minúsculos

te escrevi só pra dizer que ainda te desejo coisas boas. te escrevi isso três meses depois de ter escrito tudo que eu estava sentindo há tanto tempo. você respondeu. permaneci em silêncio, apenas lembrando, quase diariamente, o que me fez tomar a decisão de me afastar, de sair da sua vida e te pedir pra sair da minha.

e hoje, quando você respondeu, você escreveu o que todo mundo me dizia pra nunca esperar que você fizesse: você pediu desculpas, assumiu, com todas as palavras, que eu faço falta. chorei. como não fazia há mais ou menos três meses. chorei por perceber que infelizmente, essa falta que você sente, eu não sinto. e dói não poder dizer eu também sinto sua falta. e eu não sinto agora, porque durante quase dois anos eu senti sua falta, quando ainda estávamos juntos. e isso sim, era triste demais. isso me machucou demais. 

de maneira alguma você deixou de ser importante, eu deixei de te desejar coisas boas, só que eu as desejo pra mim também e há muito você já não estava relacionado às coisas boas. era você e a irritação. você e o sentimento de abandono e traição. você e o sentimento de desprezo. eu me afastei, eu te afastei e junto também foram embora todos esses sentimentos ruins. assim, sem eu perceber, exatamente como foram embora os sentimentos bons do início. você e o conforto. você e a aceitação. você e a segurança. você e o apoio. 

me apropriando do título de garcia marquez, isso aqui é a crônica de uma morte anunciada. eu previ cada um desses momentos, durante todos esses anos. e nada mais me surpreende quando o assunto somos nós. mas tudo, exatamente tudo, ainda me emociona, me tira de mim, ou me coloca de volta no prumo. você. eu. a vida e suas incertezas. eu e nosso quase amor. eu e nossa quase amizade eterna. eu, você e tudo que nunca vamos entender. 
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