Concreto

"Quando você não esperar vai doer e eu sei como vai doer e vai passar, como passou por mim e fazer com que se sinta assim, como eu sinto, como eu vejo, como eu vivo, como eu não canso de tentar, eu sei que vai ouvir, eu sei que vai lembrar, vai rezar pra esquecer, vai pedir pra esquecer, mas eu não vou deixar, eu não vou deixar" (Fresno-Milonga)

Me diz o que você faz naquela hora em que meu rosto surge em sua mente, pouco antes de dormir. Fecha os olhos e lembra dos meus lábios docemente te dizendo que mesmo que não fosse eterno era tão terno que teria espaço em mim pra sempre. E agora que a solidão não te deixa em paz,  que teus lençóis já perderam meu cheiro, e teu travesseiro não me substitui entre teus braços.

Eu quis te aceitar, entender teu jeito torto de amar, eu quis viver com o pouco que você me dava. Mas eu estava sedenta pelo amor que me faltava. Te avisei que me sentia só. Você ignorou meus sussurros, meus soluços de madrugada, meus silêncios por dias a fio. Diz pra mim, que sente agora, que teus dedos não me desenham, que minhas mãos não decoram teu rosto, que pode deixar a barba crescer como a de um Los Hermanos? Que não precisa responder como foi o dia, quem é a compahia para o Happy Hour? 

Eu quis ser teu pedaço de sonho no mundo. Esqueci que no teu mundo não há espaço pra sonhar. E o amor é concreto. Duro e cinza. 

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