O que não se viveu ou o que se viveu só na superfície

Eu queria teu abraço, eu queria teu colo. Eu queria tua risada com teus olhos pequeninos na minha frente agora. Eu te queria. Aliás, tempo verbal incorreto. Eu te quero. Eu repito: eu sempre te quis pra mim.


Achei mesmo que depois de nossa última tentativa, anos atrás, o que tinha ficado era uma amizade sem tamanho. Mas o que não cabe em mim é essa paixão que guardo, num canto qualquer do que restou do meu coração. Como sei? Eu só sei.

Eu só sei que não pergunto dos teus casos, como também não te conto há tempo dos meus. Não te pergunto por medo das respostas e não te conto por medo das perguntas. Mesmo sabendo que você nunca foi meu, tenho medo de te perder. Tenho da gente se perder, cada um pra um lado. Porque eu não me importaria de me perder se fosse pra te encontar, ou de me perder com você, pra encontrar o nós que um dia fomos, no passado. Mas há alguém tirando o melhor de mim e não é você.


Não é em teu ombro que adormeço, não é em teu abraço que me aqueço, não é em ti que me escondo quando está muito escuro, e eu tenho medo. Não é teu perfume que cheiro, nem teu nome que acordada eu chamo. Mas em sonhos, é você que eu beijo, é você que eu amo.

Quero prolongar a vogal da nossa história, quero ampliar nossas tardes de café, quero segurar tua mão, prender tua respiração, pegar teu coração pra mim. Embora eu saiba que te ti eu tenho quase tudo, é esse quase que me mata, porque quase tudo que tenho também é teu. Quase.


Nessa verdade a gente se esconde, nunca falando do que aconteceu. Você disse que se arrependia pela demora, eu espero o dia em que reconheceremos: Perdemos mesmo muito tempo.

Aliás perdemos ambos aquela aposta. O amor venceu o tempo e a distância. Porque meu amor ainda é teu. Porque o que não vivemos é sempre perfeito. O problema, meu lindo, é que o que vivemos também foi perfeito. Como teu sorriso, como meu corpo encaixado entre teus braços.

Luana Gabriela
09/08/2010

Paris de Cartier Bresson e Eduardo Macarios

Foto integra exposição em Curitiba

A capital francesa é tema de muitas obras artísticas. Incontáveis fotos ficaram famosas retratando cenas da cidade, por exemplo. Mesmo assim, parece que há sempre algum detalhe, algum momento ainda não havia sido registrado. Alguns destes instantes podem ser vistos na exposição Paris, do fotógrafo curitibano Eduardo Macarios, que tem como tema o cotidiano parisiense.

Eduardo conta que começou a se interessar por fotografia durante uma viagem que fez à Austrália. “Antes de ir ganhei uma câmera digital dessas de turista, bem simples. E usei para registrar tudo que via! Acho que foi a primeira coisa que realmente me interessei. Quando vi, já estava pesquisando sobre técnicas, fotógrafos... eu tentava fazer as mesmas fotos que via em livros e na internet”. 
Eduardo inspirou-se em obras literárias
A exposição fica aberta até o fim deste mês na Livrarias Curitiba do Shopping Estação, e é a segunda exposição individual do fotógrafo. “Já participei também de uma coletiva em Bournemouth na Inglaterra, e outras duas em Curitiba”, relata. Em Paris é possível ver captadas pelas lentes da câmera o sentimento de cada momento retratado. “As fotografias que escolhi para essa exposição são da última vez que estive lá, em 2009. Foram apenas 4 dias. Antes disso, estive lá outras duas vezes, mas foi a primeira vez no verão. A experiência é outra”, lembra-se o fotógrafo.

As fotos são baseadas em obras literárias. Ele explica como surgiu a ideia: "Foi meio por acaso. Tenho o costume de ler algo de um escritor local ou algo que se passe na cidade onde estou. Nessa última viagem fui à famosa livraria Shakespeare and Company. Saí de lá com o livro "A Movable Feast", de Ernest Hemingway. Nesse livro ele conta como eram os dias em que morava lá, o que fazia e aonde gostava de ir por exemplo. Usei esse livro para me guiar por uma Paris de 50 anos atrás”, confessa.

De início Eduardo escolheu três autores para inspirar seu trabalho: Ernest Hemingway em Movable Feast, Jack Kerouac em "Satori" in Paris e George Orwell em "Down and Out in Paris and London". “Gosto do estilo de escrever do Kerouac, por exemplo, o fluxo de consciência. É mais ou menos como eu fotografo. Talvez porque eles frequentavam lugares que hoje estão fora da rota "turística". Orwell foi praticamente um miserável em Paris, Kerouac estava quase sempre bêbado, de café em café. Já Hemingway conta dos passeios pela Ile St. Louis”,entusiasma-se.

De acordo com Eduardo, o processo de trabalho foi natural. “O que eu lia a noite no quarto do hotel, eu via nas ruas durante o dia. Os garçons dos cafés, senhores nas ruas em Montmartre carregando uma baguete e jornal, bêbados elegantes na madrugada, jovens artistas... são personagens desses livros que passei a ver no dia a dia em Paris, quase 60 anos depois”,conta.

Sobre possíveis semelhanças entre a capital francesa e a capital paranaense, Eduardo acredita que existem muitas. “Curitiba é um grande centro urbano cheio de personagens e acontecimentos, e isso é o objeto do meu estudo. É a relação das pessoas com o espaço público”. Ele ainda destaca algumas diferenças. “Talvez Curitiba não tenha o mesmo "charme" de Paris, se dá para dizer assim. Pra mim outra diferença é o aspecto cultural. Curitiba tem seus movimentos e seus modismos, mas parece que nada é levado a sério. Há poucos espaços de qualidade para se expor, por exemplo, e quase não há incentivo”, aponta.

Eduardo diz ainda que está focado em seu trabalho comercial. O fotógrafo realiza o registro de casamentos. “Trabalho com fotografia de casamento, basicamente, atuo da mesma forma que atuo nas ruas. Fotografo as pessoas, os noivos e convidados de forma espontânea e natural. É como documentar a história daquele dia”, anima-se.

Conheça mais o trabalho de Eduardo Macarios: Andante – livro resultado de um trabalho fotográfico em várias outras cidades do mundo.

Quem deseja entrar em contato com Eduardo pode acessar o site -www.eduardomacarios.com.br, enviar um email - eduardo@eduardomacarios.com.br. E aos mais ligados em redes sociais ele avisa: Também estou no twitter:  @macarios.



Trecho de uma das obras que inspirou Eduardo


 Serviço:

Exposição: Paris
Local: Livrarias Curitiba Shopping Estação
Data: de 1 a 31 de agosto




Redação: Luana Gabriela
Fotos: Eduardo Macarios e divulgação
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