O ponto

Entendo que na correria, na velocidade com que os olhos percorrem as páginas, a gente pode não se dar conta e escrever ao invés de vírgula, ponto. Ou entender como ponto a vírgula que alguém havia escrito. E quem sabe isso faça tudo aumentar (9.148 km) quando a distância é bem menor- 9, 148 km. E nem precisamos converter unidades de medidas. Precisamos converter interrogações em exclamações, reticênciais em ponto e vírgula, aspas em travessão. O pranto em riso. O falso amor numa sincera solidão.


Luana Gabriela
19/02/2010

O ponto

Entendo que na correria, na velocidade com que os olhos percorrem as páginas, a gente pode não se dar conta e escrever ao invés de vírgula, ponto. Ou entender como ponto a vírgula que alguém havia escrito. E quem sabe isso faça tudo aumentar (9.148 km) quando a distância é bem menor- 9, 148 km. E nem precisamos converter unidades de medidas. Precisamos converter interrogações em exclamações, reticênciais em ponto e vírgula, aspas em travessão. O pranto em riso. O falso amor numa sincera solidão.


Luana Gabriela
19/02/2010

Sobre o amor em silêncio

Ela tem um medo assombroso de mim, do quanto posso feri-la. Eu tenho um medo danado dela, porque é bem capaz de viver sem mim. A linda cretina nunca disse que não vive sem mim, acredita? Nunca, nem dormindo…

O amor dela é tranquilo, imutável, o meu é para agora, renovável. Ai se ela não demonstra apego numa tarde, mergulho em surto. Ela não depende de jura e declarações, está bem assim, cercada de um silêncio atento, sabendo que a amo. Quando preciso dela, ela supõe que é drama e mais uma artimanha para ser o centro dos acontecimentos. Quando ela precisa de mim, eu deduzo que ela procura se afastar e perdeu o interesse. Já brigamos no carro, no elevador, no shopping, acordamos vizinhos, assustamos os donos e seus cães na rua e insistimos e nos perdoamos porque somos tão apaixonados.
(...) Muito mais do que poderia conservar numa vida. Muito mais do que possuo condições de antecipar pela minha ansiedade.
A esperança pode vencer a experiência. A esperança é uma experiência.
Fabrício Carpinejar
...

Eu já nem sei ao certo quanto tempo faz. Mas há coisas que são atemporais. Teu abraço que me prende toda, teu riso ao meu lado em frente à TV, nossa música tocando no rádio, a madrugada em que não te deixei beber, o jeito que te cuidei esses anos todos, mesmo quando estávamos longe. Eu sei, sei que você pensa que tudo dentro de mim mudou, e que depois daqueles beijos só restou amizade. Não restou nada. O que acontece é que teus beijos e carinhos brotaram um amor incondicional em mim, como achei que jamais conseguiria sentir, quando achei que não sentia mais nada por ti. Sei também que alguns sentimentos são feitos não para serem vividos, mas apenas sentidos, calados, quietos. Te amo mesmo no silêncio. Te amo ao esticar a segunda letra de teu nome, quando te escrevo, te amo esquecendo você cada dia um pouquinho, e isso há anos. Namorei alguém tentando te esquecer, esqueci quem eu era com a distância entre nós dois. Te amei sem saber, e me pergunto se isso é possível. Amar e não morrer de saudade. Amar e não morrer de vontade. Amar e seguir vivendo como se não fosse nada. Como se não fosse para hoje a necessidade que tenho do teu braço, do teu riso, do teu amor. Como se a vida não pudesse acabar amanhã. Como se o amor também não pudesse morrer.


Luana Gabriela

PS:
Andei assoprando feridas aqui - Vento com Som de Riso
Matei a fome aqui - 500g de Cultura
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