Minha alma congelando racional, apenas pra se sustentar. (Square)


É claro que preferia ser a outra. Aquela que ria, se apaixonava, sofria e continuava a acreditar no amor. Não deixei de acreditar que ele exista, deixei de acreditar que ele exista pra mim. Não sinta pena. Porque sofro bem menos do que sofria antes. Posso perceber choro muito menos agora. Quando sinto a falta dele (do amor e não de alguém específico) eu lembro que não é racional sentir falta do que não se teve. E então eu sorrio e penso que pode ser sempre assim. E existem os livros, os amigos, aquela pessoa pra quem você liga quando quer receber carinho, aquele ex-amor, atual amigo, que sempre te atende, que sempre tem palavras lindas pra dizer sobre você.

E aí quando você desliga o telefone e pensa: eu poderia me apaixonar por ele de novo, e a racionalidade chega e você lembra que não é ele quem você quer. Você quer alguém mais normal, com sonhos, planos, e não alguém que esteja apenas esperando a vida passar. Alguém que não tente controlar o que sente - você esqueceu que se tornou alguém assim. Você esqueceu que se tornou exatamente o que não queria ser. Alguém que não se preocupa com o sentimento dos outros, o importante é que não te magoem, que você não se machuque. Porque seu coração tem estrias. Enche de amor, esvazia. Enche, esvazia. Eu sei, é triste. Se não estivesse eu escrevendo este texto, eu ficaria triste e com dó de quem o escreveu. Mas com o tempo passa. 

Pode ser que a verdade esteja escondida bem fundo em mim, em um lugar onde ninguém ainda conseguiu chegar. Talvez seja um lugar escuro, protegido por espinhos, com obstáculos como cicatrizes. Tem que chegar delicadamente, sem que eu perceba, e quando eu me der conta já esteja instalado, que seja guardião dessa preciosidade chamada esperança no amor, esperança nas pessoas.  Que seja delicado pra procurar sem me machucar, acima de tudo. Já que me curar é impossível.

 Luana Gabriela
16/12/2010
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