E não é pouco

O amor existe, porra! Esse é o nome do projeto que você me apresentou, uma noite dessas que você apareceu aqui pra tomar uma cerveja especial, vinda das terras geladas que tanto eu quanto você queremos conhecer. Você falava do livro e do ep com tanto entusiasmo que eu fiquei tentando me lembrar de quando foi a última vez que algo me entusiasmou. E eu não lembrei. 

Ouvimos todas as poucas músicas. Você leu um trecho do livro - o seu favorito. E eu agora lembro aquela noite, olha o entusiasmo aparecendo. A gente riu tanto. Depois chorou tanto. Dormimos no chão.

Você não foi embora. Falamos dos missionários no Norte da Ásia, falamos da fome no bairro, dos catadores da cidade . Catamos brisas de carinho que a gente nem sentia antes porque nossas janelas estavam fechadas. Sentimos a fome de amor como se nunca houvéssemos comido antes. Nem um aperitivo sequer. Reciclamos sentimentos como a descrença no outro e nos encontramos. Somos missionários em terras perigosas: o coração um do outro. Você catou meu coração de papel em pedaços, montou o quebra-cabeça e fez dele um lindo quadro que adorna a parede de felicidade que nos separa dos outros. 

Faz quanto tempo? E você ainda está. A gente está. 

E além de me mostrar o projeto, você me mostrou que acima de toda dor, acima dos falsos amores, a verdade é que: O amor existe, porra! 




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