O amor emagrece

Você grita, bate a porta e me pede um tempo, porque precisa pensar. Sem perceber que pensa demais, e sente pouco. Eu sei, você já me explicou mil vezes que é o que se pode chamar de trauma, como quando você aos 8 anos caiu da bicicleta bateu a cabeça na bicicleta do seu irmão e nunca mais tentou buscar seu equilíbrio neste meio de transporte. Você tentou o roller, o skate, mas nunca mais a bicicleta. Você se apaixonou, você brincou, você sufocou sentimentos, você duvidou de quem dizia te amar, e nunca mais amou, nunca mais se deixou ser amada. Triste.

Triste, porque eu poderia te oferecer meu amor com rodinhas, andar sempre a seu lado para você sentir segurança e quem sabe começar a pedalar de novo. Pode haver uns arranhões, quem sabe você fique com joelho roxo( eu prometo que quando casar sara), mas é bom exercitar o que anda tão parado em você: seu coração. Tá não vale argumentar que você tem seguido as recomendações médicas de ao menos 30 minutos de corrida por dia, eu falo desse coração para o qual você nem liga mais. Esse que você não ouve, e não sabe se é porque sua cabeça faz muito barulho ou porque ele anda falando baixo, ou tão quieto.

Não sou personal trainer, mas queria treinar você para entrar em forma, emagrecer as mágoas, suar as lágrimas que você retém, diminuir a porção semanal de brigadeiro e aumentar as palavras doces no seu dia, pequenas porções, de três em três horas. Te prescrever uma dieta líquida, uma semana só de minha saliva. A gente não precisa correr atrás do amor, mas precisa ter espaço pra que ele possa crescer dentro da gente, sem nos deixar cheios de estrias, por dentro.
<< >>