Se soubesse seu nome, seria o título deste texto



Sinto falta de um sorriso, de uma voz em meu ouvido. De dedos dedilhando meu cabelo, de massagem nos meus dedos, de repouso pro meu amor. Porque eu mesmo quando não estou amando, ainda amo. Sinto falta de acordar e ganhar beijos nos olhos, de alguém reparando na cor do meu esmalte toda semana, de alguém reclamando que passei gloss. Sinto falta de sms´s com músicas inusitadas pra falar dos sentimentos mais clichês, sinto falta de entender porque eu, se eu não sou ninguém.

Sinto falta de receber ligações curtas e muito significativas “liguei pra dizer que te amo, tchau”. Sinto falta de ter de dar explicações: Como assim está namorando e não me diz? Sinto falta de ter vontade de assistir filmes, ou de dormir no ombro aconchegante na sala do cinema. Eu sinto falta de mim quando amo. Do mundo bonito e cheio de esperança que eu vejo mesmo quando assisto telejornal. Sinto falta de abraço, de colo, de pequenas brigas e até de longas discussões. Sinto falta de não ter o que responder quando me perguntavam: Pra onde está indo esse relacionamento?

Sinto falta de ter alguém em quem pensar antes de dormir e logo ao acordar. Sinto falta de ter vontade de ler textos românticos – eu não leio mais – nem vejo filmes bonitos. O que eu ando lendo mesmo são cadernos de economia e filmes de ação, eu levanto pra pegar pipoca nas cenas bonitas. Eu não quero ver o que eu não vivo mais.

O mais triste, ou talvez não, é que não sinto falta dele. Do ex. Sinto falta de parte do que ele me dava, mas mais ainda, sinto falta do que ele não soube me dar. Sinto sede de proteção, segurança, mimo, romance. Um amor que transborde, não só em mim. Um amor de mais ações e menos palavras. Mais voz e menos e-mails. Mais domingo à tarde, que segunda à noite. Talvez menos intenso e mais longo, quem sabe pra sempre? Um amor mais possível. Um amor menos dramático, que eu não precise simplesmente abandonar tudo que sou e acredito. Um amor em que eu possa ser eu. Um amor em que ele possa ser ele e que me seja o suficiente. Que eu não cobre o que ele não pode me dar. Que eu apenas sinta sede da água que posso beber.


Luana Gabriela
22/12/2010

“Já não me lembro do seu rosto
Depois de tanto tempo, nem consigo ouvir sua voz
Já não tenho mais certeza se o passado é real
Quando não restam vestígios que provem que não enlouqueci”.
Esquizofrenia – Square


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