Você vem


Você vem. Talvez com cabelos escuros, talvez não. Talvez com olhos claros, talvez não. Você vem. Se é de ônibus, carro, avião, ou se está tão perto que vem caminhando mesmo, não sei. O que importa é que você vem. Talvez venha para somar no meu mp algumas bandas que eu não conheço, talvez venha pra me fazer conhecer mais diretores de cinema, mais revistas em quadrinhos, outros bons técnicos de futebol.

Você vem. Como outros já vieram. A sua diferença, é que você não vai. Não vai virar as costas enquanto eu ainda estiver falando, não vai precisar de uma manual “como agradar-me”. Você vem e não vai precisar que eu te diga nada além de “sim”. Um amor pra concertar, um amor desconcertante. Você vem e eu não preciso procurar. Eu vivo. Eu caminho, eu sorrio, eu choro, eu vejo Woody Allen, eu leio Lispector, eu ouço Kings of Leon, eu cantarolo “a good love in on the way” e penso em você.

Você vem. E eu não vou pensar se é certo ou não te querer, eu vou querer e ponto. Você vem e eu vou contigo, pro mercado, pro parque, pra sua casa, pra sair com seus amigos. Você vem. E eu vou fazer seu prato favorito, despertar teu sorriso mais bonito, te tocar dedilhadamente uma canção. Você vem, para me desdizer, para me contrariar, para deixar tua voz em meus ouvidos antes de dormir, para segurar minha mão, para reparar em meu esmalte, para criticar meu estresse, para elogiar aquele verso.

Ah, você vem. E eu já não espero grandes coisas, quero as pequenas mesmo. Quero o café da tarde numa quarta-feira, quero dormir no quarto enquanto você assiste ao jogo de domingo na sala, quero cantar no sábado pra te fazer dormir. Você vem e nada vai me tirar a certeza de que vem, e é pra ficar. E eu vou, vou acreditar em nós, de novo e pra sempre até que o pra sempre se esvai, e eu acredite na gente, só por hoje, hoje, hoje...

Luana Gabriela
01/02/2011


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