Breaking my fall

Eu queria ser leve de novo. Eu queria que sentir não me pesasse tanto e não me pusesse tão pra baixo. Eu queria sentir como quando acreditava na vida, no amor, na amizade, nos sonhos se tornando realidade, eu queria acreditar na eterna felicidade, de novo.

Mas olha, há desemprego. Há câncer, há medo, há mentira, traição, indiferença, rejeição. Há aquele telefonema não dado no aniversário, aquela viagem nunca feita. Há aquela raiva e aquela vontade de perdoar alguém que nunca foi capaz de se desculpar. E isso dói.

Não adianta gritar no travesseiro, não resolve discursar que não faz falta. Ainda mantém os olhos no espelho, o cabelo vermelho, não quer se disfarçar. Eles ainda estão lá. Acampando em algum lugar muito escuro, onde o Sol não vai brilhar. Pede, implora pra que saiam que a deixem em paz, superar faz parte, só quer deixar pra trás. “Just let it go” , but they don´t.

Permanece acordada tentando se desculpar com Deus, é tanta coisa ruim por dentro. Mas as pessoas que amamos também erram, e não quer perdê-las. Há quem muito perdoamos, muito amamos. E esse amor não morre.  Nem a culpa. Culpa por sentir.  Por não conseguir deixar pra lá.

Sufocando entre edredons e travesseiros, entre amores que não se importam, entre sorrisos verdadeiros e lágrimas não derramadas. Amores não correspondidos por dentro. Abraços negados. Um telefone confundido. Tentando não entender quem decidiu que não dava mais. Se a coragem de mudar nasce do medo de nunca ser diferente.

Nós deveríamos não desistir, e não desistimos. Nós deveríamos não parar de sonhar e sonhamos em sonhar de novo. Não deveríamos parar de sentir e sentimos que sentir dói, e sentimos muito quando paramos de sentir. Nós deveríamos crer sempre e cremos em tudo, menos em nós. Ele acredita em nós.

Queria ser leve como uma criança que balança em um parquinho, um frio na barriga, um vento no cabelo, tem alguém que nos empurra, impulsiona, e sabe até onde podemos ir sem nos machucar. 
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