[Would look back and not regret a thing] Paramore

Imagem por: Kurt Halsey "Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário. Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas. Se achar que precisa voltar, volte! Se perceber que precisa seguir, siga! Se estiver tudo errado, comece novamente. Se estiver tudo certo, continue..." Fernando Pessoa
E para todos:
Feliz 2010!

[Contarás nos dedos os dias que faltam para que termine o ano, não são muitos, pensarás] Caio F.

Perdi empregos. Perdi dinheiro. Perdi um amor de quase dois anos. Perdi um amigo que achei que não viveria sem, até perceber que não me fazia falta nenhuma. Perdi sonhos. Perdi ilusões. Perdi a esperança em algumas pessoas. Perdi quilos.Perdi alguns medos. Perdi. Também aprendi. Aprendi que aquilo que quero pode não ser bom para mim. Aprendi que olhos azuis não são mais transparentes que os castanhos. Aprendi que sonhos podem ser reais, e tornarem-se pesadelos. Aprendi que abraço de meio corpo não é o desejo de um beijo. Aprendi que abraço de corpo todo não mente o desejo. Aprendi que amor cresce na imaginação e morre no coração. Aprendi que verdades ditas nem sempre são entendidas. Aprendi que se só houvesse no mundo boas notícias seríamos todos poetas não haveria jornalistas. Aprendi a esperar o pior, quase sempre. Aprendi a calar. Aprendi a não chorar. Aprendi a amar a minha solidão. Aprendi que amor é lento, para chegar e para ir embora. Aprendi que a dúvida me levar a dizer não. Também descobri. Descobri o meu pior, que estava escondido. Descobri que sou engraçada mesmo triste. Descobri o medo de ter medo. Descobri o medo de perder todos os medos. Descobri que Deus conta o tempo diferente. Descobri o poder de salvação das palavras. Descobri meu gênero literário favorito. Descobri escritores. Descobri filmes. Descobri músicas. Descobri que o mesmo remédio que cura, em excesso causa dependência. Descobri como lidar com o defeito dos outros, que é também o meu. Descobri que amar dói. Descobri que ser amado por quem você não ama, também dói. Também doei. Meu tempo, minha atenção. Dei meus sorrisos. Dei minhas palavras. Doei roupas, alimentos. Doei abraços, doei meus ombros para carregar outros pesos. Doei meus ouvidos. Doei meus sorrisos. Dei presentes. Doei um pouco de todo o amor que recebo. E também ganhei. Ganhei tempo para mim. Ganhei livros. Ganhei concurso de poesia. Ganhei amor. Ganhei atenção. Ganhei carinho. Ganhei versos. Ganhei rugas. Ganhei o amor que eu queria há 4 anos atrás, e devolvi. Ganhei conselhos, elogios, críticas. Ganhei cicatrizes. Ganhei presentes. Ganhei amigos. E fui. Fui a esperança de alguém. Fui o motivo do sorriso. Fui o motivo de preocupação. Fui a razão da discussão. Fui o abraço apertado. Fui o amor calado. Fui a amiga perdida. Fui a pessoa covarde que desiste. Eles não sabem que para desistir foi preciso muita coragem. Fui a decepção. Fui a surpresa boa. Fui eu mesma, nos dias bons e nos dias ruis. Fui romance. Fui drama. Fui comédia. Ganhei todos os dias, uma oportunidade de fazer tudo diferente. E não fiz. Ganhei a certeza de ter feito o melhor que podia. Fui feliz. Luana Gabriela 21/12/2009

[More words than I had ever heard] JM

“Venho te presenteando, eu tenho tentado presentear-te todo este ano. Procurando o que de melhor e mais valioso eu poderia te dar sem que me custasse muito, não encontrei nada. Porque me custa muito dar sem receber. Ainda que seja pouco, é muito. Não sei se pode me entender. O que há de mais valioso em mim só pode ser seu se você quiser. É um sentimento novo, que tomou conta dos meus dias este ano. Sem saber me deste força para continuar a lutar. A esperança em você foi meu alimento. Sem saber se vou mesmo te encaminhar mais estas palavras, como se não bastassem todas as outras que já te escrevi. Tantas palavras com destino certo. Rua João Tozin, nº 85. Ou seu coração. Você deve concordar comigo que ambos somos surpresa na vida do outro. Nem em meus melhores sonhos eu ousaria te imaginar. Porque tens até defeitos que me fazem rir. Mas nem tudo são flores. Ou até são. São rosas cheias de espinhos. O Pequeno Prínicipe, diz que as rosas são frágeis e indefesas por isso têm espinhos que servem para protegê-las. Eu não sou uma rosa. Estou mais para margarida. Sem espinhos, sem nada que a proteja totalmente exposta a dedos maldosos que me arrancam segundo a segundo pétalas, desfilando o bem-me-quer mal-me-quer.
Eu esperei você. Enquanto isso eu ia arrumando a minha vida, deixando-a pronta para te receber. Eu fui me desfazendo dos antigos amores, eu fui te dando um espaço que não querias preencher. Eu fui te presenteando com o que eu tinha de melhor. Preservando-te do meu pior. Tanto que às vezes acho que não me conheces. Se não foi capaz de amar o melhor que eu te dava, como te apresentar ao meu pior? Tive medo de perder o pouco que você me dava. Vivi este ano todo dos minutos que me concedias ao telefone, vivi imaginando encontros, futuro distante. Pode chamar-me de ansiosa e precipitada eu não concordo. Chamarei de disposta e sonhadora. Há algo de que ninguém poderá me acusar na vida, de não ter tentado. Com todas as minhas forças, meu autocontrole, eu não liguei sempre que quis ouvir sua voz, eu não escrevi sempre que quis te dizer o que eu não tinha coragem de falar, eu não te chamei para sair sempre que quis sua companhia. E mesmo assim me sinto, senti o ano todo, mais dando do que recebendo. Jamais te cobraria algo. Porque atenção e carinho ou são gratuitamente concedidos ou não terão qualidade. Com medo de dar a você mais amor do que poderia suportar simplesmente não te amei. Meu autocontrole obteve 100% de êxito ao conseguir estacionar este sentimento em “gosto de você”. Não que em silêncio eu não tenha me perguntado se isso já não teria virado amor faz tempo. Nunca ousei me responder. Deixava o silêncio trazer algo de ti, bom ou ruim, para eu enfim dormir.
Me senti feliz com você. Mesmo que depois daqueles telefonemas, eu apenas pensasse – não vale a pena. Depois de tanto tempo sem te ver, eu começava a me esquecer do teu olhar, do seu sorriso eu simplesmente achei que era hora de desistir. Mas desistir de você representava desistir dos sonhos que te encontrar haviam despertado em mim. Desistir de todo aquele futuro que eu havia imaginado e só você poderia habitar. Não era você na poltrona ao meu lado no cinema, foi por isso que chorei. Como é que eu fui deixar as coisas chegarem a este ponto? Eu chorando por quem só me fazia sorrir? E eu me questionei se valeria a pena te esperar. Com medo de apagar o sentimento que tinha eu não desisti. Acreditando que você também sentia algo eu prosseguindo tendo esperanças de um dia construir um amor com você. Porque eu aprendi que os casais mais felizes são aqueles que construíram a vida juntos. Com base naquele amor maior que conhecemos bem. O amor que não é egoísta, que é longânimo, etc. Porque eu aprendi que acima do amor um casal precisa alimentar o respeito e a confiança, porque só amor não basta. Quantos casais se amam e se separam por falta de confiança, que gera a falta de respeito?
E eu quis te ensinar a amar sem medo. Mas como eu poderia ensinar algo que nunca aprendi? Você me conhece o suficiente para saber que crio possibilidades para tudo. E há também a possibilidade de eu não pensar em possibilidade nenhuma. Muito me incomodam os teus silêncios, e quantos textos eu escrevi sobre isso e você nunca leu. Silêncio para mim é um não. Na verdade é pior que um não. Porque também não é um sim. Deixa aberta ambas possibilidades. O silêncio é a pior covardia. Você não sabe tudo que eu ouvia quando você simplesmente não dizia nada. E eu dizendo tudo. E a cena se repete agora. Eu vou estendendo minha esperança até onde posso. Mas ela não é elástica. Eu vou precisar de uma borracha quando tudo isso acabar, perceba que eu penso no fim, antes mesmo do começo. Mas o que houve de concreto entre nós? De real? Palavras apenas. Já que os sentimentos são substantivos abstratos. De verdade mesmo, não houve verbos (ação) nessa nossa relação. E o que poderemos contar do que vivemos? Nada. Será como se não houvesse passado. Porque não serás meu ex-namorado, ou amigo. Não tenho como apresentar-te ao meu futuro. Nunca te entendi.
Quando te reencontrei meu coração estava calmo, batia normal, meu pensamento transitava entre as idéias – te querer pra sempre e deixar de te querer agora. E ele nunca decidiu. E ele ainda não deveria dizer nada disso. E talvez eu não diga. Mas enquanto você não souber da possibilidade que havia de sermos felizes juntos, nunca vou me sentir livre. E todas as vezes que eu saía com algumas pessoas, você deve imaginar alguns nomes e eu acrescentaria mais alguns na sua lista, eu me sentia como que infiel a você. Até perceber que não havia porque sentir assim já que não tínhamos nada. Não tínhamos, não temos, não teremos. Que grandes covardes fomos nós. A felicidade arrombando nossa porta e a gente fugindo pela janela. Fabrício Carpinejar disse que o outro sempre é covarde quando não fez o que a gente queria. Sendo assim, você foi minha melhor covardia. Porque fui capaz de admirar sua cautela, sua demora, sua racionalidade. Até certo ponto concordava com você. Eu penso que também devo ter sido covarde pra você. Gostaria de te perguntar tantas coisas, mas já fiz tantas perguntas que nunca foram respondidas. Quero alguém que fale,ainda que seja demais, fale. Que não peque pelo silêncio. Mas acho que você se arrependeu do que disse no início por isso elaborou estes últimos silêncios. Há um quê de arrependimento em tudo que você não diz. E o presente que eu queria te dar, é o mesmo que eu quis receber. O seu estará guardado. Até quando não sei. " Luana Gabriela 09/12/2009 “Quis tanto dar, tanto receber.
Quis precisar sem exigências.
E sem solicitações, aceitar o que me era dado.
Sem ir além, compreende?
Não queria pedir mais do que você tinha,
assim como eu não daria mais do que dispunha,
por limitação humana.
Mas o que tinha era seu.” CFA

[Cause I can't tell you what I think I really want] J.M

"eu tenho uma porção de coisas pra te dizer, dessas coisas assim que não se dizem costumeiramente, sabe, dessas coisas tão difíceis de serem ditas que geralmente ficam caladas, porque nunca se sabe nem como serão ditas nem como serão ouvidas, compreende? ... e se eu não te disser agora talvez não diga nunca mais, porque tanto eu como você sentiremos uma falta enorme dessas coisas, e se elas não chegarem a ser ditas nem eu nem você nos sentiremos satisfeitos com tudo que existimos, porque elas não foram existidas completamente, entende, porque as vivemos apenas naquela dimensão em que é permitido viver, ... não me entenda mal, mas é que a gente tem tanto medo de penetrar naquilo que não sabe se terá coragem de viver, no mais fundo, eu quero dizer... existem coisas que a gente ainda não pensou, que a gente talvez nunca pense, eu, por exemplo, nunca pensei que houvesse alguma coisa a dizer além de tudo o que já foi dito, ou melhor pensei sim, não, pensar propriamente dito não, mas eu sabia, é verdade que eu sabia, que havia uma outra coisa atrás ... atrás dos silêncios, ... deixa eu te dizer ... que você cresceu em mim de um jeito completamente insuspeitado, assim como se você fosse apenas uma semente e eu plantasse você esperando ver uma plantinha qualquer, pequena, rala, uma avenca, talvez samambaia, no máximo uma roseira, é, não estou sendo agressivo não, esperava de você apenas coisas assim, avenca, samambaia, roseira, mas nunca, em nenhum momento essa coisa enorme que me obrigou a abrir todas as janelas, e depois as portas, e pouco a pouco derrubar todas as paredes e arrancar o telhado para que você crescesse livremente, você não cresceria se eu a mantivesse presa num pequeno vaso, eu compreendi a tempo que você precisava de muito espaço,... por favor, me ajuda, senão vai ser muito tarde, daqui a pouco não vai mais ser possível, e se eu não disser tudo não poderei nem dizer e nem fazer mais nada, é preciso que a gente tente de todas as maneiras, é o que estou fazendo, ... mas agora escuta: eu queria te dizer uma porção de coisas, de uma porção de noites, ou tardes, ou manhãs, ... eu queria era te dizer dessas vezes em que eu te deixava e depois saía sozinho, pensando também nas coisas que eu não ia te dizer, porque existem coisas terríveis, eu me perguntava se você era capaz de ouvir, sim, era preciso estar disponível para ouvi-las, ... Sabe, eu me perguntava até que ponto você era aquilo que eu via em você ou apenas aquilo que eu queria ver em você, eu queria saber até que ponto você não era apenas uma projeção daquilo que eu sentia, e se era assim, até quando eu conseguiria ver em você todas essas coisas que me fascinavam e que no fundo, sempre no fundo, talvez nem fossem suas, mas minhas, e pensava que amar era só conseguir ver, e desamar era não mais conseguir ver, entende? ... Ah: sabe, entre duas pessoas essas coisas sempre devem ser ditas, ... fico só querendo te dizer de como eu te esperava quando a gente marcava qualquer coisa, de como eu olhava o relógio e andava de lá pra cá sem pensar definidamente e nada, mas não, não é isso, eu ainda queria chegar mais perto daquilo que está lá no centro e que um dia destes eu descobri existindo, porque eu nem supunha que existisse, ... espera um pouco, eu vou te dizer de todas as coisas, é por isso que estou falando, se você não prestar muita atenção você não vai conseguir entender nada, ... é fundamental que você escute todas as palavras, todas, e não fique tentando descobrir sentidos ocultos por trás do que estou dizendo, sim, eu reconheço que muitas vezes falei por metáforas, e que é chatíssimo falar por metáforas, pelo menos para quem ouve, e depois, você sabe, eu sempre tive essa preocupação idiota de dizer apenas coisas que não ferissem, ... vou dizer tudo numa só frase,......... ............ ............. ............ .......... ........... ............. ............ ............ ............ ......... ........... ............ ............ sim, eu sei, eu vou escrever, não eu não vou escrever, eu quero te dizer uma porção de coisas, será que vai dar tempo? ... está tudo definido aqui dentro, olha, eu ainda não disse tudo, e a culpa é única e exclusivamente sua, por que você fica sempre me interrompendo e me fazendo suspeitar que você não passa mesmo duma simples avenca? Eu preciso de muito silêncio e de muita concentração para dizer todas as coisas que eu tinha pra te dizer, olha, antes de você ir embora eu quero te dizer quê. "
.Caio Fernando Abreu .

– Quando o que é confuso te deixar sorrir – Maria Gadu

Até que amanhecesse ela não imaginaria o fim daquela noite. Parecia tão longa, e a solução que ela buscava parecia tão distante. Enquanto lutava com si mesma para não fazer errado, só mais daquela vez, resistir e não ligar, controlar seus impulsos e não falar. Não desistir, dar a ele uma nova chance. Quantas chances ela tem dado a ele e ele nem sabe? Em quantos dias ela já pensou não valer a pena essa espera, mas aí lembra do olhar, lembra do abraço, e imagina outros olhares, outros abraços. Se imagina descansando a cabeça em seu colo, chamando-o de amor ao telefone, podendo amá-lo com tudo que tem, e recebendo o mesmo em troca. Não quer uma relação desigual, dá a ele somente o que tem recebido. Ela se concentra e pensa que talvez tudo nem faça mais sentido. Pensa que talvez não seja a hora, mas há hora errada para amar? E pensa naquele primeiro dia, e pensa em quantas vezes respondeu não quando perguntam se estão juntos, e pensa que ainda terá de responder assim muitas vezes. Porque não estão juntos. E não estarão. Haverá outras pessoas. Pra ele, pra ela. E não ficarão juntos. Ou será para sempre ou não será nunca. E pensa, e esquece os erros dele, e pensa nos erros dela, e pensa... talvez ela pense tanto para não sentir. É exatamente como ele parece agir. Luana Gabriela 15/12/2009 Trilha: Imaginar – Fuja Lurdes [É difícil quando as coisas não se encontram Quando alguém não se dá conta de onde quero chegar com tudo isso Fecho os olhos e só vejo sua imagem Toda vez percebo que por mais ninguém eu sinto o mesmo que por você Quando estou ao seu lado me esqueço dos problemas Quando longe sei que nada vale a pena O seu sorriso a sua voz o seu olhar me faz pensar em nós Imaginar o que dizer me diz o que é que eu vou fazer Se eu for atrás e me entregar Se eu for atrás e me entregar a tudo o que eu sinto por você]

-Eu estou com um pouco de medo de onde isso pode nos levar - J.L.H

“Então eu te disse que me doíam essas esperas, esses chamados que não vinham e quando vinham sempre e nunca traziam nem a palavra e às vezes nem a pessoa exatas. E que eu me recriminava por estar sempre esperando que nada fosse como eu esperava, ainda que soubesse.”
. Caio Fernando Abreu .

[é uma longa espera, você nunca esperará tanto] Meaghan Smith

Que possa olhar e me entender, e que não seja preciso dizer uma palavra. Que seja forte para admitir ser fraco, que seja corajoso para avançar apesar do medo. Que sinta amor. Amor que flui, como rio, enfrenta obstáculos e pedras do caminho e vence. Não esse sentimento de agora, uma água parada, uma poça, choveu pouco. Que seja homem para cumprir promessas, mesmo as que não forem feitas. Que seja menino no riso, na pureza, na entrega. Que seja homem na hora da conversa séria, que não fuja da realidade, da confusão. Que não se esconda embaixo da coberta, atrás do muro, da dúvida, do medo. Que seja poeta mesmo sem escrever. Que seja músico mesmo sem cantar. Que seja amigo, que seja namorado, mesmo depois de ser marido. Que me surpreenda e que se deixe ser surpreendido. Que conheça meus desejos antes mesmo de eu tê-los dito. Que tenha sensibilidade para entender os dramas que eu criar, que tenha jeito para me fazer sair de mim e voltar. Que pegue em minha mão para atravessar a rua, que me mande ficar do lado de dentro da calçada, que escolha o filme que eu queira ver, que saiba o que eu gosto de comer. Que me presenteie sem datas marcadas, que me ligue, me escreva cartas. Que cante a minha música favorita sem que eu precise pedir. Que me faça feliz, mesmo não sendo nem fazendo nada disso. E principalmente que me ame sem eu precisar pedir. Luana Gabriela 10/12/2009
Trilha: Esquece e vai sorrir - Ludov
[Deixa eu te provar
Uma lágrima
Pode derramar da memória
E trazer consigo as dores
De quem teve amores como eu
E não foi capaz de compreender
O que aconteceu]

-São pensamentos soltos traduzidos em palavras - JQ

"Quando alguém diz que está com medo,
não cogita que o maior medo é o da alegria."
Fabrício Carpinejar
ela encontrou nos braços dele o conforto, o lugar onde as lágrimas poderiam cair e não mais tocá-la. Em seu peito recostando a cabeça, as pálpebras cançadas da dor de encontrar quem parece ele e nunca ser o verdadeiro, ela pode chorar. acordando do sonho bom já um pouco mais feliz do que quando havia ido deitar, ainda tinha dúvidas, ainda tinha medos. conversando com o ex esta manhã ela percebeu como tem marcado a vida das pessoas e pode sorrir. ainda que ela não o tenha amado como gostaria, ainda que o tenha magoado, chateado ele continuava a amá-la, da maneira mais pura, a amizade. ainda que ele soubesse que ela hoje sonhava com outro, tão diferente e tão igual, importava a ele que ela fosse feliz. e ela tinha medo disso, ele soube, quando ela por medo deu fim precoce aquele relacionamento feliz de poucos dias. e ele soube que apesar de tudo ela tinha medo de ser feliz. andando pela vida, ela encontrou alguém parecido com ela. que embora não confesse deve ter o mesmo medo. medo de ser feliz.
e então ele, que não era o ex, abriu seu coração. durante aquela conversa demorada e séria. ele contou seus medos, seus defeitos, seus anseios. ela pode olhar fundo em seus olhos e entender o porque daquele tempo todo perdido sem estar ao lado dele. e ela pode chorar por ver em alguém tudo que dentro dela se escondia. uma vida toda pra dentro, diria Caio Fernando Abreu. um amor todo calado. há dias em que ela sussurra algo como"gosto de você" para o celular já desligado. há dias, quando ele não toca, que ela sente que não há reciprocidade, e simplesmente não há.
ela quer abrir seu coração da forma mais direta possível, quer dizer o que sente, o que pensa como sente. mas não há chance. não há momento. - eu nunca sei em que parte da conversa dizer que te amo - e simplesmente não quer mais esperar. ela não quer. ela não pode. ela não vai. apesar de todas as palavras que ela disse, e ela fala e escreve muito, ainda há coisas para serem ditas, sentimentos para serem revelados, medos e anseios para serem expostos. ainda há amor para viver. sorrisos para sorrir e se não der certo, - tudo bem eu acho que nós chegamos tão perto. só quer dar o amor o direito de tentar nascer. Tentar antes de dizer não deu.
Luana Gabriela
09/12/2009

[Please, Please, Please Let Me Get What I Want] The Smiths

"Depois de todas as tempestades e naufrágios,
o que fica de mim em mim
é cada vez mais essencial e verdadeiro." Caio Fernando Abreu Jamais serei como fui. Jamais amarei como da primeira vez. Jamais sentirei a dor da perda como da primeira vez. Jamais sonharei tanto. Jamais esperarei tanto de mim, da vida, dos outros. Jamais escreverei sem pudor como antes. Jamais olharei minha mãe, meu pai, minha irmã, como antes. Não sou quem fui e jamais tornarei a ser. Nem mais triste, nem mais alegre. Simplesmente menos intensa. Menos dada a dramas, romances, entregas, verdades. Basta olhar em meus olhos, não precisará ser muito atento para perceber. Os abraços já não são os mesmos, já não digo “eu te amo” com a facilidade de quem ama sem ter medo. Eu apenas sussurro, com a distância, “eu te amo”. Tenho medo de amar demais, a mãe, o pai, a irmã. Tenho medo de me amar de menos. Hoje, com quase 22 anos, não sei dizer se sou realista demais ou sonhadora demais. Sem saber quantos dias ainda me restam, porque ninguém sabe ao certo, eu não sei como viver. Até onde vale a pena toda a dedicação, toda a entrega? E essa busca por uma vida melhor, baseada no desenvolvimento intelectual, no aumento de riquezas? O que é uma vida melhor? E toda verdade empiricamente aprendida, e todos os sonhos deixados para trás e nunca esquecidos, e toda dor que se acumula em palavras tantas preenchendo páginas e páginas que nunca serão lidas, para onde vai toda a minha vida? E todo esse medo de sonhar de novo, de chorar de novo. E esse medo de fazer planos, de lutar e perder mais uma vez. O que faço com tudo isso que sinto e não me permito, e não me permitem viver? O que eu faço com essa vida que não é o que eu queria mas ainda assim é minha? Luana Gabriela 06/12/2009 "Tenho agradecido por estar vivo e ter andado por todos os lugares onde andei e ter vivido tudo o que vivi e ser exatamente como eu sou." Caio Fernando Abreu
Trilha:Sweet Disposition
[Um momento, um amor Um sonho em voz alta Um beijo, um grito Nossos acertos, nossos erros Então fique aí Porque eu já estou vindo E ao mesmo tempo em que o nosso sangue ainda jovem Tão jovem Corre E não vamos parar até que isto acabe Não vai parar de se render]

[ Tem gengibre? Acabou! ]

O amor termina quando a ausência já não desperta saudade, já não doi. O amor termina quando a vontade de estar junto se transforma em cobrança, em costume. O amor termina quando não há docilidade na voz, entrega no olhar, coração disparado. O amor termina quando a novidade desaparece, quando não mais se surpreendem. O amor termina quando não se quer mais agradar o outro e apenas ser agradado. O amor termina quando começam as comparações, as disputas, quando ele deixa de ser único, quando ela não é mais tão diferente da ex. O amor termina quando um só aproxima a mão, quando um só fala, quando um só finge ouvir, quando um só sonha. O amor termina quando não há mais espaço para dois no caminho escolhido. Há estradas que devem ser trilhadas na solidão. As trilhas não suportam mãos dadas. O amor termina quando está calor demais para dar as mãos, quando está frio demais para dar as mãos. O amor termina quando não há mais preocupação, há só o medo. Medo de perder, o ciúme. O amor termina quando a confiança e o respeito deixaram a relação primeiro. Nenhum amor suporta a desconfiança e a falta de respeito. O amor termina onde começa o “tanto faz”. O amor termina quando o esforço para estar junto, o espaço curto entre as agendas, o tempo corrido, não vale mais a pena. O amor termina quando não há mais espaços vagos. Aquele amor no coração foi partindo, aos poucos. É sempre devagar que o amor termina. Não é de um dia para outro. O amor termina quando não se espera mais nada do outro. Tudo de bom já veio e tudo de ruim também. Não há mais nada. O amor termina quando não há. Não há mais as mesmas pessoas do começo. Não há a mesma disposição, a mesma vontade. Simplesmente não há mais. Nunca sabemos quando o amor começa. Mas sabemos exatamente onde ele termina. Luana Gabriela 04/12/2009 Trilha: Janta – Marcelo Camelo [Eu quis te conhecer mas tenho que aceitar Caberá ao nosso amor o eterno ou o não dá Pode ser cruel a eternidade Eu ando em frente por sentir vontade Eu quis te convencer, mas chega de insistir Caberá ao nosso amor o que há de vir]

- Me explica, que às vezes tenho medo - CFA

"Noite de janelas semiabertas para acolher um sinal da primavera. Noite de cobertores e lembranças que deixam dúvidas e um sabor um pouco mais amargo na boca. Niki gira de um lado para o outro. O passado às vezes torna os travesseiros incômodos. Mas o que é o amor? Existe uma regra, uma forma, uma receita? Ou tudo é casual e você só deve esperar ter sorte? Perguntas difíceis enquanto o relógio...assinala a meia-noite." "Desculpa se te chamo de amor" Frederico Moccia

[ perceba que não tem como saber ]

"Mas eu estou sentindo falta de muita coisa. Então, quando é que eu desisto do que venho desejando?" [Down - Jason Walker] Entendo que é difícil expressar o que sentimos, especialmente quando temos medo do que sentimos. Talvez por que seja algo desconhecido, não é amor também não é amizade. Não é nada convencional, nem aplicável. Eu escrevi um dia, ainda me lembro, que o que eu sentia era tão novo pra mim que eu batizaria o sentimento com seu nome. Mas não importa agora como você se chama. Me importa saber como você gostaria que eu te chamasse. Seria demais apropriar-me quem sabe do pronome possessivo, meu? Pronome possessivo, só o nome me assusta. Não gosta de ser chamada assim: minha filha, minha amiga, minha namorada. Uma vez disseram algo parecido com “minha namorada” doeu. Juro que não foi por mal. É que não pertenço a mim mesma, como posso pertencer a outro alguém? Mas como eu gostaria de te chamar de meu. Não, nada de meu namorado. Meu amor. Por que o amor é meu, querendo você ou não. Meu é aquilo que conquistei, comprei, ganhei. E uma pessoa não pode ser comprada. Mas pensando bem pode ser conquistada, e pode se dar (doar) a outro alguém. Ah, esquece! O que importa não é o pronome antes do que dirá. O que importa é o que dirá. Se pudesses ouvir – ler – o que penso enquanto o telefone não toca. Ou enquanto ele toca, e é qualquer outra voz que não a sua, dizendo tudo o que eu queria ouvir da sua boca.. Mas pensamentos não devem ser lidos. Então não mais os escreverei. E sentimentos. Sentimentos podem ser lidos? Alguma vez conseguiu ler o meu olhar? Ou sou tão enigmática para você quanto você é pra mim? Duvido. Mas eu sei, é difícil de ler depois que imaginamos cenas, sentimentos, diálogos. Temos escolha. Tornar as cenas boas parte do filme de nossa vida, ou deixá-las no roteiro, só no papel. Não cumpri minha promessa de esperar meu antigo amor a vida inteira, será que também não cumprirei a que me fiz com relação a você? Não vou esperar. Foi o que eu me disse. Foi o que me convenci. Não cumpro promessas é fato. Mas até quando conseguirei mentir para mim? E esperar algo que não vem? Não virá. Nunca quis vir. Iludida. Palavra certa. Por meus próprios desejos e minhas escolhas que deveriam ser racionais. Há algo de racional trocar quem não te quer por outro que só parece querer? Não há. Não há nada de lógico em amar. Mas aqui estou eu de novo falando de um amor que não sinto e racionalmente não sentirei. Aqui estou eu com meu coração em chamas, derretendo o gelo de outrora, aqui estou eu falando do que não entendo e ouvindo como resposta mais um silêncio. Luana Gabriela 02/12/2009

[Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas] Carlos Drummond de Andrade

" I'll be your best friend and you'll be mine Valentine
Yes you can hold my hand if you want to'cause
I wanna hold yours too"
"Dar a mão a alguém sempre foi o que esperei da alegria"
Clarice Lispector

- But change is never a waste of time - Alanis

[Eu sei que é difícil manter um coração aberto Quando mesmo os amigos parecem dispostos a te prejudicar Quando olho dentro dos seus olhos Posso ver um amor reprimido Mas querida, quando te abraço Você não sabe o que eu sinto o mesmo?] November Rain Era novembro. Um novembro chuvoso. Com Glen Hansard tocando, sentava-se em sua cama. Caderno em mãos, canetas espalhadas pelo edredon. Ideias e muitos sentimentos confundiam-se. Queria escrever sobre ele. Mas achava melhor não. Já havia dito – escrito – demais nos últimos tempos e como não havia obtido resposta eram como cartas lidas e então devolvidas ao remetente. Perto do final do ano sempre fazem algumas retrospectivas. Ela faz retrospectivas todos os dias. Conclui que viver é bom e dorme. Mesmo depois de tantos meses passados em que se pudesse já não habitaria aqui. Um mundo de dor. Hoje ela podia ver tudo um pouco melhor, talvez, dependendo do dia, chegasse a pensar que o mundo poderia ser de amor. Amor de pedidos atendidos. Ela não acredita em horóscopos e a quem possa interessar pode dizer que esta é uma verdade empiricamente aprendida. Segundo o horóscopo a partir do dia 11 deste mês deveria estar em seu “inferno astral”. Mas suas experiências com o mês de novembro mostram que vive seu paraíso astral, que começa em novembro e termina em janeiro, geralmente. Com sua fé, (aponta pra fé e rema) acredita que no próximo ano pode ser diferente. Começa o paraíso astral e não mais termina. Deixem-na crer que assim será. Ela escreveu uma vez, ainda se lembra, que agosto era seu mês baixo astral, a expressão inferno remete a eternidade e ela não crê nas coisas ruins eternas em sua vida, ah! não crê mesmo!! Pois bem, hoje quer falar sobre novembro. Em novembro é quando ela mais sente falta de ter alguém para abraçar, atravessar as ruas da cidade, iluminadas para o Natal, aquelas ruas lotadas de consumistas compulsivos, atravessar a ruas de mão dada – percebeste como ela é paranóica com atravessar a rua e mãos dadas? – em novembro ela deseja sorrir, fazer sorrir. É para novembro que se guardam surpresas para a vida dela. E ela quer ter com quem dividir. Não os pesos da vida, mas as alegrias. Ela vai guardando tais alegrias, e vai se enchendo, e vai transbordando sorrisos iluminados pelas ruas da cidade cinza. E vai. Novembro passado concluiu seu curso universitário, cansada e sem ter com quem comemorar, trancou-se em seu quarto e dormiu, dormiu até a outra noite chegar. Alívio era a palavra que tatuava em seu coração. Neste novembro, olhou pra trás e percebeu. Mais um alívio. Mudará de casa. Mudará de espaço. De quarto. Mudará de bairro. Mudará. Mudou. Há quanto tempo em suas orações pedia para deixar aquele lugar? Hum.. ela pensou, há tanto tempo que já nem se lembra mais. Chegou o dia. Ela muda amanhã. Só uma coisa não muda, ainda não há quem abraçar e com quem comemorar. Vai dormir novamente, um dia inteiro, até outra noite chegar. Quem sabe em novembro que vem não é isso que muda? Quem sabe não vai ela querer tatuar uma palavra – amor – ou quem sabe uma letra? Quem sabe. Deixem-na crer. Luana Gabriela 27/11/2009

[ I try but you see, it's hard to explain ] The Strokes

O amor é não saber. É “emburrecer”. É esquecer todos os conselhos já dados, os erros já cometidos. O amor é não cumprir promessas como: Não vou mais me dedicar a ninguém. Amor é não ter passado. Amor é não ter futuro. Amor pode durar um segundo e se repetir a vida inteira. Amor é não fazer listas. Não saber contar, é criar um novo calendário. O Natal é o nascimento do amor, o dia que nos conhecemos. Ano novo é quando passamos a ser nós. Um novo começo juntos. Intervalo pequeno entre um e outro. Amor é escrever e não entregar. Ainda guardo um caderno cheio de pequenos e grandes versos. Amor é praia no inverno, quase vazia. Ninguém está verdadeiramente só quando ama. Há sempre uma lembrança na memória, o cheiro dele no vento, a lembrança da pele dele na mão, o abraço ao cumprimentar o outro que não é ele, quando fecho os olhos imagino que é. Amor é deitar e pegar no sono, desejando controlar o sonho. Amor é sorrir para fingir que entendeu. Amor é não entender. Não saber explicar, é ser e ponto. Amor é esquecer de tudo que se precisa lembrar e lembrar da única coisa que se precisa esquecer. Amor é virar a página e continuar a escrever. Amor é mudar a letra para se fazer entender. Amor é dizer não quando se quer dizer sim e dizer sim quando se precisa dizer não. Amor é inventar desculpas para continuar acreditando no outro quando ninguém mais acredita. Amor é continuar esperando mesmo sabendo que não se pode esperar mais nada dele. Amor é troca de olhares mais do que mãos dadas. O olho vê tudo como um conjunto, a mão só sente se eu quiser também. Amor é verão sem férias, não há descanso. O amor cansa. Luana Gabriela 31/10/2009 Trilha: The Magic Numbers – I see you, you see me [Eu nunca pensei que você queria que eu ficasse Então eu deixei você com as garotas que vieram com você Mas, querido, quando eu o vejo, eu me vejo Eu pensei muitas vezes que você ficaria melhor sozinho]

- Para que rimar amor com dor? -

"O Amor...
É difícil para os indecisos.
É assustador para os medrosos.
Avassalador para os apaixonados!
Mas, os vencedores no amor são os fortes.
Os que sabem o que querem e querem o que têm!
Sonhar um sonho a dois,
e nunca desistir da busca de ser feliz,
é para poucos!"
Trilha: Além do que se vê - Los Hermanos
[ Moça,
Olha só,
o que eu te escrevi
É preciso força pra sonhar
e perceber
Que a estrada vai
além do que se vê]

- se eu peco é na vontade de ter um amor de verdade - Los Hermanos

Trilha: Your song - Elton John [De qualquer maneira, bom... o que eu realmente quero dizer É que seus olhos são os mais doces que já vi.]
"Que te dizer? Que te amo, que te esperarei um dia numa rodoviária, num aeroporto, que te acredito, que consegues mexer dentro-dentro de mim? É tão pouco. Não te preocupa. O que acontece é sempre natural — se a gente tiver que se encontrar, aqui ou na China, a gente se encontra. Penso em você principalmente como a minha possibilidade de paz — a única que pintou até agora, “nesta minha vida de retinas fatigadas”. E te espero. E te curto todos os dias. E te gosto. Muito. Tô morando, trabalhando, estudando e amando. Esses são os quatro foles da minha vida, no momento, e sobre cada um deles eu teria milhares de páginas a preencher"
Caio Fernando Abreu
"Total contradição do amor: queremos conhecer quem amamos e, ao mesmo tempo, desejamos que seja imprevisível." FC

- Devia ter me importado menos - Titãs

“Fim de tarde. Dia banal, terça, quarta-feira. Eu estava me sentindo muito triste. Você pode dizer que isso tem sido frequente demais, até mesmo um pouco (ou muito) chato. Mas, que se há de fazer, se eu estava mesmo muito triste? Tristeza-garoa, fininha, cortante, persistente, com alguns relâmpagos de catástrofe futura. Projeções: e amanhã, e depois? e trabalho, amor, moradia? o que vai acontecer? Típico pensamento-nada-a-ver: sossega, o que vai acontecer acontecerá. Relaxa, baby, e flui: barquinho na correnteza, Deus dará. Essas coisas meio piegas, meio burras, eu vinha pensando naquele dia. Resolvi andar.”
Caio Fernando Abreu ( em Pequenas Epifanias )
Trilha: Dead Fish - Descartáveis
[A humanidade é o produto
Sempre atrás de bonificações
Porque tudo está à venda]

- não me lembro como eu era antes de você - Titãs

Eu não achava lugar para mim no mundo, não cabia, não havia espaço. Hoje meu endereço é teu coração. Se me sentia perdida em ruas e becos escuros, hoje só me perco no calor do teu abraço. Se os dias chuvosos eram os meus prediletos, hoje, quando penso em você, gosto até do céu aberto. Se com o vento as palavras vão, ele também é bom, me traz teu cheiro. Se o relógio bate, os dias passam e não te vejo, não me entristeço, nosso encontro está marcado, em um relógio diferente. Luana Gabriela 20/11/2009
Trilha: Antes de você - Titãs
[O livro não é bom, não quero ouvir um som
Não acho nada na T.V.
Não tenho fome
Não quero beber
Quero saber se você já dorme
Tudo passa, a noite deve passar também
Não me lembro como eu era antes de você]

[E que amar é Punk, PunkRock&Roll] Dee Diedrich

Até que você chegasse, eu não tinha um caminho certo. Até que você me olhasse eu não olhava para mim mesma. Até que você me achasse, eu estava perdida. Até que você fosse verdade, eu achava o amor uma mentira. Até que você me lesse eu escrevia para ninguém. Até te conhecer, eu não conhecia a mim mesma. Até que você dividisse seus sonhos comigo, eu não sonhava. Até que sua mão tocasse a minha, eu só havia sentido as cordas frias do meu instrumento. Até que você chegasse, o céu que eu vi era sem cor, hoje meu céu é azul, mesmo na tempestade. Até que você me envolvesse em teu abraço, meu corpo não tinha espaço para se aconchegar. Até que você chegasse, eu não tinha quem amar. Até você chegar, eu não sabia que o perfeito existia. Até você chegar, eu não sabia que o sonho podia ser verdade um dia. Até que a gente esteja junto, eu vou achar que é tudo um sonho e acho que depois também. Luana Gabriela 20/11/2009
Trilha: Goodbye - Pelebrói Não Sei
[Vou chorar de pura felicidade
Andar nas ruas da cidade
Sem medo de... te encontar]

- O amor nosso de cada dia -

Que para as segundas-feiras haja a lembrança de um bom domingo Que para as terças haja a expectativa de um cinema na quarta, e um almoço apertado entre as agendas Que na quarta, se não houver cinema, haja um telefonema inesperado Na quinta, uma ida à ferinha, um café com chocolate Que na sexta para aliviar o cansaço, um braço no ombro e um forte abraço E no sábado, Ah! No sábado, Que neste dia eu tenha uma companhia para curtir uma tarde vazia, para rir das tragédias e comédias da vida E no domingo, acordar sorrindo por não ser sozinha Que para cada dia haja amor Mesmo que não seja o mesmo amor todo dia. Luana Gabriela
10/09/2009

- posso contar meus pesadelos e até minhas coisas fúteis - JQ

Fui numa floricultura comprar pratinhos de vasos. Três pratos. De diferentes cores, de azulejo e barro. Não receio pedir pouco. O pouco é que me basta. O pouquíssimo transborda. Eu me sinto essencial lembrando o desnecessário. Ouvindo o suspiro dentro do vento. Ninguém dá valor ao pratinho das plantas que racha na mudança de lugar e não é reparado, muito menos reposto. Eu não vivo sem eles. É como faltar talheres para um membro da família. É o pratinho de vaso que me mantém acordado. Deslumbrado pela sua fugacidade. Porque amanhã terei que me lembrar novamente. E depois de amanhã. E sempre. O amor é o que não lembramos para continuar lembrando. Como pedir ao filho escovar os dentes ou insistir que faça os temas. Todo dia será exaustivamente igual: é uma atenção renovada, não exclusiva. Uma dedicação nula. Uma devoção secreta que não traz fama e reconhecimento. Coisas simples que não podem ser contadas ou glorificadas durante a semana. Que são apagadas no mesmo momento do ato. Não irei ao bar proclamar aos colegas de que dobrei as calças antes de sair e organizei as camisas pela antiguidade. É o que me põe apaixonado numa mulher: o pratinho do vaso. O que é sem graça, o que somente protege, mas que é confidente das raízes. O quanto ela é capaz de estar ao seu lado sem que necessite imortalidade. O quanto me torno observador das inutilidades. Falei inutilidades, pois é, não errei a digitação, quem ama conserva as inutilidades. Os interesseiros e ambiciosos guardarão as informações essenciais como nascimento e medidas. Veja se um homem a quer quando se interessa porque aquilo que não gera interesse. O fútil é o fundamental. No momento em que o desejo não descobre o que é importante e preserva tudo. O pratinho do vaso do relacionamento está em saber o xampu que ela usa, o restaurante preferido, o doce da infância, sua mania de comer aipim com mel, o azeite (não é qualquer um), as perguntas que detesta ouvir, como ela gosta de amassar o travesseiro, quais os insetos que tem medo, o que não pode deixar de assistir na tevê, o drinque preferido, os amigos da choradeira, os amigos do riso, o que toma no café da manhã, qual a fruteira de sua confiança. O pratinho do vaso é o que fica da tempestade.
Fabrício Carpinejar

- só uma pergunta -

"Quando você não está apaixonada você se sente mais leve ou mais vazia?"
Luana Gabriela
14/11/2009
Trilha: Pearl Jam - Just Breathe
[Eu nao quero me magoar,
há tanto nesse mundo para me fazer acreditar Fique comigo Você é tudo o que eu vejo Eu disse que preciso de você? Eu disse que quero você? Se eu não disse, eu sou um bobo]

- i like -

Gosto do frio. Da garoa fininha na janela. Gosto de abraço porque envolve todo o corpo numa entrega. Gosto de pessoas tímidas, gosto de pessoas que me fazem rir. Não sinto saudades. De ninguém, quase nunca. Gosto de dormir abraçada, mesmo que seja sempre com uma almofada. Gosto de mudar a cor do cabelo. O corte. O esmalte. Gosto de all star. De rock e mpb. Gosto da palavra pai, mas sinto mesmo a palavra mãe. Não gosto muito de crianças, mas algo com relação a isso já está mudando. Não gosto de paixões. Não gosto de filme de terror. Gosto de romances, dramas e comédias românticas. Gosto de filmes de guerra e de super-heróis. Gosto de gibis antigos.Gosto de ganhar presentes. Gosto de baixo. Gosto de violão. Gosto de doces. Não gosto de praia. Gosto de ler. Escrever. Não gosto de lavar a louça. Gosto de ser surpreendida. Gosto de surpreender. Gosto de dar presentes. Gosto que façam minhas vontades, gosto que me façam sentir vontade de ceder em minhas vontades. Gosto dos dedos entrelaçados. Gosto de olhares que sorriem. Gosto de frio no estômago. Gosto dele. Gosto de mim. Gosto de Manuel Bandeira, Fabrício Carpinejar, Caio Fernando Abreu. Gosto de Joss Stone, Maria Gadu, Alanis Morisette, Luiza Possi, gosto de Rodrigo Amarante. Há pouco tempo não gostava de mulheres no vocal.Gosto de teatro, cinema, jornal. Gosto de agendas, cadernos, cadernetas de anotações. Não gosto de sombrinha. Gosto de inglês, francês, espanhol, italiano. Não gosto de alemão e japonês. Gosto de fotografia. Gosto de amar. Gostaria de ser amada. Gosto de futebol. Gosto de sorvete. Não gosto de chá. Gosto de café. Gosto maçã. Não gosto de pêra. Não gosto de circo. Não gosto de palhaço. Não gosto de Dan Brown, Sandy, Machado de Assis. Gosto de crônicas, não gosto de romances policiais. Gosto de preto, roxo, vermelho. Não gosto de amarelo, azul e rosa. Não gosto de telejornal. Gosto de revista. Gosto de recortar o jornal. Gosto de flor, mas não gosto de rosas vermelhas. Gosto de cortar e colar. Não gosto de desenhar. Não gosto de pintar. Não gosto do Vasco, nem do Flamengo, não gosto de nenhum time do Rio. Gosto de história, sociologia, filosofia. Não gosto de matemática e física. Gosto de perfume, maquiagem, fazer compras. Gosto de chocolate preto, branco. Não gosto de bolacha de morango. Gosto de comida mexicana, não gosto de comida japonesa. Gosto de sinceridade e diálogo. Não gosto de mentira – nenhuma. Não gosto de axé, nem funk. Não gosto de esperar. Não gosto de cigarro. Não gosto de cerveja, nem do cheiro. Gosto de ficar sem fazer nada. Gosto de ter o que fazer. Gosto...não gosto. Percebo que é possível saber muito sobre uma pessoa e ainda assim não conhecê-la. Luana Gabriela 16/11/2009
Trilha: Algo Novo - Killi
[Eu não vou me repetir pra sempre
Quero algo novo pra fazer
Cada dia vai ser diferente
Eu não gosto nem de pensar que sou igual
E quanto a você?]

-Acreditar que se domina a situação é pisar em falso - F.C.

O sol ainda não havia batido em sua janela. A janela passou a noite entreaberta, quem sabe o vento traria aquele cheiro, na madrugada, o perfume que um dia ela sentiu. O vento não trouxe, o sol não chegou e a lua foi embora. Como em todos os outros dias que eram dias comuns ela se ajeitou, fez algo diferente no cabelo, uma maquiagem diferente ao redor dos olhos – que renderia um elogio do chefe ao chegar no trabalho – mudanças sempre lhe rendem elogios. Deve ser por isso que se viciou em mudar o cabelo, em mudá-lo de cor, de corte, viciou-se em mudar. Enquanto todos buscam sair da rotina ela busca entrar em uma. Cansou de cinemas na quarta, cafés na segunda, dividindo o tempo entre um e outro amigo que não lhe dizem nada de novo ou interessante. O verão começava. Ela não gostava do verão. Aquelas cores todas lhe doíam os olhos, as roupas pretas chamavam a atenção no verão, e ela não queria chamar a atenção. Não nestes dias que gostaria de esconder-se, dormir. Descobriu um antialérgico que a faz dormir. Ela tem alergia da realidade. Realidades mal vividas, mal resolvidas. Imaturidade madura de quem não muda o que acha que é bom. Ela é boa. Boa a quem cede o lugar, a quem ama sem a recompensa do também, boa porque não discute mais com a mãe, porque cede aos caprichos da irmã, porque se submete ao papel psicóloga para amigos psicólogos. Boa porque prenche espaços vazios, deixados por quem foi mau um dia. Boa porque não quer incomodar. Eu não quero incomodar. Para quem ela decidiu esquecer, para o amigo que ela ignora no fim de semana, para o pai que ela não liga, para a irmã que ela não foi no aniversário, ela não é boa. Ela queria falar um palavrão, um não ... dois, três quem sabe. Mas apenas sai um: Whatever. Ela aprendeu com o amigo nerd, que não acredita em sua saudade, que se esconde como ela quando alguma coisa dói. E dói. Quando dói a gente se encolhe. Como aquela planta, você toca nela, ela se encolhe. Ela é hoje, uma planta encolhida. Viva e retraída. Seu sorriso não é falso. Ela ri mesmo da vida. Teve um filme, um conselho, sorria faça as pessoas se perguntarem porque você ainda está rindo. Atingiu o ápice do conselho ela mesma se pergunta: Do que você ainda está rindo? Mudanças. Fins. Começos. Voltas. Tropeços. Ainda não ama. Ela ainda não ama. Você entende isso? E tudo muda. Tropeçar não é cair. Todo fim é triste, mas nem todo começo é alegre. Luana Gabriela 13/11/2009
Trilha: Ana Carolina
[É... mas tenho ainda muita coisa pra arrumar
Promessas que me fiz e que ainda não cumpri
Palavras me aguardam o tempo exato pra falar
Coisas minhas, talvez você nem queira ouvir
...
As vezes ando só, trocando passos com a solidão
Momentos que são meus e que não abro mão]

- escrever é enfiar o dedo na garganta - CFA

Blog traduz uma prova de resistência. Um big brother ao avesso dos gêneros literários. Ao invés de ser conhecido, corresponde a um mergulho adoidado no anonimato. Distinto da noção do senso comum de que se trata de um lugar para aparecer. O resultado final (a possível badalação de um endereço virtual) não expõe a realidade. Os exibidos foram antes tímidos, os extrovertidos foram antes introvertidos. É a mais dolorida experiência editorial. O mais severo teste vocacional. Uma ferramenta capaz de sugar sua vida ou sua aspiração. Indica a fronteira entre o amador e o escritor, entre o diletante e o renitente, entre o curioso e quem não consegue se afastar da compulsão narrativa. O amador cansará nos primeiros meses. Vai deduzir que não vale a pena o trabalho, que ninguém lê. Uma tortura postar textos durante três meses e não receber nenhum comentário. São os quarenta dias do deserto, com as tentações sobrevoando o teclado. Você pensou que aquilo seria a glória instantânea. Caprichou na redação, no humor e nas perspectivas singulares de captura do cotidiano. Mas o único que entra no site é você. Trinta vezes ao dia. Chega a esbarrar consigo entre tantos acessos e atualizações. Uma miragem. Cada texto é um quarto vago. O desespero o obriga a fazer atos impensáveis: entrar de computadores diversos para fazer com que o contador se mexa de alguma forma. Assim como um atacante chuta a bola para as redes alheio à marcação do impedimento. Para se livrar do azar. Ainda que esteja quebrando uma das regras básicas do jogo e leve um cartão amarelo. Não há nem juiz para lhe dar cartão amarelo. Percebe que lançou um texto com um erro gravíssimo de português. Estava na rua quando lembrou a indecisão ortográfica, longe de qualquer terminal. Foi observando um outdoor. Corre para uma lan house, consome seu suspiro sem sentir o gosto, arruma e conclui que tampouco alguém reparou. Decide escrever qualquer coisa que continuará sendo qualquer coisa. O isolamento do blog produz alucinações. O contador de visitas parece uma bomba-relógio: anda para trás. Depois de postar, o autor perde a privacidade para se tornar - teoricamente - domínio público. Mas não saiu do caramujo do quarto, e entenderá que escrever e ser conhecido não acontece simultaneamente. Há a idéia equivocada de que todos os leitores do mundo estão esperando sua publicação, que basta acenar para a luz do sol que imediatamente será linkado, sugerido, alardeado. Ao deixar minha casa, não recebo nenhuma proposta sedutora no caminho. Nunca encontrei nenhum editor no metrô. O que me leva a constatar que o blog é o metrô da internet. Escrever na rede é uma tentativa de suicídio, chamar atenção dos outros para a nossa carência. Um aviso escandaloso da nossa fragilidade. Pensando bem: publicar é um suicídio frustrado. Quando o ímpeto de sair da vida é usado para entender a própria vida e as dificuldades enfrentadas pelos demais autores. Uma das virtudes do blog é justamente sua provação. Agüentar os contratempos no osso. Ver que não é um elogio que o fará continuar, muito menos uma crítica que o fará desistir. Que nascer para a letra é amar a insuficiência. O escritor se sucede progressivamente. Melhora. Estar sozinho é ainda estar povoado. Povoado por dentro. Pelos personagens, pelas histórias familiares, pela observação aprofundada dos seus arredores. Só quem foi fantasma um dia poderá alimentar seus fantasmas. Procura-se um reconhecimento externo e encontra-se algo mais preciso: a afirmação pessoal na persistência. Procura-se lá fora o que já se tinha. Como diz Santo Agostinho: “Tarde Vos amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde Vos amei! Eis que habitáveis dentro de mim.” O esforço de sair da solidão ajuda curiosamente a fortalecê-la. Compreende que não escreve para completar um diário, ou para repetir sua história, se fosse assim não contaria com assunto para atualização semanal, mesmo que desfrutasse de uma trajetória acidentada e heróica como a de Hemingway. Escreve para duvidar e se banhar na luminosidade da confusão biográfica. Acima de tudo, compreende que a imaginação não julga como a memória. Que imaginar é delicioso, imaginar: uma memória sem culpa. Um texto postado é como um texto impresso. Mais fácil para localizar os erros, os tropeços, formar distanciamento. Confere uma maioridade na escrita, reforça uma postura profissional de jardinar e cuidar do verbo, de alterar a prosa e a poesia em nome da transparência e da fluidez. Há a formação gradual de uma assinatura, transmitindo uma visão de ser responsável por aquilo que se diz, de assumir honestamente as dívidas da boca. Organiza-se o rascunho, que é bem mais duro do que redigi-lo. Não é fácil a rotina da blogosfera. Terá que superar vários fins, várias negativas, várias mortes. Superar a expectativa de fama pelo prazer do texto. Por isso, o prazer necessita ser mais forte do que a dor. O masoquista é o que gosta mais do sofrimento do que da carícia. O blogueiro é o que esquece a ferida pela alegria. A diferença entre guardar o inédito no blog e na gaveta: o blog é uma gaveta aberta.
Fabricio Carpinejar
Ps: Este texto vai como um agradecimento as outros blogueiros (as) que passam por aqui! Obrigada!
Trilha: The Cranberries - Stars
[As estrelas estão brilhantes esta noite,
uma distância nos separa E eu ficarei bem,
o pior que eu já percebi em nós Ainda tenho minhas fraquezas,
ainda tenho minha força]

[ eu quis dizer, você não quis escutar ]

Trad."É melhor falar demais do que
nunca dizer o que você precisa dizer."
[É porque talvez eu precise que me digam com brutalidade, pois sou muito teimosa] Clarice Lispector Fica difícil quando se quer muito resolver algo e não se pode, não se consegue. Qualquer coisa numa história não se pode ser resolvida sozinha. Sim, querido. Eu fui além do que você esperava. Na verdade fui além do que eu mesma esperava. Foi um quase amor. Quase porque sentimentos, aprendi, não são escolhas. Apesar de eu ter escolhido te amar, não deu. Não ainda. Eu estaria disposta se você estivesse também, mas todos estes teus silêncios, este fingir que não leu, não viu, não entendeu. Tudo isso não me agrada mais. Agradava-me teus cuidados, teus telefonemas despreocupados, tudo que quase já não temos mais. Agradava-me teu abraço, que já nem lembro quando foi o último. Indefinições me mantém presa e eu gosto de liberdade. Quero ter liberdade para te esquecer sabendo que não perdi nada,além de tempo, porque não me querias. Ou liberdade para poder te amar sabendo que também quer amar-me, e para isso teremos tempo. Falo de tudo isso de novo. Porque posso não ser Clarice quando ela escreve sem querer mudar nada, mas sou Clarice quando teimosa sou exigente de verdades ditas mesmo que com brutalidade. Diga logo que não soube te fazer me amar. Não doerá. Não mais que essa espera que soa inútil, que me prende a você, sem que você saiba. Eu nem olho para os lados na rua. Eu não consigo. E quando saio por aí, com talvez alguém que valha a pena, me bate a culpa. Mas eu não sou sua.
Luana Gabriela 11/11/2009
' Pedi (peço) uma definição ou me quer e vem, ou não me quer e não vem. Mas que me diga logo pra que eu possa desocupar o coração. Avisei (aviso) que não dou mais nenhum sinal de vida. E não darei. Não é mais possível. Não vou me alimentar de ilusões. Prefiro reconhecer com o máximo de tranqüilidade possível que estou só do que ficar a mercê de visitas adiadas, encontros transferidos. No plano real: que história é essa? No que depende de mim, estou disposta e aberta. Perguntei (pergunto) a ele (você) como se sentia (sente). Que me dissesse (diga). Que eu tomaria (tomarei)o silêncio como um não e ficaria (ficarei) também em silêncio. Acho que fiz (faço)bem. ' Caio Fernando Abreu com adaptações. Trilha: Já foi - JQuest [Eu sempre quis fazer você feliz Às vezes me deixava pra outra hora Eu sempre quis falar o que eu sentia Eu sempre te deixei bem à vontade Mas tua falta de vontade Me desmotivou Quer saber? Eu quero alguém pra dividir Gostar de quem gosta de mim Eu sempre acreditei muito em nós dois Eu sempre quis fazer a minha parte]
[Espera-se algo que escape do lugar-comum.
Uma frase honesta, autêntica, sublime, ainda que triste. ]
Fabrício Carpinejar

[ Eu sempre tive essa preocupação idiota de dizer apenas coisas que não ferissem] CFA

Foto: Divulgação
“Todas as coisas que eu deixei de dizer, eu estava me afogando nelas” É quase uma hora da manhã – estranho chamar de manhã a hora quando tão escuro está lá fora – eu cumpro minha rotina noturna, saio da frente do computador, vou à cozinha preparo minha última caneca de café do dia. Escolher qual delas usar é quase um ritual. Umas foram presentes, outras são como lembranças. Escolho, preparo o café, atravesso o corredor, olho no espelho meu novo cabelo cor de ferrugem, entro no quarto, ligo a TV, fico em dúvida se deveria ligar o rádio, o violão que ocupa a cama recosto sobre a parede, penso que devo trocar essas cordas velhas que não soam mais como antes. Eu estive pensando em você, eu sempre penso em você antes de dormir e não me recordo de um dia sequer em que não me lembrei de você depois que acordei, logo na primeira hora do meu dia. Sabe, no verão a única hora boa para tomar café é antes de dormir. Depois de muita pesquisa descobri que faz um ano que nos “conhecemos”.Parece que faz tanto tempo mais. Às vezes sinto que você me conhece tanto, às vezes sinto que não conheces nada de mim. Carpinejar disse que é uma grande contradição do amor: : Queremos conhecer quem amamos e, ao mesmo tempo, desejamos que seja imprevisível. Me sinto assim com você. Não, isso não é uma carta de amor, apesar de ser um texto ridículo ( lembrei de Fernando Pessoa que disse que todas as cartas de amor são esdrúxulas). Não é uma carta de amor, primeiro porque não é uma carta. Segundo porque não falo de amor. Falo de um não-sei-o-que que você me despertou desde aquele dia, naquele show. Naquele chão, sentamos, conversamos, falamos, nos descobrimos. Nos descobrimos, é essa a expressão.Neste um ano algumas coisas não mudaram nada, outras mudaram muito. Quando a gente conversa fica sempre algo no ar, na voz, na intenção... os assuntos são os mesmos e eu poderia passar o resto da vida discutindo-os com você. Ouvindo seus elogios ao meu texto. Um dia você me perguntou se meu antigo amor gostava de se ler. Hoje eu te pergunto, você, gosta de se ler? Me obrigo a citar Carpinejar mais uma vez: “Será que me apaixonei pelo seu texto e quis ser seu personagem?” . Eu não pretendia me estender muito, mas estou começando a terceira página, sim escrevo a mão. Meu café já acabou, tem um cara muito loco dando entrevista no Jô. Escrevo a mão para ver se me acovardo na hora de digitar, cada letra dessas, se na minha ânsia de terminar não deixo algo de fora. Se não me acovardo e deixo todos estes pensamentos guardados. Mas o blog é também uma gaveta. E eu quero que você me leia. Que quero que você me “ouça”. Eu quero que você me vença. – você vai me vencer, eu vou me apaixonar, não há mais o que decidir – Eu quero que você me cuide. Eu quero que você me ame. Eu quero amar você. Você diz que amor e incondicional são sinônimos. Você acha errado eu me permitir amar você só se você se permitir me amar também? Não estaríamos nós criando algumas condições para sentir o que é incondicional? Eu faço força para acreditar que se não der certo com você, haverá alguém “melhor”, - eu simplesmente não sei mais, gostar de alguém sem ser você – Eu sei você já disse que não pensa tanto em mim, portanto também não sente como eu. Mas você sente algo? Você consegue sentir a alegria na minha voz, quando eu ouço a sua do outro lado do telefone? – não adianta falar de amor ao telefone isso é ilusão... a fome de amar é real não se traduz em fios – Você sente a minha ansiedade quando estamos no mesmo ambiente? Eu te olho, sorrio, fico esperando você vir falar comigo. E você vem, ou vinha, já faz tanto tempo que não nos vemos, não tens tempo. Desculpe a repetição, mas Carpinejar disse que o maior antídoto para a falta de tempo é se apaixonar. “Aconselho a quem não tem tempo: Apaixone-se”. Os apaixonados sempre têm tempo. E antes que o tempo, e as folhas do caderno, ou a tinta da caneta acabem, eu preciso falar das coisas que resisto há tanto tempo para justamente nos dar tempo. Você me disse tantas vezes que tudo tem seu tempo e que era preciso ter calma. E nós quando será nosso tempo? Quando teremos tempo de amar? Desejo que você encontre alguém por quem você se apaixone, que ela seja a personagem principal da história e que o tempo , que o tempo seja o coadjuvante, um mero espectador talvez, assistindo o amor de vocês. Começo a quinta página. Acho que é hora de ir. De ir dormir o relógio marca 01:42 – não vou roubar seu tempo eu já roubei demais – Sem dúvida algumas coisas foram ditas brevemente, outras esquecidas. Especialmente neste texto não procure mensagem alguma nas entrelinhas, fui clara. – eu fui sincero como não se pode ser e um erro assim tão vulgar nos persegue a noite inteira – Sou meio viciada em sinceridade. Seja qual for a relação que estejamos construindo, porque eu juro que ainda não consigo definir, quero que seja baseada na sinceridade (mútua). Seremos então amigos sinceros, ou seja lá o que for. Apesar de certamente a versão “online” ter sido editada, não gosto de ler textos enormes na frente do computador. Mas outra vez coloca meus gostos do avesso. Como quando me fez gostar dos teus olhos, os primeiros claros pelos quais me encantei. Me sinto agora alguém que está discutindo uma relação, que pode terminar inclusive. Mas é uma relação que nunca existiu. Não se pode terminar o que não teve início. Deus sabe o quanto acreditei em nós. Você disse que não importava o que acontecesse estaria certo de que as voltas das nossas vidas estariam sob o controle de Deus.Concordo, entendo, aceito e acima de tudo creio. Só não quero ter de responder a quem me perguntar por ti, e acredite muitos perguntam, só não quero ter de falar algo como: Deus não quis. Não foi da vontade de Deus. Serei sincera, você não quis. Não fui alguém por quem valeria a pena faltar uma aula, trocar o compromisso do sábado à noite, ou dez minutos depois do trabalho. Não falo isso com tristeza, falo com consciência de que sou alguém que precisa de tempo e atenção. Mas afinal, quem não precisa? Sei que de certa forma você dispensou ambos a mim e como em fizeram bem, e ainda fazem, mas me soam como promessas que você jamais fez e, portanto jamais cumpriria. Estou me estendendo mais do que deveria talvez você esteja cansado, sua atenção se tenha dispersado, talvez eu não saiba prender sua atenção. Eu não soube fazer você me amar. Não soube pular o muro, invadir seu mundo. – onde há muros há o que esconder – Você foi minha maior surpresa, o sonho que pude tocar e não pude viver, quase uma decepção. Não pense que falo e ajo por impulso – apesar de ser impulsiva – se me estendo tanto em minhas palavras é porque confesso os medos e as alegrias de tantos meses, tudo amadurecido. Desejei que o fim fosse diferente, desejei que não houvesse fim. Desejei que não fosses mais um – tente ser algo mais e não apenas mais um – Mas no fim é sempre igual, sempre um ponto final – Pode ser que eu não tenha te amado. Mas o que senti foi único. – foi um sentimento que aos poucos tomou conta sem deixar espaço – Puro. Sincero. Racional. Intencional. Verdadeiro. Bom. Tão bom que quando começou a fazer mal, deixou de valer a pena. Não pare por aqui, estou terminando: - Eu queria te dizer uma coisa. E você já sabe. Mas acho que devo dizer assim mesmo. Assim nunca vai haver confusão a esse respeito. (...) Sei que não sente o mesmo, mas preciso dizer a verdade, assim você saberá quais são as suas opções. Eu não quero que um mal entendido nos atrapalhe. (Stephenie Meyer)

É a oitava página e o que concluo de tudo isso? Fomos, somos e seremos sempre especiais um para o outro. Quero um dia ser amada como já amei. Tenho dúvidas de que quando isso vier a acontecer, SE acontecer, eu ainda serei capaz de amar como já amei. E tenho medo de ser capaz. E tenho medo de não ser capaz. Acho que vou parando por aqui. Palavras são sementes. Eu vou plantando. Um dia vou colher. E você disse: Um dia, com o tempo, seremos melhores amigos. – O que é um motivo válido para amar uma pessoa? S.M. Clarice Lispector disse que escrevia sem expectativa de mudar coisa alguma. Não sou Clarice.

“Não quero deixar que as coisas não ditas me sufoquem” Luana Gabriela novembro 2009 Trilha: Um dia - Reação em Cadeia [Não vou dizer aquilo que não quer ouvir Para não ferir você Sei que as palavras de minha boca são duras Mas, não são pra valer. Sei que não tem jeito mas vou tentando mesmo assim E carregando a dor de ver o que nem começou Próximo de ter um fim, Estamos longe, longe Pra tocar o céu, Mas um dia virá que nós dois seremos, Uma dia virá]

[ Que eu tomaria o silêncio como um não ] CFA

“Ninguém sabe o ponto certo de se doar e quanto vale a pena. É verdade… Às vezes, não vale. A gente se dá sem querer nada em troca. Por quanto tempo conseguimos encher copos de água para o outro enquanto morremos de sede? Não será essa atitude uma maneira de simplesmente alimentar o egoísmo do outro? É cômodo apenas receber…“ . Débora Böttcher .
"Não precisa gostar de mim se não quiser. Não me diga nada - ou me diga tudo. Eu não me contento com pouco - não mais. Eu tenho muito dentro de mim e não estou a fim de dar sem receber nada em troca." Fernanda Melo

[50%]

50% te amo, 50% ainda não. Metade acredito em você, metade duvido de mim. Metade acho que inventei esse amor, metade acho que foi você quem inventou. Metade choro de raiva, metade sorrio triste por aí. Metade sei que nos falta tempo, metade acho que o que falta mesmo é vontade. Metade quero muito te ver, metade acho que nem quero. Metade fico feliz de ouvir sua voz, metade fico triste porque é só a sua voz. Metade fico feliz quando te escrevo, metade triste por achar que não deveria escrever nada. Sou 50% sua, os outros 50% ainda são meus. Metade quero te fazer feliz, metade quero ser feliz com você. Metade me imagino contigo, metade é melhor nem saber. Metade me passa segurança, metade me deixa insegura. Metade quero só seu abraço, metade quero mais que isso. Metade do dia eu penso em você, na outra metade eu sonho. Metade de mim entende você, outra metade me dá total razão. Metade acho que pode dar certo, metade acho que não. Metade acho que seria bom tentar, metade acha melhor deixar pra lá. Metade depende de mim, metade de ti. Metade podemos ser felizes a outra metade também.
Luana Gabriela
04/11/2009
Trilha: Best of you - Foo Fighters
[A vida, o amor, você morre para se curar
A esperança que dispara os corações partidos
Você confiaVocê deve confessar]

[unconditional things ]

É evidente que complicamos o amor. Pois o amor nos torna confusos, eufóricos, instáveis. Nada apaga a incerteza do começo. Quando se fica junto e ainda não se tem convicção do enlace. Qualquer sinal pode aproximar ou sacrificar o início. Nenhum dos dois confessa. Ambos rodeiam com palavras outras para se aproximar da palavra aquela. Já descobriram a intimidade, a empatia, as afinidades, mas há o medo de apressar. Mas há também o medo de demorar. Como é difícil acertar o ritmo de fora com o ritmo de dentro. O abraço serve para apartar o excesso de palavras, assim como no boxe o abraço serve para conceder trégua aos socos. Quanta violência na vagueza. É dormir de tarde e se acordar de noite. O amor rouba o fuso, o contexto, a simplicidade. É uma mudez carregada de fragilidade. Apaga-se a luz ou apaga-se o corpo para diminuir o receio de não ser aceito. O amor aperfeiçoa os defeitos. Os defeitos ficam charmosos, simpáticos, expansivos. O amor devolve a transfiguração. De repente, se está rindo sozinho, do absurdo de ver mais do que se deveria, pelo excesso de contigente da imaginação. Não se toma o partido, a iniciativa. Há o risco de errar feio e se enganar com a previsão. Calam-se e discutem por qualquer coisa porque não se tem a coragem de se discutir o que interessa. É um estado de nervosismo permanente, de vulnerabilidade extremada. Vontade de terceirizar a vida e deixar que os outros administrem e tomem as decisões em nosso lugar. Vontade de largar a casa, os móveis, mudar de identidade e retornar assim que tudo estiver resolvido. A indefinição é que faz o amor permanecer ou ir embora. E não existe modo de diminuí-la. A vida se faz de expectativas. Talvez a vida seja curta para cumpri-las, talvez seja longa para entretê-las. Não se pode esquecer o que aconteceu atrás, antes do amor. Que o amor seja indefinido para durar. Só se fala do que se tem a necessidade de compreender.
Fabrício Carpinejar
Trilha: Alanis - Head over Feet
[Você já me conquistou, apesar da minha vontade Não se assuste se eu me apaixonar da cabeça aos pés E não fique surpreso se eu te amar por tudo que você é. Eu não pude evitar, É tudo culpa sua.]

[ e me deixou esperando um sinal que me fizesse entender ] Square

Um novo amor desorganiza a casa. Não se acredita no que está vivendo para se acreditar mais. A reação inicial é a da incredulidade: ele não gosta de mim, é só amizade, não estamos juntos. Mas dentro ressoa o contrário: ele gosta de mim, é mais do que amizade, já estamos juntos. Os pensamentos brincam de esconde-esconde. Esconder o que se sente para os próximos, mas mostrar para si o que se conquistou. Jogo de convencimento, devagar e sensível. Logo bate a covardia: seremos enganados, não dará certo. Em seguida, a coragem revida: ele é sincero, dará certo. Somos nossos piores amigos, nossos melhores conselheiros. É uma insegurança tensa. Será que ele está pensando em mim? Será que ele me deseja a ponto de não fazer outra coisa? Não se admite experimentar sozinho o estado de paixão. Há uma gana pela cumplicidade. Não se entra na briga sem a recompensa de se descobrir acompanhada. A comparação torna-se inevitável. Fica-se a sondar sua intimidade e estudar seus sinais e caligrafia. Em algum momento, deve ter deixado claro que me ama e se busca a confirmação. Revisam-se as cartas, as mensagens, os recados. Mas não há ajuda, não há clareza no amor, tudo é falado com ambigüidade. Não se arriscam certezas. As certezas são duras e frias. As certezas agridem. O que ele escreveu pode significar ternura. Não significa que está a fim. Flutua-se no balbucio, no nervosismo até o próximo encontro, em que será possível identificar sua intenção. Mas nenhum encontro futuro vai assegurar o amor. A convivência não esgota o desconhecido. Fica-se a relembrar a ordem das palavras ditas, inclusive a ordem das palavras não-ditas. Evoca-se a seqüência das risadas e a confusão dos gemidos. São refeitas as contas, muda-se o método de enumerar e não se chega a nenhuma conclusão. Resta o mesmo resultado, a mesma indefinição infantil. Ele me ama ou não me ama? A impressão é que emburrecemos progressivamente, nada presta ou nos prende. Dispersivos, desenhamos apenas corações, florzinhas, estrelas e chapéus nos papéis amarelos. Esquece-se o vocabulário. Pioramos o raciocínio desde que se tentou definir o amor. Já estamos sofrendo antes mesmo de amar. Fazemos de conta que ele não existe para se surpreender depois. Fingimos que ele não entrou em nossa vida para suspirar com sua aparição. Guardamos sua foto no nosso quarto, voamos para sala e não agüentamos, voltamos para vê-la de novo, para confrontá-la com nossa imaginação. E dormiremos cedo para enganar a fome.
Fabrício Carpinejar
Trilha: Esquecer - Square
[Me deixei sorrir/Ao te ver
Me senti feliz com você
Cada minuto que passava eu te amava mais
E nada mais me importava...
E me deixou esperando um sinal
Que me fissese entender/Se era mesmo um ponto final
Se eu devia te esquecer]

[ mas não se deixe morrer sem saber o que é viver ] Square

Aos meus 12 anos vitória de verdade seria sair de casa aos 18. Aos 15 era conseguir sair sem minha mãe saber e ficar com aquele cara lindo do colégio. Aos 17 era passar no vestibular. Aos 18 era conseguir concluir o primeiro ano da faculdade sem ter nenhuma dependência, vitória não conquistada, aliás. Aos 19 era conseguir tirar aquela música com todas as viradas. Aos 20 era terminar logo a faculdade. Aos 21 anos tenho sim algumas grandes vitórias em mente, concluir uma outra faculdade, falar francês. Mas quero me concentrar nas minhas pequenas vitórias. De quando conseguir me manter em pé no skate pela primeira vez. Entender que mesmo sem a carteira de motorista, tirar o carro do lugar, já é uma vitória. Uma pequena vitória que me leva a outras. Conseguir afinar meu violão sem um afinador, não ser grosseira com meus amigos quando estou irritada, é uma vitória. Terminar de ler aquele livro que eu comprei há dois anos é uma vitória. O primeiro campeonato de futebol que eu ganhei. Dois meses sem pintar o cabelo e deixá-lo crescer é uma vitória. Cada dia que eu me esforço tentando não levar a vida ao extremo, 8 ou 80 e deixando as coisas fluírem é uma vitória contra a minha ansiedade. Quando de noite, eu não liguei pra ninguém, e sofri calada a minha dor, foi uma vitória. Quando consegui deter versos tristes que eu escreveria, foi uma vitória. O cigarro que não fumei, o cinema que eu neguei, são as minhas pequenas vitórias. O ciúme que eu calo, e deixo quieto de lado, é uma vitória. Os pecados que não cometi. Aquela música que eu terminei de compor. Aquele acorde que eu consegui fazer. Minha coleção de pequenas vitórias. Quando eu olho para você e consigo não te amar, apesar da sua “perfeição” é uma vitória. Se boa, ou ruim, só o tempo e você podem dizer. Não mentir que não estou é uma vitória. Não jogar sobre as pessoas as conseqüências dos meus erros. Não “jogar na cara” erros que já foram superados. Não supervalorizar a opinião dos meus amigos é uma vitória e tanto. Deixar o preconceito de lado e ler Machado de Assis é uma conquista, que hoje faz um ano. O dia que não chorei, a cobrança que não fiz, o café que não tomei, ilustram ainda a minha lista de vitórias pequenas. O conselho que não dei, aquele outro que não pedi. O brigadeiro que não comi, o romance que não assisti, a critica que não fiz. A ofensa que calei, a mágoa que não guardei. A roupa que não comprei, o livro que não pedi de volta, o abraço que não neguei, a saudade que não alimentei, o e-mail que não respondi, o amor que eu não cobrei. Pensando bem, até agora eu mais venci do que perdi. E para mim, pensar assim também é uma vitória. Luana Gabriela 25/09/2009
Trilha: Mais um café gelado por favor - Dance of Days
[nao importa se o que eu sinto/ não faz sentido pra você
Essa noite vou ver o mar/Sentir as ondas em meus pés/
Sentir que meus dias valem muito mais que Ficar e ouvir você falar/sobre dinheiro e trabalhar/
Sobre coisas que eu não vou mudar/você torna tão difícil/
tudo que se importa demais/com o que os outros vão pensar/
Ninguém vai devolver sua vida/
quando perceber que deixou tudo pra trás]

[ You know, I know, love is all we need ] Interpol

A maior parte da vida é tão tediosa que sequer vale a pena falar nela, e é tediosa em todas as idades. Quando trocamos nossa marca de cigarro, quando nos mudamos para um bairro novo, quando assinamos um novo jornal, quando nos apaixonamos e nos desapaixonamos, estamos protestando de maneiras que são ao mesmo tempo frívolas e profundas contra o tédio indissolúvel da vida cotidiana. Infelizmente qualquer espelho é traiçoeiro e reflete em algum ponto de cada aventura o mesmo rosto frívolo insatisfeito, então quando ela pergunta o que foi que eu fiz?, na verdade quer dizer o que é que estou fazendo?, como geralmente acontece.
Truman Capote - Travessia de Verão
Trilha: Say Hello To The Angels - Interpol
[What you thought was such a conquest Your hair is so pretty and red Baby, baby you're really the best...]

- é sempre amor mesmo que mude - BB

- Tive tanto medo de você não gostar mais de mim
que eu resolvi deixar de gostar de você antes.
Filme: Romance
Você gosta dele? Ficamos nos olhando por um longo tempo em silêncio. - Não sei. – murmurou ela por fim. - Não sei. - Alguém disse uma vez que na hora em que se pára para pensar se gosta de alguém, já se deixou de gostar da pessoa para sempre. Carlos Ruiz Zafón - A Sombra do Vento
Trilha: Alanis Morissette - You Oughta Know
[Porque o amor que você deu
e que construímos não foi capaz de fazer com que você se abrisse totalmente]

[ Amizade não é dependência, submissão ] F.C

O amor é quase amizade, a amizade é maior. Permite diferenças, sem querer convencer o outro. Permite conhecer o outro, mais e mais, sem temer a intimidade de ser desvendado. Ele tem sempre as palavras certas, para as horas certas. Sabe quando preciso ouvir verdades duras, sabe quando preciso ouvir palavras doces, mesmo sem me ver há dias. Não há cobranças. Amizade é ligar quando quer, sempre que quiser sem medo de ser chato ou inconveniente, seja às 5h da manhã ou ao meio-dia. Ser amigo é ter um ciúme menos possessivo, mais por cuidado mesmo. É atender ao telefone no meio de um encontro para ouvir um desabafo. É se esforçar para ser amigo do namorado dela, para ser amiga da namorada dele, só para facilitar a convivência. Ser amigo é adivinhar quando eu não quero ver ninguém mais além dele, é desmarcar uma saída em grupo, para ficar em casa vendo filmes repetidos. Ser amigo é se aventurar na cozinha, inventar pratos, ou simplesmente passando um café. Ele ouve meus gritos no meu silêncio. Ele entende meus recuos, minhas sumidas e se assusta se elas se prolongam. Ser amigo é dar presente 20 dias depois do aniversário, e sem embrulhar mesmo, quem se importa com isso? É acertar no perfume antialérgico, no tamanho da blusa, sem perguntar, porque já nos conhecemos. É não saber como ele deixou de ser “o cara metido” para se tornar o meu melhor amigo. Eu não sei, eu não lembro. Ser amigo é não lembrar. É esquecer das promessas não cumpridas, da ofensa proferida. Ser amigo é topar programa de índio para não deixar o outro só, é topar ser alvo de olhares insinuantes “estão juntos e não querem falar”. Ser amigo é opinar sobre o novo corte de cabelo, sobre a nova cor. Reparar quando engorda, quando emagrece. Receber em casa de moletom, cabelo preso. Ser amigo é almoçar com a família no domingo, é dividir o sofá, o cinema, o cobertor, a conta no mercado. È falar besteiras, é confessar pecados. Amigo é aquele que nunca foi ex, nunca será. Amigo não tenta entender, aceita as estranhezas e só. Uma amiga me disse uma vez: Você não é algo que se entenda, é algo que se sente. Ele tomou isso como verdade, ele não me entende ele apenas me sente. Amigo é aquele que a gente conquista e não teme perder. E por isso somos mais tolerantes com nossos próprios erros, com os erros dele. Amigo é contar os sonhos, dividir os pesadelos. É perdoar. Ele perdoa quando eu digo que vou e não vou, perdoa meu celular desligado quando ele precisa muito falar, sem que eu precise me desculpar. Eu não me lembro como eu era antes dele. Ser amigo é dizer “Eu te amo”, sem medo, sem complementos. Não precisa explicar: Eu te amo, como amigo. Ser amigo é dizer: Eu te amo e ponto. Eu também te amo e ponto. Luana Gabriela 26/10/2009
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