Nunca o amor


"Olha, senta aqui, não tá dando mais, acho que vou seguir um caminho diferente e mais fácil, não fala nada não, eu já me decidi." Gabito Nunes

Foi assim. Na verdade eu nem precisei sentar, estava deitada, numa quase madrugada e só ia te desejar boa noite, foi então que você escreveu em poucos caracteres que não dava mais: Vamos terminar logo. Que não era assim que você queria, que tudo agora está tão difícil pra você e pra mim, eu concordo.  Você termina, eu não discordo. Um fim assim silencioso, rápido, mas nem por isso indolor. Aquela noite foi escura em mim como nenhuma outra havia sido. Dormi pouco, mas acordei entendo que era assim que tinha de ser. Que nem tudo que é bom dura pra sempre, mas que por costume podemos deixar o mal perdurar: comodismo, que nada tem haver com amor.

Eu que já não sentia mais vontade de te ver, eu que já não te atendia, não te ligava e não te escrevia, eu que já não te contava nada sobre meus dias, continuei num silêncio absoluto, por meses até tentar falar com você pra gente quem sabe se entender.  Em resposta aos meus chamados, teu silêncio. Nem toda relação acaba em briga, muitas terminam em silêncio. Primeiro no meu, depois no seu. Não me arrependo, nem do meu silêncio inicial nem da minha tentativa final. Embora eu até hoje não saiba mesmo o porque te queria de volta, se há alguém, porque sempre há alguém, disposto a me dar o que você nunca quis: atenção.

Eu escolhi te amar, te dar uma chance, nos dar uma chance que você jogou fora. E eu, infantilmente, ignoro minha culpa e deixo de aprender com meus erros. Eu não quero aprender, eu quero um relacionamento maduro e isso só é possível com um homem maduro. Difícil quando eu não acho maturidade nem no meu pai. Eu vou levando, empurrando encontros pra outros dias, ignorando e-mails, mensagens e não atendendo telefonemas. Porque acho difícil. Porque aprendi a ceder, e vi que não valeu a pena. Porque reapreendi a dizer que amo, mas não acho que aquilo era amor. Porque acreditei num sorriso que se fechou em poucos meses, porque me senti protegida por mãos que digitaram palavras duras, porque eu esqueci da sua voz, que era o som mais bonito que eu tinha na memória.

Se eu me privo de coisas boas por isso? Claro que sim! Mas de real nessas relações, só as dores; de duradouras; só as mágoas, de eternas; as cicatrizes. Nunca o amor.

4 marginálias:

  1. Para o amor nem precisamos dar uma chance.
    Ele se instala.

    Parabéns pelo blog!

    http://www.ocotidianodecadadia.blogspot.com/

    Até.

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  2. "Em resposta aos meus chamados, teu silêncio."

    Você tirou da minha mente todas as coisas que eu quero dizer. Você descreveu absolutamente todo meu sentimento, minha dor e angustia. Me lembrou um texto do Caio Fernando... "quero receber de volta o que doei por tanto tempo" Só que no fim, só restava o silêncio.

    Beijo lu =*

    Ah, estou te seguindo no twitter ok? Beijo =*

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  3. é complicado quando a mulher é mais madura que o homem e o pior de tudo quando ele não dá o devido valor.
    É nessas horas que preciso de um principe William em minha vida? rs
    Ótimo texto, só quem tem mágoas consegue contar uma ótima história

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  4. É como dizem: "que seja bom enquanto dure". E como diria a música: "o para sempre, sempre acaba". E é o que eu tenho visto. Exatamente, por isso, não posso dizer o contrário. Mesmo que eu quisesse.

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