Eu covarde

Eu tenho andao bem desanimada, triste e refletindo muito nesses últimos dias, só que eu não estava entendendo o porquê. Até ler um texto sobre suicídio, até lembrar que hoje é aniversário da minha cidade, e que suicídio e 29 de março me lembram alguém MUITO especial.
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Agora que o peso da culpa já foi embora, eu choro mesmo é de saudade, e por não lembrar qual foi a última vez que eu disse que te amava. Mas eu te amava, e ainda amo, e é tanto.
Talvez eu tivesse muito pra te contar. Talvez a gente pudesse chorar junto, eu te falasse que já tinha tentado também, mas que viver ainda é menos dolorido, embora em mim isso doa quase todos os dias: eu pensei ontem, viver me pesa, e não sei mais o que fazer com essa condição: Eu existo. Mas pra quem? E pra quê? Não há resposta. Talvez eu tenha silenciado tanto por medo de que você me fizesse perguntas que eu não saberia responder. E todo mundo vem e me pergunta  coisas de portugueê, de futebol, de teologia, ninguém entende que eu sou feita de perguntas não de respostas. 

Eu queria muito ter te ligado pra desejar parabéns, naquele seu último aniversário, mas não liguei e disse que faria isso no próximo, e o próximo não veio. E nunca virá! Hoje só há silêncio, depois de tantos soluços, hoje não tenho coragem de falar com sua mãe, com a vó, ou quem quer que seja. Hoje eu fico em silêncio, pra dizer que eu ainda sinto, muito e tanto, e que essa dor não vai passar nunca. Mas que mesmo assim eu vivo. Mesmo que alguns entendam como continuar vivendo meu ato mais covarde. Você podia ter sido covarde tanto quanto eu. Meu peito dói tanto quanto o seu deve ter doído desde seu último suspiro.

Para meu primo João, que hoje faria 23 anos!



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