- But change is never a waste of time - Alanis

[Eu sei que é difícil manter um coração aberto Quando mesmo os amigos parecem dispostos a te prejudicar Quando olho dentro dos seus olhos Posso ver um amor reprimido Mas querida, quando te abraço Você não sabe o que eu sinto o mesmo?] November Rain Era novembro. Um novembro chuvoso. Com Glen Hansard tocando, sentava-se em sua cama. Caderno em mãos, canetas espalhadas pelo edredon. Ideias e muitos sentimentos confundiam-se. Queria escrever sobre ele. Mas achava melhor não. Já havia dito – escrito – demais nos últimos tempos e como não havia obtido resposta eram como cartas lidas e então devolvidas ao remetente. Perto do final do ano sempre fazem algumas retrospectivas. Ela faz retrospectivas todos os dias. Conclui que viver é bom e dorme. Mesmo depois de tantos meses passados em que se pudesse já não habitaria aqui. Um mundo de dor. Hoje ela podia ver tudo um pouco melhor, talvez, dependendo do dia, chegasse a pensar que o mundo poderia ser de amor. Amor de pedidos atendidos. Ela não acredita em horóscopos e a quem possa interessar pode dizer que esta é uma verdade empiricamente aprendida. Segundo o horóscopo a partir do dia 11 deste mês deveria estar em seu “inferno astral”. Mas suas experiências com o mês de novembro mostram que vive seu paraíso astral, que começa em novembro e termina em janeiro, geralmente. Com sua fé, (aponta pra fé e rema) acredita que no próximo ano pode ser diferente. Começa o paraíso astral e não mais termina. Deixem-na crer que assim será. Ela escreveu uma vez, ainda se lembra, que agosto era seu mês baixo astral, a expressão inferno remete a eternidade e ela não crê nas coisas ruins eternas em sua vida, ah! não crê mesmo!! Pois bem, hoje quer falar sobre novembro. Em novembro é quando ela mais sente falta de ter alguém para abraçar, atravessar as ruas da cidade, iluminadas para o Natal, aquelas ruas lotadas de consumistas compulsivos, atravessar a ruas de mão dada – percebeste como ela é paranóica com atravessar a rua e mãos dadas? – em novembro ela deseja sorrir, fazer sorrir. É para novembro que se guardam surpresas para a vida dela. E ela quer ter com quem dividir. Não os pesos da vida, mas as alegrias. Ela vai guardando tais alegrias, e vai se enchendo, e vai transbordando sorrisos iluminados pelas ruas da cidade cinza. E vai. Novembro passado concluiu seu curso universitário, cansada e sem ter com quem comemorar, trancou-se em seu quarto e dormiu, dormiu até a outra noite chegar. Alívio era a palavra que tatuava em seu coração. Neste novembro, olhou pra trás e percebeu. Mais um alívio. Mudará de casa. Mudará de espaço. De quarto. Mudará de bairro. Mudará. Mudou. Há quanto tempo em suas orações pedia para deixar aquele lugar? Hum.. ela pensou, há tanto tempo que já nem se lembra mais. Chegou o dia. Ela muda amanhã. Só uma coisa não muda, ainda não há quem abraçar e com quem comemorar. Vai dormir novamente, um dia inteiro, até outra noite chegar. Quem sabe em novembro que vem não é isso que muda? Quem sabe não vai ela querer tatuar uma palavra – amor – ou quem sabe uma letra? Quem sabe. Deixem-na crer. Luana Gabriela 27/11/2009
<< >>