Mas tudo deu um nó

Me disseram que teu sorriso ando sumido, e o que antes era tão colorido se tornou cinza nesse teu dia. Me disseram que teus olhos meios inchados, como se tivessem chorado, estavam naquela tarde. E agora eu já não sei dizer, se me doi mais te ver feliz ou te ver sofrer. E doi também não poder estar aí, pra secar tuas lágrimas, pra fechar teus olhos e descrever nosso futuro, “além do que se vê”. Falei em ver, mas não te vejo mais faz tanto. – Te ver não é mais tão bacana quanto à semana passada (...) mas ficou tudo fora do lugar, café sem açúcar, dança sem par. Você podia ao menos me contar uma história romântica – mas nenhuma história mais me toca, me encanta. Talvez estas sejam minhas últimas palavras sobre o que eu achei que era amor. Andei pensando nas minhas promessas de antes. Quanta mentira eu já disse, sem saber que era mentira. Prometi esperar por alguém toda a vida, disse que o que eu sentia era incondicional, disse que amava. E eu não esperei dois meses, o sentimento incondicional dependia da recíproca, o amor era doce e se acabou. ( Ou não era amor). E então eu acho mesmo que não devo mais falar nada. E essa coisa de não quer falar é antiga (vide o nome do blog), mas só agora me dei conta, de quanta coisa não dita eu guardo aqui – apontei pra garganta. Hoje enquanto eu arrumava o quarto, senti uma coisa estranha um bloqueio parcial da garganta. E pensei agora que devem ser essas palavras. Que são tantas. Boas, ruins. Já são muitas as músicas que não toco mais. E vou largando os versos, os compassos, as páginas, os sonhos, as dores. E fico assim não sentindo. Racionalmente escolhendo não sentir. Alguns dizem que minto pra mim. Outros que é melhor assim. Me perguntaram o que eu faria se te visse aqui de volta. Se me ligasse, pedindo desculpa. Foram capazes de apostar que eu te aceitaria, perdoaria. Mas eu já não sei. O que me fala do que te conheço é que nunca vais ligar reconhecendo teus erros. Se desculpando por tuas mentiras. É capaz de fingir não ver a dor que me causou. Eu li teu último email, eu revi nosso último dia, eu lembrei do seu último telefonema. Aquela música que tocava era nossa, hoje já não sei. Não temos nada nosso. Eu quis saber onde você estava - bem que você podia me ligar, como vai o que tem feito? Disfarçaria pra não dar nenhuma bandeira, pra fingir que tá tudo certo ... – Porque eu queria mesmo ouvir tua voz hoje. Nesse dia tão estranho, que eu lembro de você, e o pranto não me chega, e meu rosto continua seco... e penso que talvez está mesmo, apesar de tanta chuva, muito seco tudo aqui dentro. E isso me assusta. Eu não era assim antes de você.
Luana Gabriela
20/02/2010
"Á primeira vista todo risco é ameaça e o medo que a gente passa cimenta os pés no chão." JV
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