Es por amor

=D

Nerd?


Retiradas do blog:Amor de papelão



Trilha: Dançando - Agridoce

O mundo acaba hoje e eu estarei dançando com você

Giz

E mesmo sem te ver
Acho até que estou indo bem
Só apareço, por assim dizer
Quando convém aparecer
Ou quando quero
Quando quero

Desenho toda a calçada
Acaba o giz, tem tijolo de construção
Eu rabisco o sol que a chuva apagou
Quero que saibas que me lembro
Queria até que pudesses me ver
És parte ainda do que me faz forte
E, pra ser honesto,
Só um pouquinho infeliz...

Mas tudo bem
Tudo bem, tudo bem... (2x)
Lá vem, lá vem, lá vem
De novo...
Acho que estou gostando de alguém
E é de ti que não me esquecerei

(Quando quero....
Quando quero...
Quando quero...
Eu rabisco o sol que a chuva apagou...
Acho que estou gostando de alguém...)


Legião urbana - Giz

Simples Juntos

"With you I knew God's face was handsome"


Você e suas referências musicais dos anos 80, início dos 90. Você e suas citações literárias contemporâneas, você e suas unhas escuras e curtas, pra poder tocar melhor. Eu posso imaginar você deitada sobre seu edredon vermelho, pensando em fazer um café pra que ao menos sua garganta se sinta quente e acariciada. Você e seus dramas mexicanos, que tanto me irritavam, encantavam e me cansaram.

Enquanto dedilho qualquer coisa do Bob Dylan ao violão, sei que está com o seu tentando cantar alguma da Alanis. Tenho vontade de te enviar, um email, um sms e dizer que tudo que você quer cantar, escrever, gritar e não consegue ela canta em Simple Together. Bem essa que você achou que nunca se encaixaria tão bem em sua vida. Sou eu, seu ex-melhor amigo, seu ex-namorado, sua ex-alma gêmea (mesmo que esse conceito não faça o menor sentido pra você, tão cética depois de, a gente sabe bem depois de quem). Quantas noites passei ouvido você dizer o quanto ele era tão perfeito pra tudo que você sempre quis, passei as mesmas noites pensando em te lembrar que perfeito mesmo é aquele amor que a gente vive, que não fica só na nossa memória, só no que imaginamos ter existido entre a tela do computador, e as vozes no telefone, as imagens no skype. Pensei tanto agora em te dizer que perfeito foi o amor que nós vivemos. Lembrei de você me contando estar tão cética que ouviu aquela do Reação “quase perfeito nosso amor, não fosse o final” e me contando que por muito tempo pensava na história linda do casal da música e acreditando que eles tiveram um fim de relacionamento turbulento, agressivo. Até eu te mostrar que talvez, o que ele quis dizer é que amores perfeitos não têm fim. Será que invertemos nossa crença?

Você pensa em aprender a tocar teclado pra poder tirar algumas da Adele, quem sabe Don´t you remember? Você tenta bater o recorde de tempo na esteira, e desaba lembrando de nós. Do meu sorriso que você desenhava com os dedos calejados de tentar tocar aquela música que nos traduzia. Sei que fica pensando antes de adormecer que está doendo, mas vai passar, tantas outras dores já passaram. Eu queria estar aí pra te dizer que não passaram e não vão passar. Que o tempo é um mentiroso e que cada vez que uma dor nova aparece ela traz junto aquelas outras tantas que jogamos pra baixo do tapete, só o amor abre a janela e deixa que todas vão embora. Eu queria estar aí.

Sei que as palavras que dissemos nunca serão esquecidas, mas nem nossos beijos, nem nossos abraços, nem nosso encaixe, nem tudo aquilo que nos demos, eu era um nerd sozinho até você chegar e me mudar, cito seu seriado favorito. Eu só queria mesmo era te agradar, era ser agradado, mas em que momento nos deixamos parecer cansados de nos doar? Em que momento invertemos os papéis e sou eu quem te escreve enquanto fica em silêncio?

Alanis canta e eu simplesmente fico pensando que nós poderíamos ter sido qualquer coisa muito melhor juntos, do que hoje somos. Nós poderíamos ser nós.

Luana Gabriela 


Do outro lado: o de dentro

Tarde de quinta-feira, ela encostada em qualquer canto, talvez esperando alguém, buscando um rosto conhecido, talvez fosse estrangeira, ou só se sentisse assim, talvez nada disso. Um belo rosto, emoldurado por cabelo curto, desregulares e negros, como hoje em dia é comum de se ver. Enquanto a observo crio teorias sobre sua espera, sobre sua vida, e não a crio como provavelmente me atrairia, a crio como se eu a criasse apenas para desejar que não exista.

Dei nome, matei o pai, dei dons, dores, tirei um grande amor. Uma vida não muito espetacular, mas nem tão comum. Não sei quanto tempo ao certo demorei para desenhar este personagem vivo e inexistente que inventei, mas quando decidir tomar um gole do café, este já estava frio. Eu não vi o tempo passar, enquanto ela parecia controlar os segundos da espera. Reparo que ela tem uma flor nas mãos, uma rosa vermelha, envolta em um papel preto. Não estranho. Imagino agora que ganhou de seu novo flerte, e que fica ali estática e ao mesmo tempo movimentada esperando a amiga para deslanchar a falar sobre o ocorrido.

Enquanto disfarço meu súbito interesse, finjo anotar algo, consulto o celular. Quando levanto os olhos novamente, lá está: ele, recebendo um beijo demorado, um abraço de saudade e uma rosa vermelha. Dessa vez estranho. Não tenho visto mulheres ganhando flores, ainda mais homens. Desconfio de que minha história não tenha o menor sentido. E já não vejo nexo em continuar imaginando quem será ela, que presenteia seu amor com rosa vermelha. Envergonho-me. Não sei se pelo fato de ter sido percebido um observador fiel do ocorrido, ou por ser homem e me imaginar invadido em minhas cenas românticas, de ter o manual de como agradar sua parceira, roubado pela própria parceira, é como ser agredido por alguém do mesmo time.

Descobri naquela tarde, que alguns homens podem gostar de ganhar flores. Que os papéis podem se inverter. Talvez seja eu quem espera encontrar o rosto conhecido de alguém na rua. Quem sabe o meu próprio, quem sabe, do outro lado, o de dentro, eu só esteja esperando alguém capaz de me presentear com flores. 


Luana Gabriela
2011

E agora?

As pessoas te amam, mas nunca do modo como você precisa ser amado.
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