A dor não se divide

Escrever doi. Assim mesmo, sem acento. Apenas acentua minha dor.
Porque minha dor é aguda. E quando escrevo assim -doi- parece que uso de eufemismo para com ela. Que me pede apenas para que lhe deixe doer inteira e aí então ela dói. E descubro que que sempre será assim com acento dói porque é com uma sílaba só, a dor é indivisível.

Luana Gabriela

A dor não se divide

Escrever doi. Assim mesmo, sem acento. Apenas acentua minha dor.
Porque minha dor é aguda. E quando escrevo assim -doi- parece que uso de eufemismo para com ela. Que me pede apenas para que lhe deixe doer inteira e aí então ela dói. E descubro que que sempre será assim com acento dói porque é com uma sílaba só, a dor é indivisível.

Luana Gabriela

A dor não se divide

Escrever doi. Assim mesmo, sem acento. Apenas acentua minha dor.
Porque minha dor é aguda. E quando escrevo assim -doi- parece que uso de eufemismo para com ela. Que me pede apenas para que lhe deixe doer inteira e aí então ela dói. E descubro que que sempre será assim com acento dói porque é com uma sílaba só, a dor é indivisível.

Luana Gabriela

Sobre quem fui, sobre quem foi

Mas é que já não choro. Já não sorrio. Minto. Ainda sorrio, falso e pouco claro, mas é pra provar que ainda ouço as besteiras que me falam. O telefone toca, não quero atender. Que seja ele, talvez para me pedir desculpas. Que seja qualquer pessoa, não quero ouvir. Não sinto dor. Mas também não sinto prazer. Por vezes, à noite, enquanto penso em nada – porque juro, eu consigo não pensar em nada – eu delicadamente ajeito meus dedos naquela veia do pescoço para sentir meus batimentos. E o coração bate. Então eu sei. A função do coração não é amar. É bater. E vai num ritmo constante, li uma vez que assim como ninguém tem digitais iguais a de outra pessoa, que cada um também tem um ritmo cardíaco diferente. Incrível, eu penso. E volto a pensar em nada. Até que me lembro de quanto deve estar frio lá fora, e sinto pena dos que não têm casa como eu. E volto a pensar em nada. Talvez tudo seja nada. E fico dando voltas sobre as verdades que escondo até de mim. Mas que verdades? Você me perguntaria se ainda estivesse aqui. E se estivesse eu jamais te diria a verdade exata, seria uma verdade enfeitada. Mas você não está. Então eu digo. Sinto uma vontade enorme de te mandar embora da minha vida. Aliás, não só você, todos. Todos eles que não me servem pra nada. Você se magoaria com o termo serve, e eu só por pensamento te falaria um palavrão. Você sabe que eu não falo. Mas não sabe o que eu penso. Mas embora da minha vida parece pouco, queria você fora do mundo. Quer que eu morra? – você se assusta - Entenda como quiser. Mas não vou te falar nada disso. Dentro de mim você está em coma. Respirando por aparelhos. Não sei, de verdade, não sei como acordar aquele sentimento de novo. E vou além, não sei nem se quero salvar sua vida, aqui dentro de mim. Talvez eu não queira. Talvez você fique aí mais alguns anos dormindo, inconsciente. Às vezes você mexe os dedos, talvez seja algum reflexo, não sei. Mas já me dá uma esperança de que talvez quando acordar você seja aquele que eu amei um dia. Que eu amo em segredo todos estes anos, talvez. Mas você não abre os olhos. E é tudo escuro dentro de mim. Eu acordo. Inspiro o ar com força, para sentir, mas sentir o que. Inspiro para sentir se ainda estou viva. E estou. Levanto, a chuva ainda não parou. Faço café, o celular chama. No visor: Sem você eu morro. Me desculpe. E já não acredito. Por dentro eu ouço aquele barulho dos filmes quando a máquina avisa que o coração do paciente parou de bater. __________________________________ Dentro de mim, não há mais você. Hoje eu não amo ninguém. Luana Gabriela 13/01/2010
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