Me levanta do chão pra não importar se eu tiver com pé atrás


Sou de gostar muito, mas entro numa relação com os dois pés atrás, faço questão nenhuma de gritar ao mundo que estou com alguém. Esconder e amor são complementares pra mim. Até a página dois. Não dá uma semana eu estou em êxtase planejando uma viagem para o feriado. Fico nervosa imaginando o que dizer aos parentes, em que momento não é pressão convidar o namorado pra uma reunião de família. Nunca sei quando tudo isso é natural. Já tive namoro de em uma semana ser conhecida da família inteira(que era de outro estado, inclusive), e de em um ano nunca ter visto a cara da mãe do cara.

Nunca sei quando é hora de apresentar aos amigos, nunca sei dizer: Você tem que ir. Pra mim é simples, não quer ir não vai, mas eu vou. Mesmo que fosse importante pra mim. Sou totalmente adepta do drama na hora das brigas, grito, ensaio bater a porta, digo que não sou como aquelas com quem costumava sair, e choro. Chorar é meu modo de pedir que me abrace, me beije e me cale. Já houve quem entendeu, mas também que me deixou chorar, gritar e nunca mais me beijou.

O que importa mesmo é que depois de olhar bem em seus olhos eu só fico querendo poder provar pra mim mesma que todos esses caras me fizeram aprender como não ser. Eu quero ser uma namorada nova pra você, eu quero esperar o tempo certo de cada passo que a gente for dar junto. Eu não quero dormir no cinema no filme que você estava louco pra ver. Eu quero ter coragem de dizer que prefiro ficar em casa com você, dividindo o cobertor.  Eu não quero fugir da sua mãe, nem dos seus tios.

Eu não quero ter de dizer aos meus amigos que não ligo por você não me acompanhar. Porque eu quero dizer que ter você lá é muito importante pra mim e isso não soar como chantagem. Eu quero conhecer seus amigos, pra gente ganhar junto deles no truco em dupla. Eu não quero esconder a cerveja preta na geladeira quando você chegar, eu quero que a gente vença nossas dores, angústias e vícios juntos.

Eu quero que ser a melhor pessoa que eu puder sem te esconder meus defeitos, anota aí: carente, orgulhosa, ciumenta e extremamente carinhosa. Eu sou mulher de bilhetes no espelho, sms de bom dia, playlist de love song, de passar os domingos em casa vendo um filme, comendo pipoca, brigadeiro e café. Eu sou de presentinhos sem data, de carinho por debaixo da mesa, de medo do pra sempre e do agora também.

Pronto, agora acho que estou pronta pra dizer, não faz um mês e eu já não sei viver sem você. Mas não pisa na bola comigo, porque amanhã pode ser que eu me pergunte como foi que eu te aguentei. Bipolaridade, pode ser. Ou pode só ser insegurança também. Eu não quero descobrir. 

LI: Sempre chove no meu carnaval


Quem nunca comprou um livro pela capa que atire a primeira pedra. Sim, eu adoro a literatura do Gabito Nunes, já li tudo que ele lançou, mas esse livro me me conquistou pela capa, os outros pelo título. 

Acontece que comecei a ler o livro hoje e terminei hoje mesmo. O que já depõe a favor do livro. Gabito com referência a Woody Allen, John Fante, Milan Kundera, ao ofício de escritor, à psicanálise, enreda a gente numa leitura que passa rápido e parece desprendida de reflexão, mas não. 

Sempre chove no meu carnaval é um livro sobre amor. Mas também sobre o desamor. Sobre o respeito aos mais velhos e aos animais, sobre a verdade máxima da vida: a gente recebe o que a gente já deu. Ou mais biblicamente dizendo, a gente planta o que colhe. A gente planta amor em solo infértil, de repente o amor da gente nasce num solo que algum passarinho chamado de destino, acaso ou Deus,  levou pra longe e frutificou. 

Gabito trata de amor de uma maneira não clichê. Os textos têm linguagem simples, e fluem como uma conversa filosófica na mesa de um bar, além de serem permeados por doses essenciais de humor, para quebrar o drama das verdades que contêm. 

Não é à toa que Gabito se destacou no cenário da ciberliteratura brasileira. Li quase 150 páginas, fixada nas histórias que ele contava e querendo muito viver um amor digno de um parágrafo de Gabito. Mas não se encontra em cada esquina caras como ele. 


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