Desejo


Para ler ao som de: Dois - Tiê

Te desejo o Sol, mesmo que eu prefira os dias de chuva. Te desejo nuvens, em formas divertidas. Te desejo companhia para imaginar as formas das nuvens. Te desejo dor, pra valorizar o riso. Te desejo euforia, pra valorizar a alegria profunda de às vezes poder ser triste. Te desejo a sinceridade de um beijo negado, de uma verdade incômoda, de um caminho com pedras e espinhos. Te desejo amor. Seja como for. De uma amizade colorida, de um namoro escondido, de um beijo roubado, de um beijo pedido, amor de amigo, amor de irmão, amor de amante, tudo junto.

Te desejo letras, músicas, mar, chuva. O peso do rock, a calmaria da bossa nova, a improvisação de um espetáculo teatral, a edição de um blockbuster. Te desejo um poema por dia, uma vida por segundo, um documentário por noite. Te desejo vida. Contato. Comunicação. Verdade. Solidão. Companhia. Tempo, correria. Café para acordar, chá pra acalmar, amor para viver. Te desejo que você tenha os mais lindos desejos. Um violão na mão, um ombro ao lado pra descansar a cabeça, um colo para repousar. Te desejo dias dedilhados, abafados, amplificados, musicais. Te desejo a rima guardada, grudada nos dedos, o cheiro de beijo, de chuva no ar.

Te desejo páginas de crônicas, romances, reportagens, mentira reais e inventadas, pra gente viver mais. Te desejo um amor digno de canções do Roberto Carlos. Um amor digno das crônicas do Carpinejar. Te desejo a profundidade e a leveza do ser; e de se deixar ser e deixar o outro ser e quem sabe ser dois, ser nós; ter laços. Te desejo abraços dados, partidos, coletivos, gratuitos. Te desejo lágrimas pra alimentar teu riso. Te desejo. E basta. Me deseje também. Amém.

 
Luana Gabriela
26/12/2010

 

Se soubesse seu nome, seria o título deste texto



Sinto falta de um sorriso, de uma voz em meu ouvido. De dedos dedilhando meu cabelo, de massagem nos meus dedos, de repouso pro meu amor. Porque eu mesmo quando não estou amando, ainda amo. Sinto falta de acordar e ganhar beijos nos olhos, de alguém reparando na cor do meu esmalte toda semana, de alguém reclamando que passei gloss. Sinto falta de sms´s com músicas inusitadas pra falar dos sentimentos mais clichês, sinto falta de entender porque eu, se eu não sou ninguém.

Sinto falta de receber ligações curtas e muito significativas “liguei pra dizer que te amo, tchau”. Sinto falta de ter de dar explicações: Como assim está namorando e não me diz? Sinto falta de ter vontade de assistir filmes, ou de dormir no ombro aconchegante na sala do cinema. Eu sinto falta de mim quando amo. Do mundo bonito e cheio de esperança que eu vejo mesmo quando assisto telejornal. Sinto falta de abraço, de colo, de pequenas brigas e até de longas discussões. Sinto falta de não ter o que responder quando me perguntavam: Pra onde está indo esse relacionamento?

Sinto falta de ter alguém em quem pensar antes de dormir e logo ao acordar. Sinto falta de ter vontade de ler textos românticos – eu não leio mais – nem vejo filmes bonitos. O que eu ando lendo mesmo são cadernos de economia e filmes de ação, eu levanto pra pegar pipoca nas cenas bonitas. Eu não quero ver o que eu não vivo mais.

O mais triste, ou talvez não, é que não sinto falta dele. Do ex. Sinto falta de parte do que ele me dava, mas mais ainda, sinto falta do que ele não soube me dar. Sinto sede de proteção, segurança, mimo, romance. Um amor que transborde, não só em mim. Um amor de mais ações e menos palavras. Mais voz e menos e-mails. Mais domingo à tarde, que segunda à noite. Talvez menos intenso e mais longo, quem sabe pra sempre? Um amor mais possível. Um amor menos dramático, que eu não precise simplesmente abandonar tudo que sou e acredito. Um amor em que eu possa ser eu. Um amor em que ele possa ser ele e que me seja o suficiente. Que eu não cobre o que ele não pode me dar. Que eu apenas sinta sede da água que posso beber.


Luana Gabriela
22/12/2010

“Já não me lembro do seu rosto
Depois de tanto tempo, nem consigo ouvir sua voz
Já não tenho mais certeza se o passado é real
Quando não restam vestígios que provem que não enlouqueci”.
Esquizofrenia – Square


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“Que medo alegre o de te esperar”. Clarice Lispector

Era uma garota sozinha. Uma garota com olhos fundos, castanhos, pele branquinha, cabelo cada mês de uma cor. Era um garoto sozinho. Ainda não se via a cor dos olhos nem da pele. Pode ser parecida com a dela, pode ser que não. Algo que cresce devagar, que nasce pra mudar uma vida, é uma nova vida a dois. Era um sonho que se realizava. Era o amor materializado. Era tudo de que precisava, alguém que precisasse dela.

Ela canta pra ele, músicas tão calmas quanto o lento piscar dos olhinhos dele. Lá dentro. Às vezes as músicas não têm letras, às vezes tem uma frase só: Eu te amo. Dizem que pode ouvir, embora pareça longe, estando tão perto. Vezenquando ele manda um recado, cutuca, faz ela sofrer um pouquinho, mas ela já aprendeu não existe mesmo amor sem dor. Era seu pequeno lar. Era ali que ela passaria a morar eternamente, e enquanto ele crescer, porque amor se alimentado só cresce, e ele era o amor em carne viva, ela diminuiria um pouco mais. Não há espaço para “eu” depois que ele passa a existir. O amor respira. O amor chora. O amor sangra. O amor tem vida e pode morrer. O amor é ele. Aquele pequeno pedaço de céu que é seu e de ninguém mais.

Ela sussurra algumas palavras de madrugada, como “te esperei tanto”, e acredita que ele possa ouvir, mesmo se estiver dormindo. Ele é lindo, mesmo quietinho. Apesar de ainda pequeno, a preenche tanto que não há mais vazios. O amor ocupou tudo. Ela transborda de amor. Anda por aí, sorrindo, o dia cinza e ela sorri. A chuva cai e ela sorri. "Vamos passar por tudo juntos, “estarei sempre aqui”, porque amor mesmo que longe, a gente ainda pode sentir. Passaremos noites acordados, dormiremos de dia, sonharemos nuvens de algodão, pelúcias de travesseiro, passearemos pelos parques, brincaremos nas balanças como os casais de filmes, dormiremos no sofá durante os filmes, acordaremos já cantando. E mesmo quando a gente brigar, ainda vai ser por amor. Jamais seremos sozinhos, eternamente teremos um ao outro. Eu já te amo tanto que tenho medo de você não chegar", adormeceu sonhando.


Luana Gabriela
17/12/2010

Minha alma congelando racional, apenas pra se sustentar. (Square)


É claro que preferia ser a outra. Aquela que ria, se apaixonava, sofria e continuava a acreditar no amor. Não deixei de acreditar que ele exista, deixei de acreditar que ele exista pra mim. Não sinta pena. Porque sofro bem menos do que sofria antes. Posso perceber choro muito menos agora. Quando sinto a falta dele (do amor e não de alguém específico) eu lembro que não é racional sentir falta do que não se teve. E então eu sorrio e penso que pode ser sempre assim. E existem os livros, os amigos, aquela pessoa pra quem você liga quando quer receber carinho, aquele ex-amor, atual amigo, que sempre te atende, que sempre tem palavras lindas pra dizer sobre você.

E aí quando você desliga o telefone e pensa: eu poderia me apaixonar por ele de novo, e a racionalidade chega e você lembra que não é ele quem você quer. Você quer alguém mais normal, com sonhos, planos, e não alguém que esteja apenas esperando a vida passar. Alguém que não tente controlar o que sente - você esqueceu que se tornou alguém assim. Você esqueceu que se tornou exatamente o que não queria ser. Alguém que não se preocupa com o sentimento dos outros, o importante é que não te magoem, que você não se machuque. Porque seu coração tem estrias. Enche de amor, esvazia. Enche, esvazia. Eu sei, é triste. Se não estivesse eu escrevendo este texto, eu ficaria triste e com dó de quem o escreveu. Mas com o tempo passa. 

Pode ser que a verdade esteja escondida bem fundo em mim, em um lugar onde ninguém ainda conseguiu chegar. Talvez seja um lugar escuro, protegido por espinhos, com obstáculos como cicatrizes. Tem que chegar delicadamente, sem que eu perceba, e quando eu me der conta já esteja instalado, que seja guardião dessa preciosidade chamada esperança no amor, esperança nas pessoas.  Que seja delicado pra procurar sem me machucar, acima de tudo. Já que me curar é impossível.

 Luana Gabriela
16/12/2010

Palavras amargas


“Um sentimento bom que há muito tempo eu não sentia por alguém”. Sentimentos bons também sinto e por muitas pessoas, inclusive por quem me fez sofrer, ainda sou capaz de desejar muitas felicidades e blá blá blá. Me desculpe você que achou que dizendo isso me faria bem. Querido, não fez. Na verdade gerou um misto de dó, com surpresa ruim. Porque eu detesto sentir que alguém gosta de mim e eu não gostar dessa pessoa também. E isso em qualquer nível. Seja em amizade, professor, aluno, só goste de mim se eu também gostar de você.

Aliás, você saberia isso se me conhecesse, mas você não me conhece. Sabe meu nome, conseguiu meu telefone - eu ainda nem sei como, e descobriu o bairro em que moro e daí? Você mesmo perguntou se sou comprometida, se trabalho, estudo... Você não teve nenhuma resposta, embora tenha dito que estava ansioso por qualquer resposta. Muito obrigada ilustre admirador conhecido, você fez com que eu decidisse ser o mais breve o possível em minhas palavras, fez com que eu optasse por terminar com qualquer possível chance de termos alguma coisa, em três linhas. As mais curtas e doloridas da minha vida. Porque dói. Eu já estive em seu lugar. Mas se ele tivesse me dito assim: Não dá, somos só amigos, eu teria ficado feliz. Mas, na verdade nem amigos somos. Você não me conhece. E não é possível que alguém me admire como você diz fazer, sem me conhecer. Admira o quê? O sorriso, as brincadeiras, que você assiste de longe? Nem meu cheiro você conhece. E o cheiro é que desperta sentimentos bons.

Por hora não quero sentimentos bons. Quero o que não tenho, e acredito que nunca tive, amor. Você não pode me dar isso. Prefiro ficar sozinha. Mas, me perdoe a frieza, obrigada pelo seu carinho. E pra você que eu nunca escrevi nada, fique com minhas palavras amargas. Abraços.


Luana Gabriela
15/10/2010

Novidades

Fim do ano é tempo de repensar atitudes e todo o blá blá blá que vocês já conhecem.
Inspirada nessa vibe - ano novo, vida nova -  venho pensando em unir todo o conteúdo dos meus blog´s em um só. O escolhido para receber as postagens do 500g de Cultura e do Vento com Som de Riso foi o Não Quero Falar Disso, por inúmeras razões que não me cabe explicar aqui. 


Acontece que além disso o Não Quero Falar também vai mudar de URL. Fiquem atentos caso queiram continuar acompanhando meus textos. Assim que tiver um novo nome, e URL vou publicar em um dos outros blog´s e aí definitivamente deixá-los. É preciso saber redirecionar as coisas, para não perder o que é importante. 


Beijos para todos, até mais ler.

Feliz Aniversário


 passaria a vida inteira te cuidando, te beijando na chuva, dançando m
Saia da minha mente. Queria que fosse fácil assim, expulsar você dos meus pensamentos como eu fiz da minha vida, há alguns anos. Tudo bem, na verdade eu não te expulsei, a vida e tudo que aconteceu fez com que essa distância se criasse. E os relacionamentos que tivemos nesses anos não foram capazes de sufocar essa coisa, que eu sinto. Não tem nome. De tempos em tempos eu apago teus números, eu te bloqueio no msn, eu não quero te ver. Mais aí você aparece, diz que quer me ver, sente saudade, me chama do modo como só você faz, e que eu amo. Somos amigos, como não vou querer? Te abraço, tão forte e por tanto tempo, é exatamente nos teus braços o meu lugar. Esses braços carinhosos, essas mãos com dedos tortos, que tocam meu rosto, o baixo, esse seu olho tão pequeno quando sorri, essa sua risada que fica gravada na minha memória mesmo quando há tempos não a ouço.

Não sei exatamente o que sinto, mas é tanto. Eu não consigo te dizer não. Eu largo tudo o que estiver fazendo, o que estiver marcado, eu te escondi os meus namoros, só te contei quando acabaram, eu tive que descobrir os seus porque você também não me contou. E eu ainda não entendi porquê. Me diz, se você souber. Por que não prologamos aquela noite, pro resto de nossas vidas? Eu passaria a vida inteira te cuidando, te beijando na chuva, dançando músicas bregas, esquecendo aqueles dois que não nos quiseram. Nem sei quanto tempo faz isso, mas eu nunca esqueci. Embora  a gente nunca tenha tocado no assunto, parece que fica sempre uma coisa no ar: será que ela sabe o que houve? Eu me questiono. Eles não saberão. Ninguém saberá. Fico com a boca fechada pra ficar com seu gosto em mim, pra sempre. Eu sei que você sabe, eu sou tua. E o complemento da frase não sou eu que vou escrever. Mas também não te espero. Amanhã você vem me ver e não precisa  me trazer presente, você é o presente que eu gostaria de ganhar. As vezes acho que amo você, às vezes tenho certeza. 

Ps: Só me dê parabéns, quando eu conseguir te conquistar.

Luana Gabriela
10/12/2010


(In)

Que haja entre os casais mais reticências que pontos finais. Pela intimidade, pela cumplicidade os diálogos sejam curtos, abreviados pela fala de concordância do outro. Que ele faça parte da vida dela, não apenas seja uma parte separada da vida. Mas que sejam sujeitos complementares do verbo amar. Que haja comunicação, risos, bilhetes, emails, sms´s. Que haja acima de tudo, proximidade dentro. 

Luana Gabriela
Dez. 2010



(In)

Que haja entre os casais mais reticências que pontos finais. Pela intimidade, pela cumplicidade os diálogos sejam curtos, abreviados pela fala de concordância do outro. Que ele faça parte da vida dela, não apenas seja uma parte separada da vida. Mas que sejam sujeitos complementares do verbo amar. Que haja comunicação, risos, bilhetes, emails, sms´s. Que haja acima de tudo, proximidade dentro. 

Luana Gabriela
Dez. 2010



Artista Paranaense participa de exposição internacional


A arte de Désirée Sessegolo, designer e empresária paraense, não conhece fronteiras. A artista participa de uma exposição coletiva em Nova York, na Galeria Ward-Nasse. O evento acontece de 15 de dezembro a 06 de janeiro de 2011 e também terá a participação de outros artistas contemporâneos brasileiros. 

As peças de Desirée que compõem a exposição foram desenvolvidas através de um método de fusão especial. As esculturas são de vidro trabalhado com técnicas específicas e únicas que as tornam fortes na estrutura e de essência delicada. Désirée trabalha com cerâmica e vidro há três anos e busca constante aprimoramento. “Iniciei com cerâmica e em seguida a cerâmica com queima em Raku e depois com vidrofusão”, explica.  


Para conhecer melhor o trabalho da artista acesse: www.ceramicaevidro.com




Redação: Luana Gabriela
Fotos: Divulgação




Sobre quando amei

Eu amei quando escrevia seu nome junto ao meu na parede da minha casa e contornava com um coração. Eu amei quando ouvi você dizer: A sua inteligência com a beleza dela formaria a mulher perfeita. Eu amei quando então bati a porta e te mandei ir embora. Eu amei quando te vi chorar por outra. Eu amei quando abri mão de ti porque minha melhor amiga também te amava. Eu amei ao dizer "não" a um pedido de namoro porque amava outro. E eu continuei amando quando disse o segundo não por causa do mesmo outro. Eu amei quando o busquei em outros braços, eu amei quando confessei isso. Eu amei quando não me declarei, por sermos então melhores amigos. Eu amei quando não o procurei. Eu amei quando calei o que queria dizer. Eu amei quando segurei as mãos dele por poucos segundos, escondido, e o meu coração acelerou. Eu amei quando eu disse que gostava, mas que passar muito tempo junto me enjoava. Eu amei quando ao acordar lembrava dele e chorava. Eu amei quando ao deitar, lembrava e chorava. Eu amei ao desejar a ele felicidade quando voltou com a namorada. Eu amei ao esperar um ano, ou mais, por um abraço, um beijo. Eu amei quando descobri que ambos queríamos mas que não ficaríamos juntos. Eu amei quando me abri pra ele, quando mesmo machucada eu permiti que ele permanecesse em minha vida. Eu amei quando briguei, quando corri atrás, quando pedi perdão. Eu amei ao me distanciar, eu amei quando disse que não sabia se gostava de verdade dele, pra ele. Eu amei tanto que não me canso de escrever. Eu amei tanto que nunca tive coragem de dizer. De todas as maneiras que se pode amar sozinha eu amei. Agora eu quero amar dizendo sim, andando de mãos dadas para todo mudo ver. Eu quero amar escrevendo abertamente sobre e pra você. Eu quero amar de todas as maneiras que se pode. Amar tocando o repertório que eu aguardo pra você, amar escrevendo bilhetes e espalhando pela casa. Amar com a insegurança de ser aprovada pelos seus amigos, pela sua família, amar sabendo que sou amada também. Meu desejo é poder amar com tudo que posso e do meu melhor jeito, alguém que realmente mereça isso. E por escrever também sobre quando pude viver o amor que eu senti, a dois. E sobre quando fui amada.

Luana Gabriela
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