- Please don´t stop the rain - James Morrison

"Como um território não mapeado Eu devo parecer muito intrigante Você fala do meu amor Como se já tivesse experimentado amor como o meu antes" Alanis - Uninvited Um dia qualquer, cheio de pequenos milagres que ninguém mais percebe. Na verdade, ninguém mais percebe nem mesmo os grandes milagres. Os seres humanos são mesmo desprezíveis e ela não se exclui da afirmação. No rádio tocando a música tema daquele momento: Eu hoje joguei tanta coisa fora/Eu vi o meu passado passar por mim/Cartas e fotografias gente que foi embora/A casa fica bem melhor assim. O tempo que agora é frio, é o que ela mais gosta. Sentada enfrente aquela janela, a chuva batendo e as lágrimas que não rolaram, tudo ao mesmo tempo e intrigava aquele nada todo dentro dela. Sua última frase: Estou cheia da distância das pessoas que estão perto. E ele entendeu que era também o fim. E que agora era bom aquela distância toda, foi o que ela concluiu. E dentro dela o coração um gelo, só que mais difícil de quebrar, tipo pedra. Mas não era bem isso. Era como se o coração não estivesse mais lá. O amor estava lá fora, o vento. Porque o amor é vento, está em todo lugar. E a gente não sabe onde vai, e não consegue ver o que traz e o que leva. Só depois de muito tempo é que dá pra perceber. Porque a areia fica escassa, porque os pinus nascem em qualquer lugar. Porque os muros crescem, porque a esperança se esvai. E mesmo pra quem não sente, é só olhar os cabelos de alguma mulher que passa na rua, lá está o vento. Era só olhar qualquer coisa, lá estava o amor. Mesmo naqueles humanos que não sorriem muito, ou naqueles que mentem, e os que fingem estar felizes. É que a vida me diz, que eu ando ausente. Eu não ando ausente, eu sou ausência. Porque quando estou ausente em algum lugar estou presente em outro. E sou toda ausência-presença. E nunca estou inteira, sou pedaços. Sou feita de ausências presentes dia sim outro também. Hoje sou feita do abraço que não dei, do amor que não recebi, do grito que calei, da briga que evitei, sou feita até, quem diria, dos versos que não escrevi. Sou eterna ausência e estranheza. Porque embora eu aqui esteja, também não estou. Porque sou só. E se me faço presente, só percebe quem sente, que sou cada dia menos. Menos instável, menos comum. E pela falta de palavras próprias, porque se esvaiu minha inspiração, me calo. Porque já não quero falar da solidão. Que busco. Que buscarei sempre, porque em volta o nada é o que me atrai. Luana Gabriela Fevereiro 2010
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Apareço:

5 marginálias:

  1. Eu vou dormir com uma sensação de ter valido o dia por esse teu texto.

    Caramba, apesar de até mesmo triste, até mesmo duro, é relativamente pré-outonal. Uma pré-serenidade que chegará. E depois, tudo recomeça, Lua!

    Como é bom te ler e espero que tudo fique bem!

    Um beijo

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  2. Aí é que está o X da questão : se o amor é vento e está em todo lugar, por que a gente insiste em querer aprisioná-lo? oO

    Beijo, beijo.

    ℓυηα

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  3. Já estou na casa nova...
    =)

    http://allyouneedislove-janis.blogspot.com

    um beijo

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  4. "Porque o amor é vento, está em todo lugar. E a gente não sabe onde vai, e não consegue ver o que traz e o que leva. Só depois de muito tempo é que dá pra perceber. "

    Não preciso dizer mais nada... hoje eu tô por ai... como vento.

    O texto todo foi perfeito.
    Não some suas ausências deixam saudades...

    Beijo doce em ti!

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