amar é pão feito em casa

Ai daqueles 

que se amaram sem nenhuma briga
aqueles que deixaram
que a mágoa nova
virasse a chaga antiga


ai daqueles que se amaram
sem saber que amar é pão feito em casa
e que a pedra só não voa
porque não quer
não porque não tem asa
Paulo Leminski


Te deixarei. Pois é preciso recolher as folhas que caem neste outono, quase sem fim. Te deixarei, pois o vento lá fora é mais forte que meu sussurro em teu ouvido. Te deixarei pois é daquela coisa toda que não tem aqui dentro que precisas. Te deixarei, enfim. No fim. Te deixarei, por mim. Não que não te ame. Não que não te queira. Não que não haja dor, aqui no peito. Não que não haja lágrimas, meu rosto é estático, molhado e vermelho. Não é que não te ame. Amo tanto que te deixo. Pois esse amor, que eu amo tanto, não depende de tua presença para existir. Te amei, desde o princípio, na ausência e assim será no fim. É preciso haver coerência, baby. Somos, seremos, coerentes com essa história quase sem começo e que esquece de acabar. Deixe que as minhas aspas tatuadas te sejam o silêncio mais gritante, deixe que as reticências em minha pele sejam tua continuação... sejamos coerentes com nossas paixões de agora pouco. Eu te pedi para que não me cobrasses, e hoje me cobras. Não te encho de perguntas. Encho-te de exclamações. Sou a letra que falta em tua pele. Sou teu L. Sou Lua, tua. Mas, te deixarei. Pois a lua brilha a todos que conseguem vê-la. Estou na fase cheia. Se assim preferes. É possível ver-me de longe. Distância é o que te peço, hoje. Perdão. Te deixarei. Pois no outono apesar de os amantes esconderem-se nas casas, a lua ainda brilha. Te deixarei, minha estrela favorita. Brilhe também. Por mim. Pra mim.





Luana G.
Abril 2010
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