Céu sem Cor

Um dos graves traumas afetivos é a falta de amor pelo amor.
Os pares se amam, mas estão descontentes por amar. Não desejavam estar amando. É um amor contrariado, um amor dissidente. Como uma maldição: Por que foi acontecer comigo logo agora?
Fabrício Carpinejar


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Como se fosse necessário que eu ainda dissesse algo além do meu tradicional Não Quero Falar Disso! Como se meu não querer fosse um querer mal disfarçado , e não é. Como se fosse necessário que meu rosto estivesse molhado para entender que sim, o não é não. Como se ainda tívessemos os três, eu, você e o amor alguma, qualquer, mínima, chance. Como se não fosse esse frio algo típico de quem não ama. E o é. Como se eu precisasse mascarar meu descontentamento com você, comigo, com nós dois, com o vento, com  rua, com a chuva. Como se quem ama não estivesse nem aí pra isso, e não está. Mas eu nunca disse que te amo. Eu nunca mais disse, desde aquele último abril. Hoje faz um ano. Como se restasse em mim alguma alegria de viver. Não resta. Fica a alegria de morrer, porque um dia se morre. E não só por dentro, e não aos poucos - como tem sido cada um desses 365 dias. Mas se morre, assim, de vez, não é que se abre os olhos está morto, é que não se abre mais os olhos. E é escuro de vez.  Não só por dentro. 



Luana Gabriela
08/04/2010
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