- neologismos -
Marginália de
Luana Gabriela
Amor é um neologismo dos sentimentos.
Algo que alguém inventou com base em outros. Assim como "xerocopiar" é neologismo de xerox. Amar é neologismo de paixão, sofrer, alegria, empolgação, tudo junto assim, ousou-se chamar de amor.
Sinto muito pela palavra. Nascer com base em outra é ter paternidade reconhecida no idioma e no coração. Quase como não poder mais desvencilhar-se da origem.
É senso comum.
Você sabe que está amando por que pensa o tempo todo nele.
Você sabe que está amando porque sofre a falta, o ciúme, a indecisão, a espera.
Você sabe que está amando porque sente alegria com o fim da falta, em imaginar o fim da espera.
Você sabe que está amando quando inventa palavras para descrever o que sente - tipo o desapaixonar usado no texto abaixo.
Se não for assim, diz o radical, não é amor.
Amar é ser um neologismo no mundo. Inventar uma nova pessoa. Inventar-se novamente. Mas não é de própósito que mudamos, nem é para agradar o outro, é simplesmente porque se consegue ser o que sempre quis só ao lado dele.
Amar é um fato que se transforma em texto poético, cheio de neologismos de fatos criados a partir de outros, de palavras inventadas, de um amor inventado.
Amor, desculpe -me, não sou assim tão criativa. Baseio meus textos no que sinto. No que vivo.
De fato sou jornalista, não linguísta, e sou ainda um pseudopoeta.
Linguístas não vivem só de palavras.
Assim como jornalistas não vivem só de fatos.
E os poetas não vivem só de amor.
Luana Gabriela
13/01/2009
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