor. Tenho uma vontade guardada dentro do peito de encontrá-lo no meio de uma rua qualquer, de no meio de uma conversa sobre música, literatura, Deus, ou qualquer coisa, dizer: - Eu te amo. E mais tenho guardada uma vontade de amar como da primeira vez. Sem medo.
Luana Gabriela
16/06/2009

[ enquanto isso no msn ]

Luana Gabriela says: Seu jeito de amar é desajeitado. Quem disse que o amor tem de ter uma forma? Tem de ser engomado tipo camisa do passado? Amor é camisa mal passada, calça amarrotada, amor é tudo menos ajeitado. Amar nos deixa desajeitados mesmo quando super bem arrumados.
<< >>