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Imagem: Kurt Halsey
Dear baby, eu fico aqui nestes dias tão estranhos, quando o sol vai dormir tarde e a lua me acorda cedo, fico sempre pensando em você. Nessa vida que nos aproxima e nos distancia como se fôssemos as molas coloridas da infância já perdida. E penso que também nós vamos nos perdendo. Nunca fui alguém fácil de dobrar. Não sou maleável. Você me liga e me pergunta da maneira mais clichê possível, onde estou e com quem. Te respondo que estou bem, que amanhã nos falamos. Não fui educada a dar satisfações. Fui educada a ser fiel sem precisar alarmar meus feitos. Te sou fiel no silêncio das respostas que me pede. E fico aqui em meio às gentes todas, felizes, satisfeitas, enganadas, fico aqui eu sem você. Com pedaço de mim sentado em outra mesa, quem sabe deitado em outra cama. Fico aqui só te pensando. E penso que além dos dias, a vida também é estranha. E te peço, mesmo sem palavras, (embora eu as escreva agora, e você vai lê-las) que não demore a voltar. E como se Deus me ouvisse, toca no rádio que você ouve (que eu passei a ouvir também), uma música velha, mas que é nova pra nós que nunca gostamos dessa banda. Deus que sabe tudo, me faz prestar atenção na letra e ela diz:“Sinto sua falta, não posso esperar tanto tempo assim "O nosso amor é novo, é o velho amor ainda e sempre (...)”. Esse velho amor de tanto anos, que me é tão novo. Que nos é tão estranho. Nem sempre amigo, nem sempre amor. Um orgulho ferido. Uma culpa abafada e grita ao mesmo tempo. E se eu soubesse que era você meu amor eu teria perdido tanto tempo? Mas esse tempo que passou não teríamos nós dois aprendido? – Você que sabe tudo, de todo mundo que passou por minha vida. Você meu diário ambulante, meu confessionário 24 horas. Você minha saudade mais real, meu amor mais inventado. E criamos nós essa vida. Você tão igual a mim, que também não diz com quem está nem que horas volta. Penso que talvez só dê certo porque há esse espaço físico de ..quantos quilômetros mesmo? Porque a saudade me mata, mas também me faz te querer mais. E nosso compositor cria então uma canção de amor. Eu sou a letra, você a melodia. Mas para os meus ouvidos estamos desafinados, em desarmonia. Chega mais perto pra eu ouvir o tom em que bate teu coração. E aí sim, entrar no teu compasso. Luana Gabriela 11/02/2010
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Aqui o compasso é diferente!
Bate no contratempo.
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