[ novas regras não valem para textos incompreensíveis ]

"Sintomático que os casais peçam conselhos aos amigos para fazer em seguida tudo diferente. Amor muda as regras de propósito, muda o telefone, muda o endereço. Quem não está jogando não entenderá. É feito somente para jogar, não ser assistido. O mistério é não entendê-lo a ponto de preveni-lo. Prevenir o amor é matar a capacidade de aprender com suas conseqüências. " Sinto-me um texto incompleto, qualquer texto produzido por uma criança da primeira série que não sabe ainda onde colocar as vírgulas, os pontos, os travessões... não tem coesão. Não dá pra entender. Eu começo uma história sozinha, eu termino essa história sozinha. Começo uma relação sem perceber estou dependente dela e deixei o outro viciado em mim. Melhor em mim não, ele fica viciado no que eu sinto, o jeito que eu o trato e eu viciada em cuidar de alguém. Onde você estava?, com quem você foi?, quem era ela? , Porque acordou tão tarde, não tava bem ontem? Quer que eu vá lá com você? E ouço todas as respostas, "vocês criaram uma relação", uma relação sem a melhor parte, o amor em ações não em palavras. Eu escrevo que amo, mas me dói tanto não conseguir te dizer isso. Eu mostro que amo, eu vivo este amor com tudo que posso até onde você me permite, e eu queria dar um passo a frente, porque pra mim o amor é movimento. O amor é nosso olhar constantemente procurando um o outro, é meu braço procurando encostar no seu, nossas mãos se escontando quase sem querer enquanto andamos, são nossas bocas nervosas, ansiosas, secas, o amor é tudo isso que estamos vivendo..mas eu quero um passo a frente. Eu quero que você dê um passo a frente, pegue a minha mão e me leve. Mas esse esse passo a frente pode nos levar até um precipício, um caminho incerto, mas isso também é um movimento. O amor não pode ser guiado pelo medo de dar errado, de qualquer coisa que possa acontecer, tem de ser guiado pela fé no sentimento que nasce, um passo a frente, dê um passo de fé. E começo um novo parágrafo na nossa história ou termine e deixe - me assim como um ponto e vírgula, uma reticências uma história que você não consegue entender, um texto sem coesão. Luana Gabriela 04/06/2009

[ tem vezes que me esqueço que fui o que ainda sou ]

Há uma necessidade cultural de chamar para se divertir um filho que lê um livro no quarto. Será que aquilo também não é diversão? Escutei muito: 'vá brincar lá fora, tem sol'. Dentro não pode ter sol? Duvido sim dos que não ficam um pouco em si, mergulhados, imersos, centrados, costurando as palavras com os cílios da agulha, tramando uma figura no pano de prato, uma figura que nunca terá legenda. Os pensamentos conversam quando paramos de ouvi-los. Cada um é seu próprio amigo em segredo. Solitário, respira-se a medicação do verde, limpa-se os óculos na camisa e sopra-se as lentes. Não é ruim querer ficar em seu canto, com seus hábitos, alargando os chinelos com o uso e desabotoando a boca com chocolate. Não se enxergar como a parte ofendida. Não ser refém do movimento para circular o sangue. O respeito não chega com a cor dos cabelos. A mata fechada tem sua clareira no solo. Assim é possível se preparar para amar mais o que não está na gente. Nem tudo que é par é completo.
O amor inicia na incompreensão compreendida, a confusão saborosa da identidade de não pensar em outra coisa, e termina em compreendida incompreensão, na confusão desastrosa da identidade de não querer pensar no assunto por mais um dia. Fabrício Carpienjar

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Terminei sendo um ponto e vírgula, não tenho coragem de terminar uma frase e muito menos certeza para começar outra. Eu apenas me interessava por fatos que ninguém conseguia explicar. A desistência da explicação é o início do poema. Ninguém mais se observa. Se observar com atenção alguém saberei mais dele do que ele próprio. Desejo ser mais boato do que notícia. O boato exagera, a notícia omite. Aquilo que uma mulher ou homem imaginaram também existiu. O que imaginamos também é biografia. Se eu não confesso um amor, não significa que ele não ocorreu, porque ele me fez existir.
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