Gratidão

Gratidão: s.f. Característica ou particularidade de quem é grato.
Ação de reconhecer ou prestar reconhecimento (a alguém) por uma ação e/ou benefício recebido; agradecimento: recebeu provas de gratidão.
(Etm. do latim: gratitudo.inis)


Não tenho motivo algum para não expressar minha gratidão, por tudo que vivi neste ano que está acabando. Melhor ano. Mudanças na vida profissional e pessoal. Um trabalho que me deixa feliz, e o estreitar de laços com pessoas que eu amo. 

Cresci muito, amadureci sem endurecer. Amei. Me senti amada. Cuidei. Fui cuidada. 

Obrigada. Obrigada Deus por cada dia, por cada vitória, por cada benção que recebi, coisas que eu nem esperava. Obrigada pelas pessoas que colocou no meu caminho. Obrigada pelos amigos sempre presentes, e pelos presentes Alice e Marina. Obrigada por tantas orações respondidas, e sorrisos compartilhados.

Obrigada a cada um de vocês que em algum momento me fez rir, ou chorar. Que me abraçou, me escutou, me incentivou, dividiu comigo alegrias, dúvidas, tristezas, que confiou em mim. Algumas perdas e lágrimas. Muitos nascimentos e gargalhadas. Mais dois livros com textos meus (um de poesia e um de crônica), uma conquista que começou com este blog e com vocês que me leem!

Obrigada, fica aqui a minha gratidão. A Deus e a vocês!

2014, seu lindo, pode chegar! Saúde, paz e poesia!

"Eu me atirei em teus braços, e celebro teu resgate. Canto com todas as minhas forças depois de tantas orações respondidas" Sl 13;5-6 (Salmo de Davi)

Caminho

Faz falta o abraço. A segunda caneca na pia. A certeza da espera finda quando da chegada das 19h. Continuo por não ter escolha. E por medo de perder, perco. Mesmo ciente disso tudo, não mudo. Olha lá, mais uma oportunidade de amor, quem sabe, se vai. Nunca saberemos, pois nunca tentamos. Há a vontade de discar pra ele, pra ela, mas a segurança do não é mais forte que a possibilidade do talvez, por dentro teve fim sem nem começar.

A coisa mais difícil que existe é encontrar alguém que também queira tentar. O amor é tentativa. É esforço. Tentar quando sabemos que podemos fracassar, tentar pra, quem sabe, talvez, vencer. Não tentar apenas quando cremos na vitória. Tentar com esforço. Dar as mãos no verão. Não deixar a possibilidade de amor escorrer pelos dedos.

Espantar o medo da gaveta vazia, preenchê-la com teu cheiro. Espantar o vazio do corpo, me preencher por teus dedos, por dentro transbordar. Evitar o toque e a troca de olhares, por medo de te decifrar, de me decifrar em ti. Fazer dos planos dela, previsões do seu destino. Escrever sem saber porque. Reler mensagens, procurando sinais de recíproca. Sinais a gente inventa, depois diz que não era bem assim. Buscamos a confirmação para podermos nos lançar.

O medo do passado ainda presente, e de um futuro inexistente.

Faz falta, a entrega. Duas almas desejando se entregar, se encontrar e se perder.

Tatuagens

“Desde que eu te esqueci eu estou tão outro alguém
que eu nem sei porque é que você não vem” (Clarice Falcão)

Dois anos sem você. Marco a data como um fim, mas foi um recomeço. Setembro chegava com suas cores, cheiros, flores. E dentro de mim o frio e o escuro de um inverno que parecia sem fim. Me cuidei. Fiz logo o que você disse que jamais aceitaria em mim, como se contrariar sua vontade fosse minha maneira de dizer que eu também não te queria mais, que não tinha volta. Me tatuei. Um mês depois de tudo acabar. Fiz o símbolo que revela o que sobrou de mim, depois que você me deixou. Sobrou o vazio.

Nesse tempo, mudei de profissão. Mudei a cor de cabelo. Mudei de endereço. Mudei por dentro. Mudei tanto que não me reconheço. Hoje sou capaz de entender que me deixar entrar no seu mundo foi sua maior prova de amor. E entender que você só me deixou porque eu estava ocupando espaço demais aí dentro, só me faz entender que esse espaço era o que você me deu. A gente aprendeu junto a amar e ser amado. E isso nem o tempo, nem laser, nem novos amores podem apagar. 

Eu não esqueci nenhuma palavra. Nenhuma briga. E nem minha profecia: este pode ter sido nosso último beijo. Eu aproveitei o seu melhor. Eu me sentia protegida do mundo ao teu lado, e fui me sentindo cada vez mais insegura longe dos teus braços. Até que a distância dos nossos mundos virou física e, isso não pudemos suportar. Ouvi no rádio a música que você disse te fazia pensar em mim, recordei nossa trilha, nossos momentos nossas declarações sempre realistas: te amo hoje. Era o que de melhor eu podia te dar, e o melhor que você podia me dar. Eu demorei dois anos pra conseguir estar com o meu melhor de novo, ou o meu novo melhor.


Me sinto inteira. Não espero que alguém me complete, espero alguém me transborde. Estou completamente pronta pra aceitar alguém na minha vida, a sério, como não fui capaz em todo esse tempo. Aceitar. Estar. Amar. Fiz uma nova tatuagem: “Ter fé e ver coragem no amor”. 

Casa

Uma tempestade atingiu a cidade. As luzes estão apagadas e eu não consigo te esquecer. Sem te ver, a lembrança do teu cheiro me embriaga, e estou bêbada de você. Você deve chegar aqui logo, vai me encontrar ouvindo Vanguart, lendo algo do Caio F. ou do Carpinejar. Vai me encontrar em casa, como me encontrou na vida: esperando o amor chegar.

Não acendo velas. A noite vai caindo. As chaves abrem a porta. Sua voz preenche o ambiente, você preenche minha vida. Seu corpo me transborda. Há pedaços de mim espalhados pelo chão, há pedaços de você em mim. Essa é nossa casa, meu lar são seus braços, e sem você sou um amor desabrigado. Em mim tua nuvem pode desaguar.

A vida nos pesa, tem dias tão cinzas quanto aquele seu moletom do U2 que era preto e eu já quis jogar. Mas é ele que tem seu cheiro, é com ele que eu durmo quando você está longe. São nesses dias cinzas que tua força me faz ser forte. 

Me leva como a correnteza, me assusta como um trovão, avistado ao longe, e parece tão perto. Sou um edifício sem para-raios.

“Temos tanto pra falar
Coisas pra esquecer
Lugares que eu quero te levar
Pra isso não morrer em você

Eu me perco em pensamentos coisas tolas
Só me encontro ao pensar nas nossas coisas
Eu já não sou mais quem eu fui” 
Pra onde eu devo ir – Vanguart 
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