Todo amor encontra obstáculos. Ele derrubou os que existiam em mim, eu criei os que ele não tinha. Eu ficava em silêncio, enquanto ele falava tudo. Agora eu falo tudo e tenho o silêncio como resposta. O meu silêncio vinha da dúvida, tenho medo que o dele também. O que aliás é bem provável. Parei de dizer o que sinto. Passei a dizer o que quero. E é sempre ele. Ele no domingo, no sofá, para o café na tarde, na hora do jogo, na hora de ler, na hora de escrever, comer e dormir. Tanto querer o assustou, o querer dele me conquistou. Meu silêncio o fez me querer, as palavras dele me fizeram querê-lo. Com a situação invertida o processo será inverso. O problema é ele não perceber. Eu falando porque ele disse: fale tudo. Ao invés me sufocar no que não digo, me afogo em tudo que há pra dizer e digo. Não há amor sem palavras, ainda que amor seja provado mesmo em ações. Não são grandes as coisas que se espera. Mas a ruptura de algumas barreiras. Pra valer apena sair da zona de conforto em que eu estava: o amor era uma mentira. "O teu amor é uma mentira que a minha vaidade quer e o meu poesia de cego você não pode ver", foi o que eu cantei. Ele respondeu com "Exagerado, jogado aos teus pés, ... adoro um amor inventado". Não poderia ser diferente eu amo romances e ele cinema, uma história inventada para dois personagens criados. Eu desenhei nele a quase perfeição na imperfeição, ele desenhou em mim a perfeição, e me encontrou imperfeita. Está difícil. Por mais que eu diga. Ainda não é tudo, não costumo dialogar com o silêncio, a casa vazia faz minha voz tremida ecoar em todos os cômodos, meu coração é uma casa quase vazia, nesses dias em que o tenho longe. Não sei amar contidamente, não sei amar. Aquela coisa de separar, de ser independente, de ter meu espaço, era discurso. Quero que ele ocupe todos os espaços, que jogue fora meus compromissos, para me levar ao teatro numa segunda-feira, ao café na quinta, a ferinha no domingo. Quero que os lábios dele descolem meus cílios grudados depois do choro. Quero esquentar minha mão nas mãos dele. Quero dedilhar o rosto dele, compor uma melodia com os suspiros depois do beijo, compor uma letra só com versos sobre o quanto ele é meu e eu sou dele. Mesmo que às vezes eu não sinta assim. Eu queria ele aqui agora. A voz fazendo morada em meu ouvido. Os braços como travesseiro. Mas ele não me ouve. Eu grito, sussurro e faço silêncio. Ele não me ouve de nenhum jeito. Quem sabe quando eu disser: Não quero mais! Ele me ouça, quem sabe nem assim, na verdade é o que eu espero. Que ele leia não o que eu escrevo, mas aquilo que ainda não li nem em mim, que ele declame versos desconexos, ele não precisa rimar. Ele é minha rima. Ele é a letra que faz todas as outras letras do alfabeto rimarem com "eu". Eu amo. Eu beijo. Eu cumplicidade. Eu dedicação. Eu escolha. Eu força. Eu gosto. Eu humildade. Eu irradio. Eu melosa. Eu nova. Eu orgulhosa. Eu perdida. Eu quero. Eu rimando. Eu surpresa. Eu T. Eu (uuuu!) Eu você. Eu xiando. Eu (zzz). Eu e ele. Ele me leva do amor à raiva em segundos. Da certeza de que não quero mais à certeza de que quero pra sempre. Difícil. Eu o afasto e o puxo, não sei definir se o melhor é ele distante ou perto. Decidir é ainda pior: se quando ele se afastar eu não sentir falta, mas se ele ficar perto eu não querer mais ir embora? Não era assim que eu queria. Eu queria a certeza. O silêncio de cumplicidade não de dúvida. A mão dada pra guiar não por medo de afastar. O beijo depois do Eu te amo. Não o contrário. Não era assim essa distância que às vezes me mata, mas que ele acredita fazer viver nosso amor. Nenhum amor morre com a presença, morre na ausência. Eu disse, ele não ouviu. Meu amor mau nasceu e está na U.T.I. Só respira pela boca dele.
Luana Gabriela
14/08/2010
Ain que lindo. Me identifiquei, e quase não contive as lágrimas, é, realmente não as contive.
ResponderExcluirMas achei lindo, emocionante, e sim o amor morre de saudade, não de onipresença. Por vezes até por saudade da própria, mas nunca acaba por ter demais.
ps: amei seu layout ;)
Bjs
muito bom (:
ResponderExcluirvou seguir,
beijos
"Eu queria ele aqui agora. A voz fazendo morada em meu ouvido. Os braços como travesseiro. Mas ele não me ouve. Eu grito, sussurro e faço silêncio. Ele não me ouve de nenhum jeito. Quem sabe quando eu disser: Não quero mais! Ele me ouça, quem sabe nem assim, na verdade é o que eu espero."
ResponderExcluirPER-FEI-TO! =)
Bom Domingo!
Se a vida está nele, porque você não está lá também?! Respira fundo, Lu, nem que seja o ar dele.
ResponderExcluir...
beijos doces, moça.
Vamos combinar assim.
ResponderExcluirNão me lês e eu não te leio.
São tantos EUs que me perdi e fui pra UTI.
Beijo doce guria!
De alguma maneira, parece que você encontrou um meio direito de falar com meu coração... As palavras certas pra destrancar as lágrimas presas.
ResponderExcluirSimplesmente perfeito.
ritmos diferentes, mundos diferentes, por que tem que ser assim?
ResponderExcluirbjo!
"Tão longe do certo eu te sinto perto na minha solidão / A espera demora e o teu silêncio canta como uma canção
ResponderExcluirque eu não quero ouvir" [Enverso]
Texto profundamente sublime e de uma intensidade absurda. Não andasse o meu coração já tão calejado de se perder nessas estradas sem rumo, ter me encontrado no teu texto faria eu me desfazer todo em lágrimas...
Beijos, çao.
Intenso, vivo, amor... lindo texto! Emocionante e envolvente! perfeito!
ResponderExcluirbjs
Muito bem... disse tudo muito bem!
ResponderExcluirnossa texto mt mt LINDO!
ResponderExcluirparabens tú escreve mt mt mt beem!*o*
Ai que delícia de Blog. Adorei!
ResponderExcluirBJs
MORDIDA
ResponderExcluirSe for preciso
o amor não usa o guizo
e morde sem aviso
o teu coração sonhador.
Mas eu devolvo o teu riso
menina sem juizo,
e a tua dor amenizo
no meu liquidificador.
Abç.parabéns pelo blogue
Mas claro que deixo, corazon.
ResponderExcluirPode postar, é só creditar, a propósito, conhece uma música chamada Never There, de Cake?
escreves divinamente...
ResponderExcluiradorei te ler enquanto bebia meu café...
abs
Nossa' LINDO ! Profundo .. Sem palavras agora =X
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