Deu um nó

É que eu já não sabia mais como viver fora da caverna. Como sair pra pegar Sol sem machucar meus olhos, queimar a pele e ficar marcada por sei lá quantos meses. Mas é quase verão, e faz muito calor aqui. Também não sei se você vai entender o que digo sem dizer. Embora eu lembre que antes de tudo acontecer você era muito bom nisso. 

É estranho dizer - antes de tudo acontecer - porque parece que nada aconteceu porque sempre existiu, entende? Aquelas coisas que a gente só vê em filme, ou em romances adolescentes de 600 páginas, a gente se afasta pra poder ver o outro feliz. Mas não sabe o quanto ele sofre. E quando sabe já não quer mais, e quer de novo e pra sempre. Entende?

Não me ache absurda por tentar dizer, sem dizer propriamente e diretamente, mas é que nada aqui dentro é direto, reto e próprio. O que estou sentindo parece ter sido roubado de alguma novela mexicana, de alguma tragicomédia. Enfim, o que eu queria mesmo era conseguir me proteger do Sol, pegar só o que é bom, e não deixar que nada me estrague, nem por fora, nem por dentro. 

É que eu não gosto de praia, nem do verão, mas tô sentindo uma vontade imensa de sentir o gosto do mar, o Sol tocando minha pele, e a brisa acariciando meus cabelos. Só que eu ainda não descobri um jeito de não me queimar, de não me afogar e aproveitar tudo isso só na superfície. 

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