Se essa rua, se essa rua fosse minha...

Não acredito em amor à distância. Muito menos numa distância não física, mas emocional. Amor é envolvimento. Que não se confunda com falta de privacidade. Não é preciso trocar as senhas – passo as minhas; ele as deles – é preciso trocar confidências. Não é preciso substituir amigos, mas talvez adiar compromissos. Não é preciso ligar de 15 em 15 minutos, mas uma mensagem de boa noite pode embalar um sonho a dois. Não sei amar sem ser criança e criança reivindica especialmente pelo choro, atenção e presença. Olho dois adultos namorando, sempre parecem adolescentes. Porque o amor é a melhor “tecnologia” anti-idade que conheço. A que se respeitar as faixas etárias, mas quero um amor que me permita ser criança. Para me lambuzar de doce, para que eu volte a fazer manha “Quero aquele”, e aquele ser ele. Amor distante só o de pai e amigos. Não sei explicar a diferença, mas talvez seja mesmo uma coisa mais física que emocional. Talvez alguns truques como perfume dele no travesseiro me ajudem a superar a distância, essa confortável distância que ele insiste em considerar amor maduro. Amor maduro só depois de 25 anos de casado e olhe lá. Conheço casais que estão juntos há 15 anos e ainda têm brigas por coisas tão bobas, mas também guardam o brilho no olhar como o dos pequenos ao visitar uma loja de brinquedos. Amor tem que ser divertido, o que não quer dizer que tem de ser brincadeira. Respeitemos o tempo. Tudo cresce, amadurece. Mas não tem de endurecer. Não consigo. Confesso. Ou amoleço o coração e me permito amar com a irresponsabilidade pura da criança ou endureço e perco a ternura. Um frio. O Sol se escondeu. O calor das mãos dele não pode derreter o gelo que aqui dentro está. Porque essa substância dura e gelada, não é gelo para derreter, é concreto. Para derrubá-lo é preciso bater e isso dói. Não sei se quero me livrar; não sei se vale a pena. Esse medo todo é prova da minha maturidade. Afinal, criança não é covarde até que se machuca, fica roxa e cheia de cicatriz.



Luana Gabriela
05/08/2010

9 marginálias:

  1. É que tem certas crianças que demoram mais a aprender... talvez pq o gosto do doce seja coisa que faça todo o resto valer a pena.

    Beijo doce guria!

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  2. Vale muito a pena amadurecer, desde que não se perca a criança que existe em nós.

    bjs, lindo texto!

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  3. Lu,
    começou tão lindo e tocante, que fui lendo com riso nos lábios por concordar contigo. Isso, do amor ser criança, ser divertido, ser doce lembuzado, ser presença. Toque.

    E me doeu demais as linhas finais. Odeios quando TEMOS que amadurecer, mesmo sem querer isso. Ou quando nos tornamos fortes demais, nos trancamos em armaduras com chaves demais e nos perdemos dentro de nós mesmos, trancafiando o amor, e tudo que há de bonito nele, do lado de fora.


    Boa sexta, bonita.

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  4. Talvez um dia a gente aprenda a balancear amor com amadurecimento, ser adulto com ser feliz, ser criança com crescimento... Não sei. Eu espero que sim.

    Lindo texto.

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  5. Acredito que o amor pode superar a distância física, mas não a emocional. É preciso uma dose de equilíbrio, ser criança e adulto, mas nunca careta e rígido.

    É preciso ser, só isso.

    Muito bom o teu texto, Lu.
    Beijo!

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  6. "Amor tem que ser divertido, o que não quer dizer que tem de ser brincadeira." concordo em gênero, número e grau!
    e também não acredito em amor à distância.
    bjo

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  7. Perdoa a invasão, mas fiquei mesmo rendida ao teu texto e no final...ao teu blogue. Parabéns!

    Continua.Volto sempre. :) *

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  8. as pessoas tem mania de confundir amor e relacionamento com falta de liberdade e excesso de 'adulticídio'.

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  9. Texto simplesmente maravilhoso *-*
    realmente amar é complicado, ainda mais quando se está longe :/
    seguindo

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