Simples

Ainda não sei bem como chamar-te. Te disse há poucos dias que te considero como a um irmão mais novo. A quem cuido, protejo, amo. Você estranhou a colocação meio indiferente para quem conhece o que passamos. Assim como considero aquele que foi meu primeiro amor, considero a ti também, que foi o último a quem verdadeiramente amei.

Você não me amou da forma mais amorosa possível. Foi um não-amor apaixonante esse o nosso. Que despertava-me o lado bom de olhar para você, através dos seus olhos, ver a mim mesma, ainda mais bonita refletida em tua retina. Não fomos um casal. Mas nosso amor deixou frutos sonoros e poéticos nos teus e em meus dedos, nasceram a minha letra, com tua melodia, nossa canção.

E veio o silêncio. Você e um outro alguém, eu fiquei bem. Senti eu uma falta enorme de rir contigo, naquela época me escreveste sinto tua falta, não some. Para meus ouvidos este não some soou como um: te preciso em minha vida para ser completo. Você nunca diz nada claramente, nem sim, nem não. És a incerteza mais certa em minha vida. A indecisão mais correta. Nunca mais te escrevi desde teu último aniversário.

Hoje, um ano depois, quero te presentear. Não com estas palavras doces, que não lerás, mas com meu silêncio. Embora estes dedos que te escrevem agora pulem para as teclas do celular te escrever: Parabéns! Embora, o número do telefone de tua casa figure límpido e completo em minha memória, não te ligarei.

Este ano não haverá presente. Não haverá saídas durante toda a semana para comemorar. Não escolherei teu tênis, teu perfume, não acabarei com teu frio dando-te uma blusa e um abraço quente.

Estou lendo o livro que me deu, no meu último aniversário. Aquele com uma xícara de café na capa, que fala de ansiedade, estresse e amor incondicional. Soubestes bem retratar-me através dele. Meu primeiro presente com explicação. Perfeito. Quase como você. Quase como foi o que eu senti por você. Foste e será meu último amor. Porque me fizeste amar como da primeira vez. O amor puro que jamais sentirei novamente. E o amor que você jamais poderá receber igual. Eu sei. Você sabe.

Sou o presente que você jamais receberá. Um amor com endereçamento alterado. Não te escrevo mais, não te ligo mais. Mas não resisto e te escrevo - porque não lerás - Parabéns, meu amor.


Luana Gabriela
05/2010

11 marginálias:

  1. e a gente sente quando é pra sempre. E dói saber e não ter.
    Quem sabe um dia fique mais ameno..quem sabe.

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  2. Nunca tinha lido teu blog, adorei, vou voltar.
    Beijos
    www.mamae-dizia.blogspot.com

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  3. sabe,
    às vezes quando leio os teus posts fico desejando que eles fossem escritos para mim...
    acho que vivemos situações bem parecidas... contudo, em lados diversos...
    fico a pensar: como as pessoas se perdem uma das outras?
    que Deus nos abençoe!
    abraços

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  4. Tomara que seja o primeiro e o ultimo ano que passe por isso não é?!
    porque o primeiro ano sempre é o que dói mais.
    mas enfim, lindo! adorei <3

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  5. ainda assim é aniversário né? então, Parabéns!!!

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  6. que coisa liiiiiiiiinda!!!

    tradução perfeita para o amor companheiro que o tempo faz com que não deixemos, por ter já o molde do costume, carinho, admiração e respeito!

    adoreeeeeeeei!!! bjo

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  7. Tem coisas a que não se resiste, né?

    Escrever mesmo sabendo que não será lido [será?] é uma delas.

    Beijo doce Lua!

    PS:Cadê tu no twitter?

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  8. algumas das coisas que escrevo, a quem interessa, nunca leu, e nem vai ler.rs

    eu acho lindo o nome do teu blog

    "ela faz rimas, ele o café"

    lindo.

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  9. Parabéns a vocÊ que escreve tão lindamente. Bjão

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  10. rs

    Lu, obrigada pela preocupação, moça. Mas ela do texto não sou eu, viu? Fica tranqüila. =D

    Beijos doces

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  11. Ah, claro. Texto lindo o seu. Dá um aperto no coração, mas é um aperto bonito.

    =D

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