Ai

Eu vou falar bem baixo, espero que ele não me ouça. Mas como ele me dói às vezes. E não é uma dor ruim, sofrida, é uma dor de felicidade extrema que eu achei que nunca iria viver. É uma dor que assusta de tão boa. É como a dor de fazer um piercing, uma tatuagem, só que você sente aquela dor, aquela alegria e aquele prazer o tempo todo. Você se sente mais bonito porque é uma dor boa de sentir. Me dói essa vontade de querê-lo para sempre, logo. Esse medo de fazer tudo errado e estragar o que poder ser certo pra sempre. Esse medo de achar que o certo é o errado e estragar nosso futuro. Que medo eu sinto de que isso passe e a gente nem perceba.

Eu me assusto com esse sentir todo que é tão bonito e que vem de mim, que não sou nada bonita por dentro. Me assusta o modo como quero cuidar dele, mesmo que seja eu quem precisa de cuidados. Ai que medo eu sinto de perdê-lo, de me perder de mim, mas afinal quem sou eu de verdade? Aquela cinza antes dele ou essa toda colorida depois dele? Me diz, alguém, quem eu sou afinal? Que felicidade e paz são essas que me invadem mesmo nos dias em que tudo parece dar errado, e mesmo diante do silêncio dele escancarado, a lembrança do sorriso e do tempo ao lado dele que passa tão rápido, me acalmam o coração: Nessas horas lembre-se que eu te amo, foi o que ele me recomendou. Remédio. Cura. Exceção. Esse amor dosado, que eu finjo ter escolhido, esse amor que é de verdade, que não é inventado, que me reinventa, que é minha verdade mais contraditória, que é a dor que mais me faz feliz. Esse amor que eu sinto que é a coisa que eu mais gosto em mim. Ai esse amor que me tira as palavras, que me enche de silêncios doces, que me encanta e que me deixa encantada. Ai esse amor, ai de mim. Ai que dor boa de sentir, o peito apertado o amor querendo sair... Ai, eu suspiro baixinho ...

Luana Gabriela
08/2010

Tempo

Com o tempo. Com o tempo vais perceber minhas manias nada bonitas de ignorar pessoas. Com o tempo vais entender essa carência toda que você diz ser excessiva. Com o tempo vais decorar a textura da minha pele, a temperatura do meu corpo, os meus dias de tpm. Com o tempo vou decorar o número do seu celular, do seu apartamento, do seu sapato. Com o tempo vais entender o meu vício pelo café, e pela tua voz. Com o tempo serás capaz de identificar pelo "Oi" ao telefone que sorriso abri ao te atender: sorriso feliz ou sorriso de saudade. Com o tempo vais perceber que o abraço da chegada é mais largo e rápido que o abraço da partida que é bem mais apertado e longo. Com o tempo vais perceber que não tenho a mania de usar o "Eu te amo" como "tchau" a cada email ou telefonema, e nem por isso te amo menos. Na verdade vais perceber que é na distância que te amo mais, porque meu amor vive das nossas lembraças, de quatro anos atrás ou do último encontro. Você diz que ama mais, eu te respondo com um beijo. Eu te deixo amar mais porque sei que posso amar menos, mas amo exatamente com tudo que tenho.

Eu quero, com o tempo, modelar meu corpo ao teu abraço, o meu ouvido ao teu chamado, o meu coração ao amor que você me dá. Com o tempo vais sentir meu cheiro em tua blusa, exatamente como agora acontece comigo. Vais descobrir meu prato favorito, minha banda favorita, meus autores favoritos. Com o tempo vais descobrir qual de você eu prefiro em qual dia, o bobo, o racional, o apaixonado, o pai, o amigo, ou todos eles juntos.

Tens todo tempo do mundo. Para descobrir todas as pequenas coisas sobre mim. Para entender o meu ritual para escolher o esmalte, o sapato, o perfume. Para entender minha mania de comprar bolsas, perfumes, maquiagens. Para entender minha mania de comprar só os livros que já li. Para entender a minha falta de sonhos, os meus pequenos desejos, o meu sono que some de madrugada e volta logo ao amanhecer. Eu te dou o tempo que precisar, mas não quero que descubra tudo. É por isso que mudo, um pouquinho por você, um pouquinho com você. E eu tenho todo o tempo do mundo para descobrir algo a mais para amar em você e reconhecer suas pequenas mudanças, que nem você mesmo vê. São tão pequenas e tão importantes, que me descubro, como você disse estes dias, te amando 30 vezes mais que há um mês atrás.

Luana Gabriela

Sweet cherry ...

It's all right, baby blue,

gostaria de te falar sobre detalhes técnicos da minha vida, sobre minhas recorrentes crises existenciais e sobre tua chegada. assim você decide se meu lado nonsense te convence. já que você resolveu viver na minha vida, você precisa saber que eu sou inconstante. do tipo que muda quando é lua cheia sabe? e eu vivo confusa, sem saber direito que decisões deveria tomar sobre coisas sérias, e também sobre coisinhas muito bobas. sei que posso te deixar confuso às vezes quando começo a falar feito uma esquizofrênica sobre minhas ansiedades, mas com o tempo você vai entender, ou não. é que já fui pequena e grande, fui lá onde acham que é o topo da alegria, fechei o olho e pulei, e adivinha?poft! depois disso parei no tempo enquanto o mundo girava, e quando dei por mim, eu já havia me perdido de sonhos que eu trazia comigo há muito tempo. andei por caminhos tortos, e toda vez que dava um passo, o mundo parecia mudar de lugar, tornando tudo mais longe de mim. nesse caminho aprendi que ser feliz não é coisa à toa, e que ser dois não é só um mais um. mas tive mais certeza ainda que ser sozinha é muito difícil, e não tava rolando pra mim sabe? admito que por um tempo foi divertido bancar a solteira independente, que não se envolve e nem se deixa levar por sentimentos baratos, mas quase sempre eu me sentia um fraude ambulante, vivendo uma farsa. porque a verdade é que eu sozinha por muito tempo, fico chorosa, e eu triste, não sirvo de companhia nem pra um cachorro pulguento. mas aí tu chegou mansinho, bem como eu acho que deve ser. pra mim né. tu completou sem invadir. confortou sem sufocar. tu chegou como uma cor clara, um tom nude, e foi colorindo até virar uma profusão de cores, matizes e tons. tudo ao mesmo tempo, colorindo minha vida. tu não chegou de um jeito devastador, como uma luz forte furta-cor me cegando, me confundindo toda, e sabe, há long long long time eu esperava algo assim. namoro na sala, amor com calma, com cor, música, cafuné, beijo e paz.
 
************************
 
O texto diz e-xa-ta-men-te o que eu quero dizer, mas não é meu! É da querida Luna do Baila Comigo? que junto com a Fê Bellusci tem um plano para dominar minha mente!  ;)
 
Quase 200 seguidores, pra você que segue e lê Obrigada, pra você que segue e não lê (não vou escrever nada) e pra você que me lê, mas não me segue Obrigada também!
Bjos
 
 
 

Você sabe a diferença?

Queria um amor confortável.
Ganhou um amor cômodo.

Luana Gabriela
08/2010

Você sabe a diferença?

Queria um amor confortável.
Ganhou um amor cômodo.

Luana Gabriela
08/2010

Conto de fadas?

Nunca acreditei em príncipe encantado. Nem em princesa. Acredito em homem encantado. Acredito em homem encantador. Aquele que pega em sua mão e te guia com a segurança que nem seu pai foi capaz de te dar um dia. Aquele que acha você linda, mesmo com a calça de moletom e sem maquiagem. Aquele que não se esforça pra te agradar, ele te agrada naturalmente. Aquele que te proporciona o silêncio da paz e não o silêncio incômodo, que criticou Quintana. Aquele que não repara no cabelo, na sobrancelha. Aquele que repara na unha, porque beija suas mãos, aquele que repara nos cílios porque beija seus olhos. Aquele que te abraça inteira, te prende com um olhar. Aquele que faz você amá-lo até os dentes, mesmo sendo diferente do seu projeto de príncipe encantado. Aquele que te liga só pra dizer que te ama. Aquele que te permite ficar só, ficar com seu amigos, pra poder sentir sua falta e que vem pra você correndo só pra matar a saudade. Aquele que decora seu cheiro, as formas do teu rosto. Aquele que ocupa teu lado esquerdo, do lado de fora e do lado de dentro. Aquele que te encantou, que te fez encantadora.

Este sim é o príncipe que toda mulher deve querer. Claro, um exemplar deste homem não se encontra em qualquer esquina. Mas derrepente você pode encontrar na fila do pão, na fila do cinema. Naquele show que você foi praticamente obrigada. Na cadeira ao lado, na faculdade. Na mesa ao lado, no trabalho. Mas para reconhecê-lo é preciso estar bem atenta ele estará disfarçado de : o-homem-que-definitivamente-não-combina-com-você. Também é preciso ser paciente porque é aos poucos que ele vai revelando seu encanto. Porque também é aos poucos que você vai se despindo da sua fantasia de mulher-perfeita-que-nunca-daria-moral-pra-ele, e vai revelando a sua real personalidade: a-mulher-perfeita-pra-ele. Cuidado, pode ser na próxima esquina que vocês se encontrem. Ou talvez ele já esteja disfarçado de seu melhor amigo.

Luana Gabriela
08/2010

"Esta vida é uma viagem pena eu estar só de passagem" Paulo Leminski

Um poeta morre e deixa os versos que compôs, como já poetizou Cecília Meireles. Mas também deixa seu dom espalhado à pele daqueles a quem abraçou e nas veias daqueles que nasceram de uma parte dele.

Solange Leminski lança neste mês de agosto a obra Gerações Leminski. O lançamento faz parte de uma série de atividades para comemorar o aniversário do poeta Paulo Leminski, celebrado no dia 24 de agosto.

Segundo Solange, prima de Paulo, a ideia de reunir escritos da família em um livro surgiu a partir de uma conversa com sócios da editora TodaPalavra. “Resolvemos fazer uma homenagem aos 20 anos sem Paulo Leminski, e como estava em minhas mãos poemas da tia e do pai do Leminski datados de 1928 e 1930, mais os poemas inéditos da Estrela Leminski e os meus poemas engavetados, surgiu a ideia dessa produção e, começamos então a procurar parceria com o Consulado Polonês de Curitiba”, conta.

Conhecido por seu jeito irreverente e direto Paulo criou um estilo. Assim como “djavanear” e “cateanear”, a expressão “leminskiano”. “Ser Leminskiano é extrapolar os limites da poesia e trazer para o nosso universo um dizer próprio sobre o mundo, como se Leminski dissesse em cada poema que todos nós podemos, se quisermos, sermos poeta”, explica Solange.

Ela ainda conta que as próximas edições do livro podem ter novidade. “Podemos inserir mais membros da família que também escrevem”.

O livro pode ser encontrado nas Livrarias Curitiba e na livraria Letras mega store.

Leia trecho de apresentação do livro:

" O artista é inquieto,é curioso e , de certa forma, corajoso ao expressar os seus sentimentos. As mesmas três características são próprias do imigrante. É preciso ter muita inquietude ao pensar no abandono de todo conhecido para começar uma nova vida no outro lado do oceano. É preciso ainda mais coragem para realizar essa ideia. Graças a Deus, o destino favorece os ousados, porque são eles que mudam o mundo,

Assim o coração de polaco que evocava o Paulo Leminski nos permite tratá-lo como compatriota mesmo que escrevesse somente na língua portuguesa. Também esse Leminski compartilhado está refletido na sua poesia e, sem dúvida ; é uma das suas características mais preciosas.

Com certeza Solange Leminski não fecha o livro artístico de sua família, e no futuro vamos ter ainda mais contribuição da família Leminski na expressão artística brasileira enriquecida pela alma polonesa dos antepassados."
(Dorota Joanna Barys , Cônsul Geral da República da Polônia em Curitiba )

Ainda em homenagem ao poeta e músico, a Livrarais Curitiba realiza Ciclo de Música apresentando canções e histórias do artista.
Para saber mais acesse o site: www.livrariascuritiba.com.br



Solange uma das autoras do livro Gerações Leminski

Livro reúne escritos de vários familiares de Paulo Leminski

Solidão a dois

Se é para ficar só - com minha própria companhia
mesmo quando tudo que eu preciso é da tua
eu prefiro não ter companhia alguma para desejar.

Luana Gabriela
14/08/2010

Solidão a dois

Se é para ficar só - com minha própria companhia
mesmo quando tudo que eu preciso é da tua
eu prefiro não ter companhia alguma para desejar.

Luana Gabriela
14/08/2010

O amor dele suspira de saudade o meu transpira ausência

Todo amor encontra obstáculos. Ele derrubou os que existiam em mim, eu criei os que ele não tinha. Eu ficava em silêncio, enquanto ele falava tudo. Agora eu falo tudo e tenho o silêncio como resposta. O meu silêncio vinha da dúvida, tenho medo que o dele também. O que aliás é bem provável. Parei de dizer o que sinto. Passei a dizer o que quero. E é sempre ele. Ele no domingo, no sofá, para o café na tarde, na hora do jogo, na hora de ler, na hora de escrever, comer e dormir. Tanto querer o assustou, o querer dele me conquistou. Meu silêncio o fez me querer, as palavras dele me fizeram querê-lo. Com a situação invertida o processo será inverso. O problema é ele não perceber. Eu falando porque ele disse: fale tudo. Ao invés me sufocar no que não digo, me afogo em tudo que há pra dizer e digo. Não há amor sem palavras, ainda que amor seja provado mesmo em ações. Não são grandes as coisas que se espera.  Mas a ruptura de algumas barreiras. Pra valer apena sair da zona de conforto em que eu estava: o amor era uma mentira. "O teu amor é uma mentira que a minha vaidade quer e o meu poesia de cego você não pode ver", foi o que eu cantei. Ele respondeu com "Exagerado, jogado aos teus pés, ... adoro um amor inventado". Não poderia ser diferente eu amo romances e ele cinema, uma história inventada para dois personagens criados. Eu desenhei nele a quase perfeição na imperfeição, ele desenhou em mim a perfeição, e me encontrou imperfeita. Está difícil. Por mais que eu diga. Ainda não é tudo, não costumo dialogar com o silêncio, a casa vazia faz minha voz tremida ecoar em todos os cômodos, meu coração é uma casa quase vazia, nesses dias em que o tenho longe.  Não sei amar contidamente, não sei amar. Aquela coisa de separar, de ser independente, de ter meu espaço, era discurso. Quero que ele ocupe todos os espaços, que jogue fora meus compromissos, para me levar ao teatro numa segunda-feira, ao café na quinta, a ferinha no domingo. Quero que os lábios dele descolem meus cílios grudados depois do choro. Quero esquentar minha mão nas mãos dele. Quero dedilhar o rosto dele, compor uma melodia com os suspiros depois do beijo, compor uma letra só com versos sobre o quanto ele é meu e eu sou dele. Mesmo que às vezes eu não sinta assim. Eu queria ele aqui agora. A voz fazendo morada em meu ouvido. Os braços como travesseiro. Mas ele não me ouve. Eu grito, sussurro e faço silêncio. Ele não me ouve de nenhum jeito. Quem sabe quando eu disser: Não quero mais! Ele me ouça, quem sabe nem assim, na verdade é o que eu espero. Que ele leia não o que eu escrevo, mas aquilo que ainda não li nem em mim, que ele declame versos desconexos, ele não precisa rimar. Ele é minha rima. Ele é a letra que faz todas as outras letras do alfabeto rimarem com "eu". Eu amo. Eu beijo. Eu cumplicidade. Eu dedicação. Eu escolha. Eu força. Eu gosto. Eu humildade. Eu irradio. Eu melosa. Eu nova. Eu orgulhosa. Eu perdida. Eu quero. Eu rimando. Eu surpresa. Eu T. Eu (uuuu!) Eu você. Eu xiando. Eu (zzz). Eu e ele. Ele me leva do amor à raiva em segundos. Da certeza de que não quero mais à certeza de que quero pra sempre. Difícil. Eu o afasto e o puxo, não sei definir se o melhor é ele distante ou perto. Decidir é ainda pior: se quando ele se afastar eu não sentir falta, mas se ele ficar perto eu não querer mais ir embora? Não era assim que eu queria. Eu queria a certeza. O silêncio de cumplicidade não de dúvida. A mão dada pra guiar não por medo de afastar. O beijo depois do Eu te amo. Não o contrário. Não era assim essa distância que às vezes me mata, mas que ele acredita fazer viver nosso amor. Nenhum amor morre com a presença, morre na ausência. Eu disse, ele não ouviu. Meu amor mau nasceu e está na U.T.I. Só respira pela boca dele.

Luana Gabriela
14/08/2010

O que não se viveu ou o que se viveu só na superfície

Eu queria teu abraço, eu queria teu colo. Eu queria tua risada com teus olhos pequeninos na minha frente agora. Eu te queria. Aliás, tempo verbal incorreto. Eu te quero. Eu repito: eu sempre te quis pra mim.


Achei mesmo que depois de nossa última tentativa, anos atrás, o que tinha ficado era uma amizade sem tamanho. Mas o que não cabe em mim é essa paixão que guardo, num canto qualquer do que restou do meu coração. Como sei? Eu só sei.

Eu só sei que não pergunto dos teus casos, como também não te conto há tempo dos meus. Não te pergunto por medo das respostas e não te conto por medo das perguntas. Mesmo sabendo que você nunca foi meu, tenho medo de te perder. Tenho da gente se perder, cada um pra um lado. Porque eu não me importaria de me perder se fosse pra te encontar, ou de me perder com você, pra encontrar o nós que um dia fomos, no passado. Mas há alguém tirando o melhor de mim e não é você.


Não é em teu ombro que adormeço, não é em teu abraço que me aqueço, não é em ti que me escondo quando está muito escuro, e eu tenho medo. Não é teu perfume que cheiro, nem teu nome que acordada eu chamo. Mas em sonhos, é você que eu beijo, é você que eu amo.

Quero prolongar a vogal da nossa história, quero ampliar nossas tardes de café, quero segurar tua mão, prender tua respiração, pegar teu coração pra mim. Embora eu saiba que te ti eu tenho quase tudo, é esse quase que me mata, porque quase tudo que tenho também é teu. Quase.


Nessa verdade a gente se esconde, nunca falando do que aconteceu. Você disse que se arrependia pela demora, eu espero o dia em que reconheceremos: Perdemos mesmo muito tempo.

Aliás perdemos ambos aquela aposta. O amor venceu o tempo e a distância. Porque meu amor ainda é teu. Porque o que não vivemos é sempre perfeito. O problema, meu lindo, é que o que vivemos também foi perfeito. Como teu sorriso, como meu corpo encaixado entre teus braços.

Luana Gabriela
09/08/2010

Paris de Cartier Bresson e Eduardo Macarios

Foto integra exposição em Curitiba

A capital francesa é tema de muitas obras artísticas. Incontáveis fotos ficaram famosas retratando cenas da cidade, por exemplo. Mesmo assim, parece que há sempre algum detalhe, algum momento ainda não havia sido registrado. Alguns destes instantes podem ser vistos na exposição Paris, do fotógrafo curitibano Eduardo Macarios, que tem como tema o cotidiano parisiense.

Eduardo conta que começou a se interessar por fotografia durante uma viagem que fez à Austrália. “Antes de ir ganhei uma câmera digital dessas de turista, bem simples. E usei para registrar tudo que via! Acho que foi a primeira coisa que realmente me interessei. Quando vi, já estava pesquisando sobre técnicas, fotógrafos... eu tentava fazer as mesmas fotos que via em livros e na internet”. 
Eduardo inspirou-se em obras literárias
A exposição fica aberta até o fim deste mês na Livrarias Curitiba do Shopping Estação, e é a segunda exposição individual do fotógrafo. “Já participei também de uma coletiva em Bournemouth na Inglaterra, e outras duas em Curitiba”, relata. Em Paris é possível ver captadas pelas lentes da câmera o sentimento de cada momento retratado. “As fotografias que escolhi para essa exposição são da última vez que estive lá, em 2009. Foram apenas 4 dias. Antes disso, estive lá outras duas vezes, mas foi a primeira vez no verão. A experiência é outra”, lembra-se o fotógrafo.

As fotos são baseadas em obras literárias. Ele explica como surgiu a ideia: "Foi meio por acaso. Tenho o costume de ler algo de um escritor local ou algo que se passe na cidade onde estou. Nessa última viagem fui à famosa livraria Shakespeare and Company. Saí de lá com o livro "A Movable Feast", de Ernest Hemingway. Nesse livro ele conta como eram os dias em que morava lá, o que fazia e aonde gostava de ir por exemplo. Usei esse livro para me guiar por uma Paris de 50 anos atrás”, confessa.

De início Eduardo escolheu três autores para inspirar seu trabalho: Ernest Hemingway em Movable Feast, Jack Kerouac em "Satori" in Paris e George Orwell em "Down and Out in Paris and London". “Gosto do estilo de escrever do Kerouac, por exemplo, o fluxo de consciência. É mais ou menos como eu fotografo. Talvez porque eles frequentavam lugares que hoje estão fora da rota "turística". Orwell foi praticamente um miserável em Paris, Kerouac estava quase sempre bêbado, de café em café. Já Hemingway conta dos passeios pela Ile St. Louis”,entusiasma-se.

De acordo com Eduardo, o processo de trabalho foi natural. “O que eu lia a noite no quarto do hotel, eu via nas ruas durante o dia. Os garçons dos cafés, senhores nas ruas em Montmartre carregando uma baguete e jornal, bêbados elegantes na madrugada, jovens artistas... são personagens desses livros que passei a ver no dia a dia em Paris, quase 60 anos depois”,conta.

Sobre possíveis semelhanças entre a capital francesa e a capital paranaense, Eduardo acredita que existem muitas. “Curitiba é um grande centro urbano cheio de personagens e acontecimentos, e isso é o objeto do meu estudo. É a relação das pessoas com o espaço público”. Ele ainda destaca algumas diferenças. “Talvez Curitiba não tenha o mesmo "charme" de Paris, se dá para dizer assim. Pra mim outra diferença é o aspecto cultural. Curitiba tem seus movimentos e seus modismos, mas parece que nada é levado a sério. Há poucos espaços de qualidade para se expor, por exemplo, e quase não há incentivo”, aponta.

Eduardo diz ainda que está focado em seu trabalho comercial. O fotógrafo realiza o registro de casamentos. “Trabalho com fotografia de casamento, basicamente, atuo da mesma forma que atuo nas ruas. Fotografo as pessoas, os noivos e convidados de forma espontânea e natural. É como documentar a história daquele dia”, anima-se.

Conheça mais o trabalho de Eduardo Macarios: Andante – livro resultado de um trabalho fotográfico em várias outras cidades do mundo.

Quem deseja entrar em contato com Eduardo pode acessar o site -www.eduardomacarios.com.br, enviar um email - eduardo@eduardomacarios.com.br. E aos mais ligados em redes sociais ele avisa: Também estou no twitter:  @macarios.



Trecho de uma das obras que inspirou Eduardo


 Serviço:

Exposição: Paris
Local: Livrarias Curitiba Shopping Estação
Data: de 1 a 31 de agosto




Redação: Luana Gabriela
Fotos: Eduardo Macarios e divulgação

Gramática

Contidamente é advérbio de modo que não combina com o verbo amar e nem com o sujeito Eu.


Luana Gabriela
08/08/2010

Gramática

Contidamente é advérbio de modo que não combina com o verbo amar e nem com o sujeito Eu.


Luana Gabriela
08/08/2010

Se essa rua, se essa rua fosse minha...

Não acredito em amor à distância. Muito menos numa distância não física, mas emocional. Amor é envolvimento. Que não se confunda com falta de privacidade. Não é preciso trocar as senhas – passo as minhas; ele as deles – é preciso trocar confidências. Não é preciso substituir amigos, mas talvez adiar compromissos. Não é preciso ligar de 15 em 15 minutos, mas uma mensagem de boa noite pode embalar um sonho a dois. Não sei amar sem ser criança e criança reivindica especialmente pelo choro, atenção e presença. Olho dois adultos namorando, sempre parecem adolescentes. Porque o amor é a melhor “tecnologia” anti-idade que conheço. A que se respeitar as faixas etárias, mas quero um amor que me permita ser criança. Para me lambuzar de doce, para que eu volte a fazer manha “Quero aquele”, e aquele ser ele. Amor distante só o de pai e amigos. Não sei explicar a diferença, mas talvez seja mesmo uma coisa mais física que emocional. Talvez alguns truques como perfume dele no travesseiro me ajudem a superar a distância, essa confortável distância que ele insiste em considerar amor maduro. Amor maduro só depois de 25 anos de casado e olhe lá. Conheço casais que estão juntos há 15 anos e ainda têm brigas por coisas tão bobas, mas também guardam o brilho no olhar como o dos pequenos ao visitar uma loja de brinquedos. Amor tem que ser divertido, o que não quer dizer que tem de ser brincadeira. Respeitemos o tempo. Tudo cresce, amadurece. Mas não tem de endurecer. Não consigo. Confesso. Ou amoleço o coração e me permito amar com a irresponsabilidade pura da criança ou endureço e perco a ternura. Um frio. O Sol se escondeu. O calor das mãos dele não pode derreter o gelo que aqui dentro está. Porque essa substância dura e gelada, não é gelo para derreter, é concreto. Para derrubá-lo é preciso bater e isso dói. Não sei se quero me livrar; não sei se vale a pena. Esse medo todo é prova da minha maturidade. Afinal, criança não é covarde até que se machuca, fica roxa e cheia de cicatriz.



Luana Gabriela
05/08/2010

Janela Fechada, pois está frio

Onde havia amor, concreto.
Onde havia afeto, dor.
Onde havia a lembraça do beijo, reverbera a ofensa.
Onde havia esperança, realidade.
Onde havia a inocência infantil, a descreça da maturidade.
Onde houve um pouco de entrega, muros.
Onde havia você, vazio.
Onde havia teu cheiro, fumaça.
Onde havia teu braço, travesseiro.
Onde havia teus olhos, espelho.
Onde havia nós, ficou só eu.
Onde havia uma escolha por te amar,
reina uma escolha nova, você fica na memória e só.

Luana Gabriela
05/08/2010

Palavras

Depois das primeiras ofensas
Nenhum "Eu te amo" soará tão bonito.

Luana Gabriela
05/08/2010

Palavras

Depois das primeiras ofensas
Nenhum "Eu te amo" soará tão bonito.

Luana Gabriela
05/08/2010

Bienal do Livro: Uma Oportunidade para quem gosta de leitura crescer e para quem não gosta descobrir



No primeiro semestre do ano Curitiba respira cultura. Em janeiro, recebe a Oficina de Música; em março, o Festival de Teatro. Mas apesar das feiras de livros, distribuídas ao longo do ano, faltava mesmo um evento de grande porte na área literária. Faltava. Já está confirmada a primeira edição da Bienal do Livro do Paraná.


Segundo Rogério Pereira, idealizador do jornal literário Rascunho e curador do Café Literário, a Bienal é uma oportunidade para fomentar o hábito da leitura entre os curitibanos. “Todo evento, cujo protagonista é o livro, tem o nobre objetivo de incentivar a leitura. A Bienal do Livro do Paraná será um marco em eventos literários em Curitiba”, diz.

Um dos objetivos é proporcionar uma maior aproximação entre leitor e autores e ainda firmar a cidade no circuito literário nacional. “Além de aproximar os leitores dos livros e de importantes nomes da literatura nacional, a Bienal coloca a capital paranaense no mapa dos grandes eventos nacionais”, conta. Rogério também aponta outros benefícios da realização do evento na cidade. “A Bienal movimentará a economia local, criará empregos e abrirá novas perspectivas comerciais para o mercado editorial paranaense”, explica. De acordo com a organização, são esperados 200 mil visitantes durante os de dias do evento.

A Bienal segue exemplos de sucesso, como o das Bienais do Rio de Janeiro, Bahia e Minas Gerais. É o que afirma Tatiana Zaccaro, Gerente do Núcleo Bienal do Livro da Fagga, empresa responsável pela organização e divulgação do evento. “A proposta do evento segue o modelo bem sucedido dessas outras Bienais e conta com uma diversificada programação cultural. Não é um evento que vise apenas o lado comercial. A Bienal do Livro que estamos levando para o Paraná é sim um programa para toda a família, todas as pessoas, com ações voltadas para crianças, jovens e adultos. O objetivo é aproximar o visitante do lúdico e misterioso mundo dos livros e da literatura, incentivando assim o hábito da leitura”, afirma.

Serão ao todo, 60 expositores, cerca de 40 autores e mais de 80 sessões na Programação Cultural. O público terá oportunidade de encontrar seus ídolos e debater literatura no Café Literário. As crianças podem participar do Circo das Letras, o espaço vai proporcionar uma viagem inesquecível ao mundo dos livros, com apresentações diárias para estimular, de maneira lúdica, o prazer de ler. O evento tem um projeto exclusivo: a Visitação Escolar. Tatiana explica: “O projeto permite uma participação especial para estudantes de escolas públicas e particulares. Além da oportunidade de se aproximar do mundo dos livros, estimulando a imaginação”, conta.


Entre os autores que já confirmaram presença estão Cristovão Tezza, José Castello, Márcio Souza e Ana Miranda. A organização do evento ainda aguarda a confirmação de outros autores com destaque em diversos gêneros da literatura nacional. A cena literária local está bem representada, segundo Rogério. “No Café Literário, autores nacionais e paranaenses dividirão os encontros. A curadoria não faz distinção entre autores nacionais e locais. Até porque muitos autores de Curitiba têm grande destaque no cenário nacional. Exemplo: Cristovão Tezza e José Castello. Além disso, todos os mediadores do Café Literário serão jornalistas e escritores curitibanos. A cidade estará muito bem representada durante os 10 dias da Bienal”, explica.

O Jornal Literário Rascunho tem distribuição garantida no evento. “Com certeza, a Bienal e os autores convidados terão atenção especial na edição de outubro do jornal. E ainda, em parceria com a Livrarias Curitiba e a Fundação Cultural de Curitiba, cerca de 3 mil exemplares do Rascunho serão distribuídos durante a Bienal”, conta Rogério.


Além das ações culturais, a feira também vai reunir livrarias, editoras e distribuidoras que comercializam títulos em seus estandes. Entre as empresas que já confirmaram presença estão: Livrarias Curitiba, Senado Federal, Editora Vozes, Barsa Planeta, Edições Paulinas, Editora da Universidade do Paraná, Companhia das Letras, Sextante, Record, Rocco, Editora Minuano, Editora Escala, entre outras.


As editoras estão se programando para realizar lançamentos durantes os dez dia de evento.



Serviço:
Data: 1º a 10 de outubro
Local: Estação Convention Center.
Outras informações: www.bienaldolivrodoparana.com.br

A leitura tem sido foco de diversas ações este ano na capital paranaense, confira matéria sobre as Casas de Leitura e a Estação da Leitura.


Conheça mais sobre o Jornal Literário Rascunho, que este ano comemora 10 anos.


Redação: Luana Gabriela
Ilustração: Divulgação

Quando novembro chegar

Ainda é agosto. Para alguns ainda, para outros já. Mas eu queria mesmo é que fosse novembro. Para ao som de Axl, contemplar a chuva de um quase verão e tantas coisas boas a chegar. Eu que nunca gostei de maio, eu que não gosto de setembro, tenho agora medo de novembro.

Logo eu que sempre o amei. Que a ele dediquei textos enormes, que fico aguardando sua chegada para ver o que me reserva. Logo eu que nasci em dezembro, fico esperando novembro chegar. Sem saber ao certo o que me traz. Já que julho, este sim, me surpreendeu. Julho me trouxe um emprego ótimo, um amor inesperado, um amor por mim, pela vida. Julho me trouxe de volta a mim.

Os ventos de julho me trouxeram à memória o meio abraço, a traição, e o sorriso ao lembrar de tudo isso sem sofrer. Julho me afagou o rosto, me trouxe à boca o gosto de um beijo de amor. Julho me trouxe a memória da palavra amor, cumplicidade, entrega, confiança. Julho foi e não levou nada, a não ser aquela pessoa triste que eu era há 6 meses atrás.



Agosto chega e me lembra Caio F.: “Para atravessar agosto ter um amor seria importante, mas se você não conseguiu, se a vida não deu, ou ele partiu - sem o menor pudor, invente um. Pode ser Natália Lage, Antônio Banderas, Sharon Stone, Robocop, o carteiro, a caixa do banco, o seu dentista. Remoto ou acessível, que você possa pensar nesse amor nas noites de agosto, viajar por ilhas do Pacífico Sul, Grécia, Cancún, ou Miami, ao gosto do freguês. Que se possa sonhar, isso é que conta, com mãos dadas, suspiros, juras, projetos, abraços no convés à luz da lua cheia, brilhos na costa ao longe. E beijos, muitos. Bem molhados.

Não lembrar dos que se foram, não desejar o que não se tem e talvez nem se terá, não discutir, nem vingar-se ou lamuriar-se, e temperar tudo isso com chás, de preferência ingleses (...) Mas para atravessar agosto, pensei agora, é preciso principalmente não se deter demais no tema. Mudar de assunto, digitar rápido o ponto final, sinto muito perdoe o mau jeito, assim, veja, bruto e seco.”

Agosto chega antecedido por reticências. Quando novembro chegar talvez seja para lembrar quanto julho foi bom, talvez para somente pôr um ponto final e começar um outro parágrafo.

Luana Gabriela
02/08/2010



"Cause nothing lasts forever

And we both know hearts can change...
But lovers always come

And lovers always go
An no one's really sure"
November Rain
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