- Não tem chororô(...) acabou -

“Porque a gente, alguma coisa dentro da gente, sempre sabe exatamente quando termina – ela repetiu olhando-se bem nos olhos, em frente ao espelho. Ou quando começa: certo susto na boca do estômago”. Caio F. Quase seis anos do que alguns chamam de “amizade colorida”, nós dois nunca demos nome. Pouco mais de um mês sem amizade, só colorido. E chamamos de amor. E de repente olhamos pela janela, e nossos céus – aqui e aí – estão cinza. O tempo mudou tão rápido, coisa típica de onde eu moro. E sabemos que tua cidade não é também tão certa quanto à definição das estações. E então o céu escureceu. Um céu sem cor, como canta aquela banda que nós tanto gostávamos. Eu esqueci de te dizer que eles voltaram e que vão tocar mês que vem naquele bar que a gente já conhece tão bem, apesar de não irmos lá faz tempo. Mas agora tanto faz. Jamais poderíamos marcar de ir, nosso namoro era ( e pela primeira vez escrevo no passado), era na folhinha. E não deu certo nem de longe, nem quando estávamos perto. E hoje, ainda que a dor esteja se instalando, aos poucos, sei que é melhor esta distância. Esses quilômetros físicos e esses quilômetros de distância por dentro. Entendo tanto nossos motivos, nossos medos e nossa preguiça. Sim, nossa preguiça. Porque já nos conhecemos tanto que parece que recomeçamos sem nunca termos terminado, há anos atrás. Estranho esse nada que sinto agora. Embora eu possa sentir que com o tempo, com o vento que aumenta, com a chuva que vai cair, a dor está chegando. Mas não agora. Não hoje. Hoje ficou um sentimento estranho, que mistura serenidade e incompreensão. Como se eu já soubesse que isso ia acontecer, mas tivesse acontecido pelos motivos errados. Você me diz que as pessoas que já sabem do nosso fim, sabem do fato, mas não sabem o porquê ele aconteceu. Eu te digo que elas não podem saber o que nem eu sei. Você diz que também não sabe. Então restou esse não saber. Não saber o que fazer com as fotos, as cartas. Como falar de você? Continuo te chamando de melhor amigo? Te chamo de ex? Te chamo quem sabe de ex-melhor amigo?( Existe isso?, me perguntaram ontem). E tudo que começa confuso, acaba confuso. O que começa errado, emaranhado, não pode acabar certo, desenrolado. Aprendemos esta lição. E chego a pensar que vamos tirar dez nas provas. Nunca mais repetiremos esses erros. Seremos em breve mestres nesta matéria. Mas que matéria é essa? Teoria do amor V? AmorxAmizade – teorias. Danem-se as teorias. Aprendemos empiricamente essa verdade. Amor amigo, amigo amor, no começo é tudo lindo. Só é ruim quando não resta nada depois. Não restou nem o lado ruim de ter de te encontrar por aí nas ruas, nos encontros entre os amigos, no festival de teatro da cidade. Não saberei nem os dias em que estará aqui. Porque te pedi, embora eu achasse que não era necessário, que não me ligue. Que não me escreva. Mas te escrevo enfim. Já não sei se você vai ler. Se ler não sei se vai resistir a me responder. Não responda. Não há perguntas a serem respondidas por você. Busco eu as respostas. Porque já não as encontro em você. Já não te encontro mais. Pensei em te escrever tanta coisa bonita que brotava em mim nestes dias que passamos juntos. E quando me perguntavam pra onde eu fui no feriado eu dizia que fiquei aqui. Às vezes me sentia como se estivesse mentindo. Porque eu me sentia no céu. Mas não era o céu. Era só um pedacinho dele que você me trouxe. Junto com teu cheiro, teu sorriso, tua voz em meu ouvido, junto com teus mimos. Não joguei nada fora. Não ficou a raiva ou o sentimento de ter perdido tempo. Fica agora a sensação de quem sabe ter desperdiçado um grande amor, e não como pode pensar aqueles que nos conhecem, o de ter estragado uma grande amizade. Somos mesmo muito esquisitos. Eu, você e esse sentimento. E voltaremos a dormir cedo, já não há para quem ligar de madrugada aproveitando as promoções das operadoras de celular. E já não há. Lá fora começou a chover. Aqui dentro o vento forte anuncia a tempestade, não tenho mais teus braços pra me socorrer. Luana Gabriela 19/02/2010 "Não te tocar, não pedir um abraço, não pedir ajuda, não dizer que estou ferido, que quase morri, não dizer nada, fechar os olhos, ouvir o barulho do mar, fingindo dormir, que tudo está bem, os hematomas no plexo solar, o coração rasgado, tudo bem" Caio F. Abreu

Mas tudo deu um nó

Me disseram que teu sorriso ando sumido, e o que antes era tão colorido se tornou cinza nesse teu dia. Me disseram que teus olhos meios inchados, como se tivessem chorado, estavam naquela tarde. E agora eu já não sei dizer, se me doi mais te ver feliz ou te ver sofrer. E doi também não poder estar aí, pra secar tuas lágrimas, pra fechar teus olhos e descrever nosso futuro, “além do que se vê”. Falei em ver, mas não te vejo mais faz tanto. – Te ver não é mais tão bacana quanto à semana passada (...) mas ficou tudo fora do lugar, café sem açúcar, dança sem par. Você podia ao menos me contar uma história romântica – mas nenhuma história mais me toca, me encanta. Talvez estas sejam minhas últimas palavras sobre o que eu achei que era amor. Andei pensando nas minhas promessas de antes. Quanta mentira eu já disse, sem saber que era mentira. Prometi esperar por alguém toda a vida, disse que o que eu sentia era incondicional, disse que amava. E eu não esperei dois meses, o sentimento incondicional dependia da recíproca, o amor era doce e se acabou. ( Ou não era amor). E então eu acho mesmo que não devo mais falar nada. E essa coisa de não quer falar é antiga (vide o nome do blog), mas só agora me dei conta, de quanta coisa não dita eu guardo aqui – apontei pra garganta. Hoje enquanto eu arrumava o quarto, senti uma coisa estranha um bloqueio parcial da garganta. E pensei agora que devem ser essas palavras. Que são tantas. Boas, ruins. Já são muitas as músicas que não toco mais. E vou largando os versos, os compassos, as páginas, os sonhos, as dores. E fico assim não sentindo. Racionalmente escolhendo não sentir. Alguns dizem que minto pra mim. Outros que é melhor assim. Me perguntaram o que eu faria se te visse aqui de volta. Se me ligasse, pedindo desculpa. Foram capazes de apostar que eu te aceitaria, perdoaria. Mas eu já não sei. O que me fala do que te conheço é que nunca vais ligar reconhecendo teus erros. Se desculpando por tuas mentiras. É capaz de fingir não ver a dor que me causou. Eu li teu último email, eu revi nosso último dia, eu lembrei do seu último telefonema. Aquela música que tocava era nossa, hoje já não sei. Não temos nada nosso. Eu quis saber onde você estava - bem que você podia me ligar, como vai o que tem feito? Disfarçaria pra não dar nenhuma bandeira, pra fingir que tá tudo certo ... – Porque eu queria mesmo ouvir tua voz hoje. Nesse dia tão estranho, que eu lembro de você, e o pranto não me chega, e meu rosto continua seco... e penso que talvez está mesmo, apesar de tanta chuva, muito seco tudo aqui dentro. E isso me assusta. Eu não era assim antes de você.
Luana Gabriela
20/02/2010
"Á primeira vista todo risco é ameaça e o medo que a gente passa cimenta os pés no chão." JV

Pedras me ensinaram a voar

Pedras me ensinaram a voar

O amor me ensinou a mentir

A vida me ensinou a morrer Assim, não é difícil cair Quando você flutua como uma bala de canhão

Cannonball - Damien Rice

Pesado. O ar que respiro aqui entre as paredes outrora cheias, agora já não mais, de fotos nossas. Você me ensinou a sofrer. A garota que antes era só risos, hoje chora um pranto quase forçado, porque seu amor me ensinou a ferir, fingir, mentir. Verbos que para mim nunca combinaram com poemas de amor. A garota que você conheceu entre agudos de guitarra e solos de contrabaixo, já não existe mais. Ficou essa daqui. A garota de versos copiados de Caio F., que não consegue compor uma linha sequer de uma música clichê que rime amor com dor. – O que restou do céu – As grades na janela devem me proteger, mas não me defendem do perigo maior que é você. Me consumindo, me sufocando. O ar está pesado. Embora uma das paredes seja azul, aqui o sol já não brilha faz tempo. Coisas da modernidade com aquelas cortinas blackout. Falando em modernidade, ando meio avessa a ela. Coisa chata essa de se falar apenas pelo telefone, pela internet. Penso que essa coisa de globalização nos aproxima de quem está longe, mas nos distancia de quem está perto. Não conhecemos nosso vizinho , mas falamos com alguém que mora no Peru. Falo por mim que tenho um amigo de internet peruano e não sei o nome do meu vizinho. Mas quer saber? Já não me importa nada agora. Dane-se que essa gente toda quer conversar cada vez menos com seus pais e cada vez mais e mais superficialmente com aquele lá que mora em Pernambuco, Bahia, ou Florianópolis. México,quem sabe Paris? Mas veja só que nem sorte para isso tenho, me aparecem peruanos mas nunca franceses. Dane-se essa sorte que não ligo mesmo mais para Paris e essa Europa falida socialmente. Aliás, quase me esqueço de dizer. Dane-se tudo.

Não sei porque ainda mandas trazer tuas roupas da lavanderia para cá. Você demora a buscar eu rasgo todas. Guardei apenas aquele moletom que te dei no último aniversário,aquele que você usa na foto do seu msn, então este eu guardei. Porque ele é muito bom e faz muito frio aqui. Você pode se sentir culpado se um dia chegar a ler isto que agora escrevo, ainda mais culpado se sentirá se antes dessa ler todas as páginas que abrigam meus versos sem resposta de como tudo estava bem, e agora escrevo de como tudo nunca fica bem pra sempre. E você também não ficará bem pra sempre. Digo pra sempre aqui na Terra, que quanto ao teu pra sempre eterno não me cabe decidir , e isso é bom pra ti. Senão eu cantava mesmo - Vá pro inferno com seu amooooorrrr – Mas é que lá no inferno não há amor. E sabe não te desejo mal. Você nem mesmo me traiu. Tua sinceridade e coragem me encantam desde sempre. Com a calma que te é implícita – De onde vem a calma que esse rapaz consegue fingir ? – chegou, destilou tuas verdades, sobre minha importância, sobre nossa paixão, disse que estava indo, talvez voltasse, talvez não. Foste sincero para dizer que ainda não sabia se daria certo com ela, se não desse voltaria. Lembrei então de um certo dia, no ensaio, que eu te sorri e disse eu te espero a vida toda se preciso for. Mas naquela hora eu te avisei que era mentira, eu não esperaria. Eu não esperei. Você deveria saber, eu não sei esperar. Não te esperei. Você pegou poucas roupas, poucos livros, disse que no dia seguinte voltaria para buscar o resto antes que eu voltasse do trabalho. Mas no dia seguinte não fui trabalhar. Você também não veio buscar nada. Mas te aviso que já não há nada para buscar. As roupas que deixou eu dei, as que a lavanderia entrega eu rasgo, os livros ( que não passavam de dez) doei a biblioteca municipal, farão bom uso. Ao contrário de você que é um inculto. Que me criticava por gastar dinheiro com livros. Mas veja só, agora que você se foi são eles que me fazem companhia. Também foram eles que me acolheram quando você sumia dois dias seguidos. Me sinto tonta. Não como desde que você fechou a porta. Não sei bem quando foi, mas deve fazer uns três dias. Não se preocupe não vou cair ou perder o equilíbrio com esta tontura boba. Não, também não é labirintite. Não há mais equilíbrio para eu perder. Não vou cair quando já estou deitada. Não posso perder o que você levou. Você me ensinou a viver, a vida me ensinou a morrer. Mas me lembro que até mesmo as pedras, pesadas e frias voam quando lançadas e encontram abrigo num colo amigo, ou num rio com aquelas que lá estam. E então me lanço. E vou. E encontro lá fora na rua, diante de mim aqueles que todo dia fluam sobre o ar pesado dessa capital. E encontram-se frios e pesados com aqueles que lá estam. Sou só mais uma então.

Luana Gabriela

17/02/2010

Participação no Postagem Coletiva , entra lá e confere outros textos que participam este semana.

- Bb -

Imagem: Kurt Halsey
Dear baby, eu fico aqui nestes dias tão estranhos, quando o sol vai dormir tarde e a lua me acorda cedo, fico sempre pensando em você. Nessa vida que nos aproxima e nos distancia como se fôssemos as molas coloridas da infância já perdida. E penso que também nós vamos nos perdendo. Nunca fui alguém fácil de dobrar. Não sou maleável. Você me liga e me pergunta da maneira mais clichê possível, onde estou e com quem. Te respondo que estou bem, que amanhã nos falamos. Não fui educada a dar satisfações. Fui educada a ser fiel sem precisar alarmar meus feitos. Te sou fiel no silêncio das respostas que me pede. E fico aqui em meio às gentes todas, felizes, satisfeitas, enganadas, fico aqui eu sem você. Com pedaço de mim sentado em outra mesa, quem sabe deitado em outra cama. Fico aqui só te pensando. E penso que além dos dias, a vida também é estranha. E te peço, mesmo sem palavras, (embora eu as escreva agora, e você vai lê-las) que não demore a voltar. E como se Deus me ouvisse, toca no rádio que você ouve (que eu passei a ouvir também), uma música velha, mas que é nova pra nós que nunca gostamos dessa banda. Deus que sabe tudo, me faz prestar atenção na letra e ela diz:“Sinto sua falta, não posso esperar tanto tempo assim "O nosso amor é novo, é o velho amor ainda e sempre (...)”. Esse velho amor de tanto anos, que me é tão novo. Que nos é tão estranho. Nem sempre amigo, nem sempre amor. Um orgulho ferido. Uma culpa abafada e grita ao mesmo tempo. E se eu soubesse que era você meu amor eu teria perdido tanto tempo? Mas esse tempo que passou não teríamos nós dois aprendido? – Você que sabe tudo, de todo mundo que passou por minha vida. Você meu diário ambulante, meu confessionário 24 horas. Você minha saudade mais real, meu amor mais inventado. E criamos nós essa vida. Você tão igual a mim, que também não diz com quem está nem que horas volta. Penso que talvez só dê certo porque há esse espaço físico de ..quantos quilômetros mesmo? Porque a saudade me mata, mas também me faz te querer mais. E nosso compositor cria então uma canção de amor. Eu sou a letra, você a melodia. Mas para os meus ouvidos estamos desafinados, em desarmonia. Chega mais perto pra eu ouvir o tom em que bate teu coração. E aí sim, entrar no teu compasso. Luana Gabriela 11/02/2010
**************
Aqui o compasso é diferente!
Bate no contratempo.

Meu papelão!

Minha humilde colaboração para o blog mais criativo que já vi. Amor de papelão, de responsabilidade do blogueiro mais gentil,Ivan. Não se contente só com este papel, lá é praticamente uma cooperativa de catadores. No melhor sentido da expressão. Obrigada pelo carinho Ivan. E pra variar chove em Curitiba!

E o que tiver que ser será

A tarde caía. O céu um laranja, o escuro apontando longe. Mas sentia como se fosse perto. Um escuro completo. Um espaço, sem ponte, entre ela e ele. Um espaço vazio onde tudo passava, e nada os atingia. Imersos em seus afazeres, diários, semanais, passava também a vida por eles, passava o amor. Não haviam completado ainda seis meses, e tudo já estava diferente. Agravavam-se o humor instável dela, às vezes ele desconfiava que sua amada era bipolar e o ausente humor dele. Café com chocolate pela tarde e à noite uma refeição cheia de amargos desentendimentos. Não mais se sentavam à mesa juntos. Não sabia dizer onde aquilo havia se perdido. E desconfiava que não o amava porque amor não se perde assim, imaginava. Ela estava atrasada para ser feliz, olhou o relógio, e ele estava como de costume atrasado para o cinema. Decidiu voltar para casa. No meio do caminho ele liga, perguntando onde ela estava. E começam a discutir. Ela se rende e volta para encontrá-lo. Mas não é mais como antes. O que prometia ser uma saída para matar saudade, vontade, matou o amor. O café esfriou. O chocolate era amargo. E estar juntos era um dissabor. Lágrimas e soluços de sobremesa. Ele não pediu para que ela ficasse, nem voltasse, ele bradou mais um daqueles silêncios. Joana pegou a bolsa e foi embora. Em seu Ipod tocava:
“É tão difícil entender Que eu já não vejo em você Aquele alguém que eu conheci E me apaixonei. Já não consigo suportar Você querendo me tocar O meu desejo, a sua voz O que aconteceu?” Luana Gabriela 11/02/2010 Participação Postagem Coletiva

- do nada -

E derrepente a gente sente que já não sente mais que existe "a gente" .

Luana Gabriela

- do nada -

E derrepente a gente sente que já não sente mais que existe "a gente" .

Luana Gabriela

Porque toda musica está me dizendo que desta vez é sobre o nosso amor - LJ

Acordo no meio da madrugada com tuas palavras: “Se virou e alcançou o céu,E a última estrela,Nada deixava passar,Tudo lembrava ela” E percebendo tua angústia, a dor de não estar ao meu lado para poder ao menos te enrolar em meus braços, beijar teus olhos, cheirar teu cabelo, e te sorrir dizendo: eu também, sem que você tenha dito nada. Não entendo muito, mas penso que o medo de te perder pra sempre, quando eu tinha você tão perto foi o que despertou não o amor, que já estava aqui, mas a coragem de aceitar que eu amava alguém que já tinha visto meu pior. Aceitar que dentro de mim vivia há anos, um carinho tão grande por alguém que eu mesma havia ferido. Aceitar que teu jeito era o mais adequado para o meu, sendo tão diferente. Aceitar que sinto por você uma atração física, pois teu corpo alto, teus olhos pequenos, tua pele clara, teu cabelo escuro, me encantam desde o primeiro dia. E amigos não se desejam sendo só amigos. Aceitar a dependência opcional do teu carinho. Sei que você me entende quando digo isso. Aceitar que perdi meu tempo longe de você, por opção, e agora longe sem poder escolher. Como me doi essa distância, de quase dez horas, antes não passava de 15 minutos. Sei que não tem sido fácil. Sei que também eu não tenho colaborado muito. “Errei pela primeira vez quando me pediu a palavra amor, e eu neguei. Mentindo e blefando no jogo de não conceder poderes excessivos, quando o único jogo acertado seria não jogar: neguei e errei. Todo atento para não errar, errava cada vez mais.” Caio Fernando Abreu. Outra vez faço uso de palavras alheias, e me escorrem lágrimas pela dor que sinto em não conseguir falar, em não conseguir confessar. Fico com medo de parar de sentir. Não por achar que você não merece, que não vale a pena tentar. Mas por algo que dentro de mim, lateja – culpa. Por saber que podia hoje te ter aqui comigo e te respondo: “Quando a chuva cai, nas noites mais solitárias, lembre-se que sempre estarei aqui.” E te desenho um coração... E olho pela janela a chuva que bate por aqui também. E chego a sentir teu cheiro, teu calor e ouvir tua voz me chamando, amor. Me dizendo que acha minhas costas linda, me protegendo do frio com teu moletom azul. E o que sinto não é saudade, é angústia. Como se me faltasse um pedaço, não metade, mas quase tudo. Porque quando você foi embora, há quase 20 dias, o que ficou aqui, foi o que você não quis levar. A minha culpa, o meu medo, a minha insegurança. Que são pequenos, se comparados ao amor que você levou. Te escrevo isso e já adivinho tua resposta, “vê se fica bem pois deixei com você um amor que é teu e é imenso.” Por que você não larga tudo e vem me buscar? Te perguntei da última vez. E o que posso escrever sobre tua resposta curta? E cito nosso cupido Carpinejar : (Minha) aliança nem conheceu minha mão direita. Mal cumprimentou. E te digo, aquela palavra de três letras, SIM, que pra mim tem um sinônimo que é aquele que não digo, mas sinto, e escrevo. AMO. Luana Gabriela 09/02/2010
Trilha: "Ela e eu e um começo novo em folha Eu preciso dar todo o meu amor Eu tenho tempo para me organizar O que é um dia quando os anos estão a caminho? " Little Joy

Segredo

Para tomar uma decisão é mais correto analisar o que se pensa do que o que se sente.
É por isso que nosso coração é pequeno e nosso cérebro é grande.


Luana Gabriela
06/02/2010

Segredo

Para tomar uma decisão é mais correto analisar o que se pensa do que o que se sente.
É por isso que nosso coração é pequeno e nosso cérebro é grande.


Luana Gabriela
06/02/2010

[Do piscar dos cílios, Que o convite do silêncio, Exibe em cada olhar]

Imagem: Kurt Halsey
Quando alguém conhece nosso pior e se apaixona por ele, daí é que ficamos com vontade de melhorar. Fabrício Carpinejar Foi um dia lindo hoje, mas só lá fora o sol brilhava. Aqui dentro uma tempestade de emoções. “Daí penso coisas bobas quando, sentado na janela do ônibus, depois de trabalhar o dia inteiro, encosto a cabeça na vidraça, deixo a paisagem correr, e penso demais em você.” Caio F. Baby, como te queria, pra sentar, colocar a cabeça pesada e cansada em teu colo. Pra suspirar as dores, os amores. Queria tanto, voar pra teu canto. Ter sua voz ao meu ouvido embalado pelo vento, mas que jeito? No caminho de volta pra casa, vi lá em cima, um avião e como queria que fosse eu ali a voar pra ti. Ou então, quem sabe, você descendo logo pra me abraçar. Com aquele abraço que eu tinha e não dava valor. Com aquele abraço de urso que você me dava toda noite, meu amor. Que saudade de passar os dedos por teu rosto, reclamar do teu cabelo, que saudade tenho do teu sorriso que deixa os olhos pequenos. Porque tudo demorou tanto pra acontecer e ao mesmo tempo aconteceu tão rápido? Porque você que estava ao meu lado sempre não está agora que nos descobrimos apaixonados? Eu sei, não se culpe. Não há resposta. Falei sobre tua cidade hoje à tarde, disseram-me que o clima é parecido com o daqui, eu nem mesmo sentiria muita diferença. Porque você não volta e me leva? Mas por outro lado, tá tudo se ajeitando aqui. Eu penso em tudo isso enquanto o telefone toca, é você. Não te atendo. Você sabe que nunca atendo na primeira vez. Fico testando você. Fico me testando. Eu queria tanto te ligar de manhã, pra contar do sonho que hoje eu tive. Era bobo, mas você se interessa por tudo. E fico me perguntando como pode ser, se você já viu o meu pior. Assim tão declarado. O que se pode esperar de quem mentiu, estando ao teu lado? E você me pede pra esquecer o que passou, “já faz tanto tempo, eu nem me lembro”, você diz depois de meu milésimo pedido de desculpas. E como mudamos nesses cinco anos. Mas também não mudamos nada. Tive boas notícias hoje, vou te escrever pra contar. Escreva-me, aquelas tuas frases desconexas, que pra mim fazem todo sentido. E a gente brinca que nossa história é tão lógica quanto dois e dois dar cinco. E você sabe que eu nunca fui boa em matemática. Agora toca aquela música, a nossa. "Pra você guardei o amor Que nunca soube dar/O amor que tive e vi sem me deixar/Sentir sem conseguir provar Sem entregar/E repartir". Nunca fui boa em nada. Mas você acha que sou. E eu acredito em você, embora desconfie de mim. Já começo a me contradizer e te escrevo de novo. E chego a sussurrar que acho que te amo. Luana Gabriela 05/02/2010 "Achei Vendo em você E explicação Nenhuma isso requer" Nando Reis

¨Guardo para te dar, as cartas que eu não mando¨

"Guardo para te dar/ As cartas que eu não mando/ Conto por contar/ E deixo em algum canto" Sim escrevo muito. Você pode pensar. Mas não é nem metade do que sinto. Porque calei os melhores e os piores sentimentos que tinha por você. Assim mesmo, no passado. Ambos os jeitos. Porque já não sinto nada, embora às vezes sinta sim, uma profunda raiva de ti, de mim. Como pude acreditar em tuas mentiras, sabendo qual seria o fim desse romance que eu inventei? Eu inventei a história e você o personagem, que belos roteiristas somos nós. Escrevemos um romance longo, com final quase previsível, que se tornou ao decorrer do ano uma história de prisão voluntária, quase obsessão, um dramalhão mexicano – minha terapia ainda vai me explicar o fascínio que tenho pelos nomes duplos. O que preciso te dizer, dentre tantas outras coisas, é que não fomos amigos, como você disse que éramos. Prova disso é este silêncio deste de que você encontrou alguém. Eu te contaria agora do meu novo romance ainda mais distante daquele de dois anos. Embora os quilômetros sejam muitos, ainda o sinto mais perto do que sentia você. Tão próximos, e tão distantes. Você confessou que mantinha a distância que achava melhor. Só esqueci-me de te perguntar: melhor pra quem? Você faz drama e me diz para não me culpar. Me culpar pelo que? Por ter tentado amar você? Por ter acreditado que você mereceria esse amor que eu me esforçava para sentir? Me culpar porque você não era nem- de- longe o que achei que era? Me culpar pelo tempo que perdi? Pelas palavras bonitas que tanto te escrevi, e te disse e satisfizeram seu grande ego? Me culpar porque você é um ser digno da minha pena, digno dos piores sentimentos que eu poderia ter? Me culpar porque você é egoísta? Prova que você não me conhece. Esse um ano que passou, não serviu mesmo para nada além de alimentar tua auto-estima, naquele momento baixa. Você não sabe quanta gente já recebeu de mim esse mesmo bem que você acha ter recebido. Você nunca foi meu amor. Eu nunca disse que te amava. E acho, sempre achei, mesmo naquela época, medíocre o modo como eu tentava ignorar os teus defeitos, tuas desculpas para não poder me ver nunca, e exaltava as pequenas coisas boas que você fazia. Eu não queria te escrever. E não havia escrito nada até agora. Mas sabe como é as palavras me sufocam. Você me dizia sobre como sua vida estava uma bagunça. Eu te falava sobre o caos da minha. Fiz de você um momento de calmaria na tempestade dos meus dias. Você me dizia sobre a verdade dos ex-amores seus, e eu não percebi os sinais da tragédia do porvir. Você me dizia sobre teu sonho de ter alguém para fazer sorrir, e mesmo sem saber eu te fui esse alguém. Rio das tuas mentiras. Todos os meus ex são hoje meus amigos. Houve respeito, sinceridade de ambos os lados. Não me enquadrarei na sua lista de ex. Mas serei mais uma a figurar eternamente ausente em tua vida. E você será único, como pretendia desde o início. Um misto de sonho e pesadelo. Era apenas uma brisa noturna, virou o barco da minha segurança quando se tornou tempestade. Um belo drama, uma comédia romântica, novela mexicana, tramas, verdades, mentiras, culpas, outras pessoas envolvidas, traição. Traição tua, e não comigo, com teu amigo. Disseram-me que nossa história daria para escrever um livro. Quem sabe? Você dizia que eu tornava coloridos os teus dias, e você sempre soube que eu prefiro os dias com o céu cinza. Você partiu e eu tomei o cuidado de fechar a porta. Na minha vida você não entra mais. Mas, pela minha experiência, sei que você vai voltar a bater em minha porta, portanto deixei um recado resumindo tudo que eu queria te dizer. E o que eu queria mesmo te dizer é...EU NUNCA TE AMEI IDIOTA. "Acho que não consigo mais chorar Acho que minha dor já não me assusta mais E passei tanto tempo acreditando em sentimentos amordaçados por você Tantas noites acordado procurando meus erros Me culpando por seus medos Sendo que todo o pesadelo foi criado por você
(...) Seja feliz com suas mentiras"
Square
Luana Gabriela 17 /01 e 02/02 - 2010
Participação em Postagem Coletiva.
Confira os outros textos.
*****************
Brisa leve - Aqui!

- Eu quis dizer... -

Você reclama que sempre parto sem me despedir
Explico:
Não me despeço porque sei que volto
Pois é sua a porta que encontro aberta
sempre que preciso de um colo

Luana Gabriela
29/01/2010

- Eu quis dizer... -

Você reclama que sempre parto sem me despedir
Explico:
Não me despeço porque sei que volto
Pois é sua a porta que encontro aberta
sempre que preciso de um colo

Luana Gabriela
29/01/2010

- Eu quis dizer... -

Você reclama que sempre parto sem me despedir
Explico:
Não me despeço porque sei que volto
Pois é sua a porta que encontro aberta
sempre que preciso de um colo

Luana Gabriela
29/01/2010

- Eu te peço perdão por te amar de repente - V.M.

“Fico quieto. Primeiro que paixão deve ser coisa discreta, calada, centrada. Se você começa a espalhar aos sete ventos, crau, dá errado. Isso porque ao contar a gente tem a tendência a, digamos, “embonitar” a coisa, e portanto distanciar-se dela, apaixonando-se mais pelo supor-se apaixonado do que pelo objeto da paixão propriamente dito.” Caio F. G, Fico tentando provar para mim mesma, o quanto tudo isso não pode dar certo. E você arduamente tenta me provar o contrário. E ficamos nessa guerra, eu tentando e você conseguindo. Perceba tudo que não digo. Sei que é capaz, porque você sempre faz isso. Quando eu fico quieta depois de algo bonito que você fala. Você entende que eu do outro lado do telefone (distante 711 Km de você), tenho medo. Um medo disfarçado de silêncio. Um silêncio que tem medo de ser “sim”, de ser “eu também”. E este trecho que te escrevo no começo, foi Caio F. falando da tua cidade. Sua cidade foi sempre minha segunda opção para morar, você diz que a minha sempre foi a sua segunda opção. Então, meu bem, eu te pergunto agora o que é que a gente faz? Debaixo de qual céu, seremos nós? Talvez você não tenha entendido. Você me perguntava o porquê não me inspirava, sem saber que pra você já tenho muitas cartas guardadas. E eu parei de tentar me esconder. Você é o motivo mais válido pra eu me contradizer, e acreditar que de longe dá pra amar. Saudade já não sei se é palavra certa para usar. Te espero então. Te quero, e te respondo: Eu também. Tenho muitas outras coisas pra te dizer. Mas fico quieta. Porque você é capaz de descrever meus defeitos – como já fez – e me amar mesmo assim, também te quero inteiro com qualidades e defeitos. Te quero real. E superaremos a distância, não superaremos? Da tua guria, PS: E a partir de agora ficarei quieta. Caio F. sabia do que estava falando.
Luana Gabriela 31/01/2010
<< >>