E o que tiver que ser será

A tarde caía. O céu um laranja, o escuro apontando longe. Mas sentia como se fosse perto. Um escuro completo. Um espaço, sem ponte, entre ela e ele. Um espaço vazio onde tudo passava, e nada os atingia. Imersos em seus afazeres, diários, semanais, passava também a vida por eles, passava o amor. Não haviam completado ainda seis meses, e tudo já estava diferente. Agravavam-se o humor instável dela, às vezes ele desconfiava que sua amada era bipolar e o ausente humor dele. Café com chocolate pela tarde e à noite uma refeição cheia de amargos desentendimentos. Não mais se sentavam à mesa juntos. Não sabia dizer onde aquilo havia se perdido. E desconfiava que não o amava porque amor não se perde assim, imaginava. Ela estava atrasada para ser feliz, olhou o relógio, e ele estava como de costume atrasado para o cinema. Decidiu voltar para casa. No meio do caminho ele liga, perguntando onde ela estava. E começam a discutir. Ela se rende e volta para encontrá-lo. Mas não é mais como antes. O que prometia ser uma saída para matar saudade, vontade, matou o amor. O café esfriou. O chocolate era amargo. E estar juntos era um dissabor. Lágrimas e soluços de sobremesa. Ele não pediu para que ela ficasse, nem voltasse, ele bradou mais um daqueles silêncios. Joana pegou a bolsa e foi embora. Em seu Ipod tocava:
“É tão difícil entender Que eu já não vejo em você Aquele alguém que eu conheci E me apaixonei. Já não consigo suportar Você querendo me tocar O meu desejo, a sua voz O que aconteceu?” Luana Gabriela 11/02/2010 Participação Postagem Coletiva
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