[ decisões ]

Você pode virar as costas, ir embora e achar que isso não é nada. Ou pode ficar e descobrir que isso é tudo. Usava uma blusa de frio, cinza que subia até o pescoço e a calça jeans mais velha do guarda-roupa, vestiu-se 15 minutos antes de sair. Ao menos lembrou de passar o perfume que ela lhe deu. Com estas palavras ele terminou a conversa de aproximadamente uma hora. Deixou nas mãos dela o futuro dos dois. Como se ela ainda tivesse escolha. Estava de all star e jaqueta jeans, usava seu perfume favorito. Tinha gasto cerca de uma hora para se arrumar. Iam apenas ao shopping, comer algo e conversar. Era meio de semana e eles tinham de trabalhar. Um faltou à faculdade o outro aos demais compromissos do dia. Sabe, às vezes é preciso reservar um tempo para decidir sobre o futuro e deixar o presente esperando. Logo ela que está cansada de decidir por ela e pelos outros. Está cansada de decidir que roupa usar, se vai ou não à aula, se ouve ou não o conselho. Justo ela que deseja que ele escolhesse o dia, a hora e o filme. Que ele escolhesse o restaurante e decidisse o momento de se tornarem "nós". Ela acha que já decidiu demais. Decidiu se deixar ser amada, decidiu amá-lo, dar uma chance para ele a cada dia supreendê-la, pois ela não espera mais nada. E o que mais ele quer? É um dia frio. Ela ama o frio. Gosta de sentar em frente ao computador, ler poemas, escrever sobre o amor, tomar um café. Ouve canções que a inspiram, que ela deseja tocar para ele um dia. Isso se ela não tiver de decidir. Com lágrimas nos olhos ela declara que dessa vez não tem escolha, não quer ter opções. Não há alternativa : A) Vamos ficar juntos. B) Não vamos ficar juntos. Não há provas, nem testes ela ainda está aprendendo. Está aprendendo a se deixar ser amada e amar. Ela soluçava enquanto disse: Por favor, não me dê escolha. Decida por mim que hoje é o dia de juntarmos nossas mãos e caminharmos juntos. Não me dê escolha. Neste momento ele já não sabia o que dizer. Nunca quis fazê-la chorar, nunca. Sentia-se culpado por aquela dor. Mal sabia que ela chorava o amor que ela não tinha como escolher porque foi escolhida. Não há opção, nós já estamos amando. Ligar ou não ligar, sair ou não sair. Isso não existe, quando amamos só há uma opção, ser feliz. Amor é uma afirmação, nunca interrogação. Não me pergunte se somos um, se estamos juntos. Nesse momento ele desacreditou. Achou que era fim que tinha errado ao deixar com que a escolha fosse dela, arrependeu-se de esperar ela sugerir um filme, um programa. " Se pudesse eu teria ido buscá-la de surpresa e a levado para estar comigo em qualquer lugar. Sem fios nem telas nos separando. Eu só queria tê-la por perto. E agora?" - pensou enquanto lembrava das vezes raras em que se viram, e puderam conversar a sós. Isso era quase impossível já que ambos ocupavam -se muito em ajudar aos outros. Esqueciam-se de ajudar a si mesmo, permitindo-se serem um. E ela conclui, para alívio dele. - Diga que somos um, que estamos juntos. Eu não quero decidir. Colocou o futuro nas mãos dele, pode parecer arriscado, confiar nele para isso, sempre tão indeciso e confuso. O coração dela dispara. E agora, se ele estiver confuso, se não tiver certeza? Sua angústia tem fim ao ouvir. - Chega! Eu decido te amar e ser amado por ti. É como se não houvesse mais nada ao seu redor. - Se é assim, por mim tudo bem. Não me resta escolha. E caminharam de mãos dadas, juntos. Luana Gabriela 11/03/2009

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