Quando novembro chegar

Ainda é agosto. Para alguns ainda, para outros já. Mas eu queria mesmo é que fosse novembro. Para ao som de Axl, contemplar a chuva de um quase verão e tantas coisas boas a chegar. Eu que nunca gostei de maio, eu que não gosto de setembro, tenho agora medo de novembro.

Logo eu que sempre o amei. Que a ele dediquei textos enormes, que fico aguardando sua chegada para ver o que me reserva. Logo eu que nasci em dezembro, fico esperando novembro chegar. Sem saber ao certo o que me traz. Já que julho, este sim, me surpreendeu. Julho me trouxe um emprego ótimo, um amor inesperado, um amor por mim, pela vida. Julho me trouxe de volta a mim.

Os ventos de julho me trouxeram à memória o meio abraço, a traição, e o sorriso ao lembrar de tudo isso sem sofrer. Julho me afagou o rosto, me trouxe à boca o gosto de um beijo de amor. Julho me trouxe a memória da palavra amor, cumplicidade, entrega, confiança. Julho foi e não levou nada, a não ser aquela pessoa triste que eu era há 6 meses atrás.



Agosto chega e me lembra Caio F.: “Para atravessar agosto ter um amor seria importante, mas se você não conseguiu, se a vida não deu, ou ele partiu - sem o menor pudor, invente um. Pode ser Natália Lage, Antônio Banderas, Sharon Stone, Robocop, o carteiro, a caixa do banco, o seu dentista. Remoto ou acessível, que você possa pensar nesse amor nas noites de agosto, viajar por ilhas do Pacífico Sul, Grécia, Cancún, ou Miami, ao gosto do freguês. Que se possa sonhar, isso é que conta, com mãos dadas, suspiros, juras, projetos, abraços no convés à luz da lua cheia, brilhos na costa ao longe. E beijos, muitos. Bem molhados.

Não lembrar dos que se foram, não desejar o que não se tem e talvez nem se terá, não discutir, nem vingar-se ou lamuriar-se, e temperar tudo isso com chás, de preferência ingleses (...) Mas para atravessar agosto, pensei agora, é preciso principalmente não se deter demais no tema. Mudar de assunto, digitar rápido o ponto final, sinto muito perdoe o mau jeito, assim, veja, bruto e seco.”

Agosto chega antecedido por reticências. Quando novembro chegar talvez seja para lembrar quanto julho foi bom, talvez para somente pôr um ponto final e começar um outro parágrafo.

Luana Gabriela
02/08/2010



"Cause nothing lasts forever

And we both know hearts can change...
But lovers always come

And lovers always go
An no one's really sure"
November Rain

5 marginálias:

  1. Que lindo! Novembro é mês que me faz chorar só com as lembranças e datas. Enfim, lindo o seu texto, e como sempre falo, Caio F. nos serve muito bem em quase todas as situações.

    Bjs

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  2. vou ficar daqui torcendo para novembro chegar trazendo bons ventos e um ótimo começo...

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  3. pOXA, ADOREI...
    eu geralmente adoro junho, férias chegando, correria pra entregar os trabalho. Ufa! Julho é frio e chuva...
    Arg...
    Agosto, pra mim é o pior dos meses...
    O frio nunca é bom!
    Se fosse bom, seria janeiro!
    (;
    Enfim... Eu adoooooro Dezembro e janeiro.
    É perfeito! é o maximo!
    (;

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  4. Novembro prá mim tem tom de bons ventos... espero também que chegue logo.
    Lindo texto, bjs

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  5. Fosse outro tempo, ficaria tentando entender esse jeito que tens de encontrar as palavras certas e fazê-las dançar no ritmo que lhe apetece. É doce, sublime.
    Belo e de um encanto quase tangível, como a luz da aurora ao atravessar um vitral. Algo assim.
    Admiro por demais a expressividade descomplicada dos teus textos.

    "Quando setembro vier" é um dos meus contos favoritos do Caio e o maior elogio que me sinto capaz de fazer é que teu texto me trouxe o mesmo sentimento que sempre me vem ao lê-lo: o de esperança, de valer a pena lançar um olhar doce sobre o mundo. Muito obrigado por isso.

    Um beijo, çao.

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