Quase transbordando


Estou apaixonada pela vida. Aquele êxtase de ser feliz pelo arroz e feijão da vida. Um quarto decorado como minha alma, meio sem definição, mas extremamente e intimamente 'minha cara'. Empregos que me satisfazem, embora as situações corriqueiras me cansem, o telefone tocando me irrite, os quilos a mais me incomodem às vezes, eu vivo.

Além do que podem imaginar os que me veem caminhando pelas ruas, sou apaixonada por mim. Cuido de cada centímetro meu, por dentro e por fora. Gasto horas comigo, no salão, lendo um livro, ou ouvindo o mais novo disco do meu cantor indie favorito.

Estou amando voltar aos estudos, devoro cada conteúdo, como se nunca antes tivesse estudado na vida, contrariando meus diplomas e currículo. Verdade que ando negligenciando um pouco aos amigos, mas os bons ficam, mesmo na distância, na falta de tempo, e sempre há as comemorações de fim de ano.

Compro roupas mais claras, sapatilhas e salto, pinto às unhas conforme a moda, minha vida deixou há muito de ser cinza. Eu que odiava azul e amarelo, me visto e visto minhas coisas de ambas as cores. Ando me cobrindo de estampa de pássaros, tenho a liberdade e vazio da interpretação tatuados. 

E veja só, ando querendo muito dividir tudo isso. É como cantou a Rita Lee: Agora só falta você, o tiquinho que falta pra que a vida transborde amor.
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